capítulo 5

117 15 23
                                    

As palavras podem ser prantos.

Eu estava aprendendo mais uma lição para preencher nas páginas do meu diário da vida.

Mais um momento especial para minha coleção de momentos.

Ele estava certo.
Eu era forte.

— Eu sei o quanto você se preocupa comigo, Quero que você saiba, eu sou feliz de todas as maneiras. Sou feliz e também sou triste, é possível certo?

— Sim. – papai sorri

— E minha felicidade maior é ter um pai, que sabe me compreender. Você já fez tudo por mim, agora minha maneira de retribuir de alguma forma.

— Não precisa disso. – negou fazendo gestos com as mãos.

— Deve haver alguma coisa... não sei o que. Mas irei pensar ok? – ele concorda com a cabeça, mas pela sua expressão no rosto é de negação. - Que tal, eu fazer o jantar de hoje hum?

...

Naquela semana, quando voltamos para a cidade mais uma vez fui chamado pelos médicos.

Passei grande parte da minha vida em hospitais. As vezes, me senti como um camundongo de laboratório, sendo estudado.
Mas nenhum médico ou pesquisador, jamais trouxe respostas do que eu tenho. Nem mesmo se era possível tratamento.

Eu coloquei na minha cabeça, que era a última vez que eu concordei a voltar naquele hospital. Isso já ficou saturado há muito tempo.

Há muito tempo também parei de procurar amigos. No fundo eu acreditava naquela história das joaninhas, que papai me contava quando eu era criança.

" Havia uma garota que amava joaninhas, mesmo sendo que nunca tinha visto uma. Certo dia, a menininha estava brincando com a terra no jardim, procurando por joaninhas. Mas nunca achava elas. Ela cansou de procurar e dormiu ali mesmo, quando acordou havia várias joaninhas voando em volta das plantas, e começou a brincar com elas pousando em seu dedo.
Moral: deixe as coisas boas chegarem até você, nunca às procure"

Eu sempre me relacionei a menininha, fosse eu, e a Joaninha fosse meus amigos. Talvez eu ainda tivesse que descobrir alguns segredos, sobre mim mesmo.

Queria um amigo, alguém me aceitasse do jeito que eu era.
Queria dividir coleções de momentos felizes juntos.

Naquela mistura de emoção, e paranóias, houve um dia que eu queria ir a fundo na história da mamãe.

Papai era dividido, sobre o que sentia em relação a falar sobre esse assunto comigo e a respeito dela. Por outro lado, ele sempre fez questão que eu soubesse o que aconteceu no dia que eu vim ao mundo. Por outro ele se recusava a falar sobre ela a muito tempo.
Contava o necessário, mas não ia fundo nas memórias.

Para ele era doloroso lembrar das melhores memórias que ele teve com ela, e hoje ela não está aqui mais.

Ele não se arriscava a falar.

Porém, eu não sou bobo nem nada, bem curioso o mesmo de sempre, insisti.

Insisti mesmo, parecendo aquelas vizinhas fofoqueiras.

Eu senti, que já era hora de saber a história completa sobre minha mãe. Eu já estava grande o suficiente para entender e esclarecer as coisas.

— foram meus espinhos, não foi? – perguntei nervoso da resposta.

Ele respirou profundamente sem tirar os olhos da tv.

— sim, foram filho.

— E como exatamente aconteceu isso ? Foi minha... minha pele, meu veneno?

altruísmo • jikook [ HIATUS ]Onde histórias criam vida. Descubra agora