Brenda:
Hoje era pra ser só mais um dia comum, mas não está sendo, são exatas 04:00 e ainda não dormi, daqui a 3h tenho que levantar e me arrumar para ir à escola, talvez seja pelo fato de que hoje completo 16 anos, quem diria que passou tão rápido. Quando tinha 15 anos mudei para São Paulo, capital, uma nova chance para mim que vivia no interior do estado e vim estudar aqui.
— Brenda o café ta pronto. – Isabela tentava me acordar. Tentativa falha.
Isabela é minha melhor amiga, ela era minha vizinha, mas pelo infortuno da vida a família dela se mudou para SP. Em 2016 ganhei uma vaga na EJE (Escola para Jovens Engenheiros) e precisei me mudar para a casa da família Collins, um ano depois Isabela foi morar só e eu fui com ela, apesar da diferença de idade (4 anos) Isa e eu nunca substituímos a outra.
— Só mais 5 minutos!! – Eu falei enquanto a cama me puxava pra si.
— Tudo bem, a não ser que você queira se atrasar, já são 07:15!! – sarcástica como sempre.
Me levantei em um pulo, acredito que me arrumei em menos de 15 minutos. Quando cheguei na cozinha Isabela estava fissurada na televisão, o que era estranho porquê ela assistia a uma entrevista e ela nunca vê entrevistas.
— O que é? – perguntei me aproximando da cadeira dela.
— Uma doutora afirma ter descoberto a cura para o Alzheimer.
A medica falou que a cura consistia em um vírus modificado com origem da raiva, isso deixou Isabela estranhamente agitada, ela não parava de andar de um lado para o outro.
— O que foi Isa?
— Isso não está certo. – Fiz uma cara de quem não entendeu nada e ela me explicou – teoricamente não há como modificar o vírus da raiva, isso não cheira bem.
— Como assim? Parece incrível.
— Calma, preciso fazer uma ligação antes de te explicar.
Enquanto eu colocava o café Isa falava com algum amigo dela, 3 minutos depois ela desligou o telefone e sentou em estado de êxtase.
— Pode me explicar agora?
— A pesquisa começou na Angola, 3 anos atrás – ela respirou fundo - o país está em quarentena.
— Quarentena? – eu sabia o que significava quarentena só não queria acreditar no que estava acontecendo.
— Houve um surto de raiva, as pessoas estão descontroladas e o vírus está se espalhando. E agora ela quer fazer a pesquisa no Brasil – falou apontando para a televisão. – Acho que estamos próximos a o que seria um Apocalipse Zumbi.
— Que? – eu ria do que ela me falava – Você é estudante de medicina, não devia acreditar nisso.
— Por isso mesmo. PARA DE RIR, EU NÃO ESTOU BRINCANDO – ela gritou, nunca a tinha visto assim – Precisamos nos proteger, em menos de um ano a epidemia vai começar. Acho que você vai ter que faltar hoje
— Ainda não acredito nisso, as pessoas vão nos chamar de loucas.
— Sabe com quem eu estava no telefone? Com um amigo que trabalha na Academia de Ciências dos EUA, ele disse que não se fala outra coisa por lá, mandou nos proteger e disse que o Pentágono vai tentar acabar sigilosamente com isso. Tudo bem ser chamada de louca e sair viva.
Eu não sabia o que dizer, certamente ela estava falando a verdade, eu comecei a ficar com medo, que ótimo presente de aniversário. Isabela estava vasculhando as coisas em busca de um jeito de tornar a casa apta para resistir a epidemia. Ela começou a chorar, eu tentava acalmá-la, mas não conseguia.
— Não tem como!! A casa não pode ser modificada.
— Isabela Collins pare de chorar agora, nós vamos conseguir.
Enquanto Isabela quebrava a cabeça para conseguir não apenas se salvar, mas salvar quem pudesse, eu me lembrei do meu projeto que possibilitou a bolsa na EJE. O projeto consistia em uma casa, bem grande por sinal, apta para resistir a uma guerra, até mesmo uma guerra nuclear.
— ISAAAAAAAAA – gritei chamando a atenção dela
— Oi? - ela quando viu o projeto ficou sem entender – o seu projeto da EJE?
Ela pirou quando eu expliquei do que se tratava, o problema mesmo era encontrar alguém que fizesse uma casa daquele modelo e com capacidade de 50 pessoas. O Projeto teria 10 quartos, 5 banheiros, uma sala de controle, cozinha, sala, um porão de comunicação, um lugar para armazenar comida e uma garagem em que coubesse até 3 caminhões, o que seriam 6 carros. As paredes da casa seriam feitas com Tungstênio (mesmo material utilizado para fabricar foguetes) e seria revestida de tijolos normais.
— Como vamos construir isso? – perguntei a ela sem esperança
— É um projeto bem complexo, mas eu tenho meus contatos – ela foi em direção ao telefone, mas parou no caminho e veio em minha direção – Feliz aniversário, indiazinha – falou baixo enquanto me abraçava. Ela me chamava de indiazinha por causa do meu cabelo preto liso e minha pele morena.
E pensar que meu 16º aniversário seria um dia tão complexo assim, pelo menos eu teria o meu projeto realmente feito, o que vai acontecer será muito triste, mas "obrigado Deus por mais um dia".
— NÃO TEMOS TANTO TEMPO!! – escutei Isabela gritando com alguém no telefone.
Eu comecei a me desesperar, como eu traria minha família, como salvaria as pessoas, eu não sabia fazer nada, não sabia lutar, nem pegar numa arma...
— Aonde vamos? – Perguntei a Isa, tentando entender o que estava acontecendo, Além do fato de que provavelmente a raça humana seja extinta.
—A construção da casa começará amanhã, em Cachoeira Grande, não vou contar como consegui, pelo menos não agora, mas você e eu estamos indo para um lugar onde você vai aprender a lutar e atirar, só que primeiro você precisa aprender a dirigir, então você vai nos levar.
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OS ÚLTIMOS SOBREVIVENTES
Narrativa generaleBrenda era só mais uma garota normal, com problemas normais. Mas sua vida mudou completamente de rumo ao sua melhor amiga (Isabela) perceber que estavam se deparando com um apocalipse zumbi. Quanto mais a epidemia se aproximava, elas precisam encont...