Capítulo 3

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 A campainha tocava sem parar e mesmo com o travesseiro e a coberta sobre ele, ainda conseguia ouvir.  A dor de cabeça causada pelo choro só piorava pelo som estridente que ecoava em sua casa.

Tirou os cobertores de cima de si num movimento brusco e andou até a porta, queria muito ter um olho mágico para se preparar caso fosse seus pais. 

Imaginava que sua aparência deveria estar péssima e os olhos vermelhos e inchados.

Respirou fundo e abriu, a morena parecia irritada, mas ao vê-lo correu para abraçá-lo.

— O que aconteceu com você? O Shikamaru me ligou dizendo que não conseguia falar com você e eu também liguei e nada de você atender. O que houve? Por que estava chorando? – Ela disse tudo de uma vez fazendo Naruto abrir um pequeno sorriso, mas em seguida as lágrimas vieram de novo.

— Eu fui no hospital, Hina... Ele me disse que sou ômega. – Disse entre as lágrimas.

— Mas como? – Ela pareceu chocada.

— Eu não sei, esse cheiro não vai mais sair de mim. Você entende? Também disse que meu útero é bom... Eu não quero engravidar, nem ter cios. – Soluçou. Estava apavorado e se alguém o mordesse?

— Está tudo bem. – Abraçou ele mais forte tentando consolá-lo.

— N-não está nada bem, Hina. Você não entende... – Ele não queria nada daquilo, seria complicações de mais para sua vida.

— Eu sou ômega, então eu te entendo sim! Não é o fim do mundo, não é tão ruim assim... – Ela acariciou os fios loiros e limpou as lágrimas que escorriam. – Eu vou te ajudar, okay? – Ela selou os lábios dele num gesto carinhoso e até soltou um pouco de seus feromônios. Estar na presença dela deixava Naruto mais tranquilo. 

— Okay... – Disse um pouco mais calmo.

— Sabia que seu chefe me ligou? Ele estranhou sua falta e perguntou se você estava bem. – Ela fazia carinho na cabeça do mais velho.

— Me esqueci disso... – Respondeu desanimado.

— Naruto, não importa se você é ômega, alfa ou beta. Todos que te amam vão te apoiar, okay? Você não tá sozinho, agora vá tomar um banho que vou fazer algo pra comer. – Ela o levou até o banheiro e foi para a cozinha.

Mesmo que ela tivesse razão sobre as pessoas o aceitarem, ele não conseguia colocar a ideia em sua cabeça. De que forma isso seria bom pra ele? Como ficaria todas suas relações? Começariam a tratá-lo como algo delicado ou como se ele precisasse de proteção? Ele precisaria de proteção? Seu corpo mudaria?

Deixou a banheira de lado e tomou uma ducha gelada, os pelos se arrepiaram e ele abraçou seu corpo. Como seriam as coisas agora? Ainda precisava voltar ao hospital para fazer o restante dos exames. 

Se enrolou na toalha e se olhou no espelho, as olheiras escuras embaixo dos olhos contrastavam com sua pele, o brilho havia sumido. Os olhos tristes e inchados completavam o seu visual de fundo do poço.

Sentiu o cheiro da comida enquanto se trocava no quarto, mas mesmo que estivesse com fome, sua vontade de comer estava quase nula.

Esperou sentado na mesa enquanto Hinata preparava algo que não sabia dizer o que era e, não tinha a mínima curiosidade de se levantar para saber o que ela cozinhava. 

Depois de ser servido ficou cutucando a comida a sua frente sem vontade, mas acabou por colocar uma colher na boca. 

— Você não tem que trabalhar hoje? – Se lembrou do dia e a morena também trabalhava durante a semana.

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