Capítulo 8

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O clima no carro era o mais estranho possível. O silêncio pesava de maneira perturbadora, eles tinham muito que conversar, muito mesmo e Naruto apenas esperou que eles estivessem dentro de casa para despejar tudo que sua mente inquieta formulou durante todo o caminho.

 — Não entendo, nunca escondeu nada de mim, então por que agora? – Jogou a chaves do carro sobre a mesa de centro e permaneceu em pé encarando a baixinha.

— Eu não estava escondendo... Só não tive coragem de contar. – Ela estava mantendo o olhar baixo. 

— Eu chamo isso de esconder. – Sorriu sem humor.

— Eu ia te contar, eu juro.

— Claro que ia, quando ele aparecesse aqui na porta da minha casa procurando por você? Ou melhor, quando eu acidentalmente flagrasse os dois aos beijos? – Seu tom de voz era cortante, estava magoado e era bem perceptível. 

— Eu não consigo controlar isso, está bem? Somos como uma espécie de imã... É puro extinto, você não entende... Somos destinados, eu tenho certeza disso, mesmo que me doa muito amar alguém que tenha feito coisas ruins comigo e que tenha abandonado nossa ligação como se não fosse nada... – As bochechas dela estavam vermelhas e seu olhar agora estava duro e ele podia ver, ela também estava chateada.

— Claro, eu não entendo. Sou um beta, afinal, na verdade, nem isso eu sou. Talvez apenas um ômega defeituoso? Eu não sinto nada disso e nem tenho esse tipo de parceiro destinado, não é? – Disse em tom de desdém. – Sabe de uma coisa, Hina? Eu estou me sentindo bêbado demais para uma conversa dessas. Fica a vontade, você conhece a casa muito bem... Vou dormir no quarto de hóspedes. – Disse derrotado, sua parte racional estava gritando como alerta de que a continuação dessa discussão não seria a mais bonita do mundo. 

Virou-se e andou em direção à porta ao lado de seu quarto. Ficou feliz por não ser seguido. Queria muito terminar aquela conversa e saber todos os motivos, mas não queria que isso acabasse em conflito, mesmo que seus sentimentos feridos insistissem que um confronto seria a melhor opção, sabia que no fundo do fundo era desnecessário. Era adulto, ou pelo menos tentava agir como um.

Chutou os sapatos para o lado e se jogou na cama fofinha aspirando o cheiro floral que desprendia do edredom limpo.

Mesmo estando confortável e quentinho, não conseguia dormir. Sua mente estava a mil e ainda sentia-se um pouco tonto. Essa tontura não vinha só pelas bebidas que ingeriu, mas por ainda sentir o peso do que fez, o peso de beijar Sasuke e gostar mais do que deveria. Era imoral o quanto se sentia atraído por ele e mesmo que tentasse fugir de todas as formas, nunca se sentiu tão atraído assim em todos esses anos.

Rolou na cama tentando livrar-se desses pensamentos, mas ainda podia sentir o cheiro dele em suas roupas. Cogitou a possibilidade de tomar um banho e se livrar delas, mas não queria. Então apenas se enrolou mais no edredom respirando fundo o cheiro viciante e perigoso que o alfa possuía. O foi assim que embalou num sono profundo.

...

A vibração e o barulho irritante do celular o tiraram de seu sono gostoso. Queria muito ignorar, mas depois de olhar para o visor e ver que a foto de seu pai piscava na tela, respirou fundo e atendeu.

— Eu sei que devo estar ligando um pouco cedo demais, antes que reclame.

— Bom dia, pai... – Resmungou. 

— Parece que te acordei mesmo. – Ele riu abafado do outro lado da linha. – Me desculpe, eu tinha que te ligar antes de ir para o hospital.

— Aconteceu alguma coisa? – Ficou um pouco mais desperto com receio de que algo tivesse acontecido.

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