Running For You (REESCREVENDO)

06 - Coming undone

Continuo aguentando firme, enquanto meu cérebro faz tique-taque feito uma bomba.

Korn

Park Jimin ficava com um humor terrível quando não conseguia dormir.

Na noite passada, sua mente atormentada impediu-o das oito horas diárias de descanso noturno, os lençóis de linho egípcio e a cama King Size não lhes trouxeram o conforto e comodidade de sempre,  seus pensamentos estavam tão agitados que o impediam de ir para os braços de Morfeu.

As palavras cruas e ásperas do pai o afetaram mais do que imaginava que fosse possível.

Porém, nunca admitiria isso a si.

Concluiu que era manhã ao observar os raios fracos que transpassavam a cortina branca, não fazia ideia do horário, mas como seu despertador não havia tocado, isso não era uma preocupação.

Preguiçosamente, alcançou seu celular que estava na cabeceira da cama. Várias notificações de Taehyung estavam à vista na tela de bloqueio, cinco ligações perdidas e muitas mensagens que Jimin leria depois, ainda eram 05:30 da manhã.

Com certeza não iria adiantar de nada ficar esperando o tempo passar, decidiu então levantar-se e preparar um banho de banheira, havia tempo de sobra até o horário que geralmente levantava, e quem sabe com um banho relaxante seu humor ficasse no mínimo aceitável para passar o dia.

Mal havia acordado, e já ansiava para a chegada da noite, para poder retomar suas preciosas horas de sono.

Espreguiçou-se, ainda na cama, ouvindo as juntas de seu corpo emitirem estalos com o movimento. Foi a passos arrastados até seu banheiro, preparando a banheira com toda a calma possível, não esquecendo, claro, de ligar o sistema de som ambiente, escolhendo nada menos que a Marcha Fúnebre de Chopin para lhe fazer companhia.

A melodia perfeita para expressar seu estado de espírito.

Retirou seu pijama e adentrou na água borbulhante, ficando submerso nela até a ponta do nariz. Seus olhos estavam distantes, e sua mente, vazia, enquanto sentia os acordes tristes do piano reverberando por seus ouvidos.

Ficou parado por vários minutos em uma posição encolhida, até que, aos poucos, o efeito relaxante da água quente começou a fazer efeito sobre seu corpo, amenizando sua tensão e desanuviando os pensamentos embaralhados.

"O que está havendo com você? Não tem o direito de se abalar por aquele homem."

Repetia essa frase a si mesmo como um mantra. "Aquele homem", seu pai, não era digno de conseguir abalá-lo, Jimin não podia se deixar levar por umas palavras toscas, ele não era assim, ele era maior do que isso, ele era melhor do que isso.

Bastava de ficar remoendo palavras inúteis, aquilo não o levaria a lugar algum.

Enquanto sua mente convencia-se daquele pensamento, sua alma e coração somente se afundavam num nível ainda maior de dor e angústia.

A palavra de um pai sempre seria a palavra de um pai.

Querendo ou não, um filho sempre irá importar-se com elas.

🔧

Quando finalmente terminou seu banho, a pele de Jimin encontrava-se vermelha em decorrência do grande período de tempo embaixo da água absurdamente quente, porém, aquele momento sozinho com certeza deixou seus pensamentos mais "estáveis" e com o semblante seguro ─ arrogante e superior ─ como de praxe.

Ainda era cedo, então quando foi tomar seu café da manhã, já devidamente preparado para o colégio, não se surpreendeu ao encontrar sua mãe realizando a refeição.