13. pratos limpos;

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Louisa

Ele está mentindo pra mim. Eu não posso acreditar. — é tudo o que consigo repetir em minha mente vez após vez. Algo sempre me disse isso, e eu tinha tantas dúvidas quanto a Daniel... Mas todas elas foram dispersas quando o vi tão vulnerável na noite passada. Eu o enxerguei; vi sua dor e a identifiquei com a minha. Mas não foi o suficiente.

Não foi o suficiente para que ele fosse honesto comigo e me dissesse tudo aquilo que realmente importa. A aflição que estou sentindo está a ponto de me consumir, então decido fazer uma faxina. Isso sempre me acalmou.

Começo pela sala, arrastando e trocando todos os móveis de lugar. Então vou para os quartos, evitando o meu e aquele celular maldito, depois limpo os banheiros e já são 4pm quando decido limpar a cozinha. Não tive fome. Meu estomago parece querer sair do meu corpo junto ao meu coração, ambos estão agitados e fragilizados.

Limpo todos os armários e encontro muitos utensílios e pratos empoeirados, retiro-os a fim de lava-los. Lavo um de cada vez me demorando deliberadamente em cada um. Preciso me concentrar em algo.

Estou no quinto prato quando escuto a porta abrir.

Respiro fundo.

— Ei, pequena. — ouço sua voz e a movimentação em meu estomago aumenta gradativamente, porém não o respondo. — Louisa?

Ele insiste enquanto escuto o barulho de algo sendo jogado no sofá, provavelmente seu terno.

— Ei, garotinha. Você parece tão concentrada no que faz. — ele tenta mais uma vez. — Está me assustando.

— No criado-mudo. — limito-me a dizer, ainda sem me virar.

— O que? — ele pergunta confuso.

— O seu celular. — digo ainda ensaboado um prato.

— Lou, eu não estou entendendo.

— Vai buscar a merda do seu celular. ­— digo tentando controlar minhas lágrimas que gritam para cair.

Ouço passos caminharem em direção ao corredor e um xingamento baixinho. Alguns minutos ouço-o retornar e então me viro para olha-lo.

— Leia as mensagens. — eu digo contida.

— Louisa, eu não sei o que você está pensando, mas deixe-me explicar. – ele tenta se aproximar.

— Leia a droga das mensagens, Daniel! — eu grito assustando tanto a mim quanto ele. — em voz alta.

— E-eu... Eu não vou fazer isso. — ele me encara.

— Leia as mensagens. — eu insisto apertando o balcão com força.

Por favor, leia-as. Me prove que não está me escondendo nada — eu suplico mentalmente.

— Querida, vamos conversar, por favor... — ele pede suplicante.

— O que eu vou "descobrir da pior maneira"? — pergunto encarando-o — não ouse mentir para mim. De novo.

— Acho que não é o momento para conversarmos. Você muito alterada, e o médico disse que...

— Se você não me contar, eu saio por aquela porta agora. — respiro fundo — e você nunca mais vai me ver.

— Tudo bem. Eu conto. — ele diz cauteloso — mas, por favor tenta se acalmar. — diz dando um passo em minha direção.

— Para de me enrolar, Daniel! — grito descontrolada— eu não vou sair daqui até que você tenha me dito toda a verdade. E não ouse tentar me...

Não Se Esqueça De MimOnde histórias criam vida. Descubra agora