Capítulo 3 - Quem Não Deve, Não Teme E Ainda Sai Ganhando

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Jongin estacionou o carro no estacionamento do seu prédio e viu que Kyungsoo nada comentou. O mais velho estava se mantendo calado desde que Baekhyun tinha saído do veículo e Jongin, ao mesmo tempo que queria quebrar o silêncio, preferia preservá—lo, pois estava pronto para bombardear Kyungsoo em seu apartamento.

Caminharam até o elevador e quando a porta metálica se abriu, os deixando no andar do Kim, saíram cautelosos. Estavam um pouco paranoicos sobre serem perseguidos, mas sabiam que se estivessem, já teriam percebido. Tinha um sexto sentido para tais situações, todavia, ainda se mantinham com o dobro de atenção.

Jongin abriu a porta do apartamento e adentrou, Kyungsoo o seguiu em seguia e fechou a porta. O silêncio era quase que sepulcral, de tão pesado e intenso. Os dois se encararam e ninguém dizia absolutamente nada, até Jongin explodir.

—O QUE PORRAS VOCÊ TINHA NA CABEÇA?! — gritou o moreno.

—A última porra que engoli foi a sua. — Kyungsoo retrucou e Jongin deu um passo à frente, com a intenção de dar uma porrada naquela carinha bonita e debochada, mas decidiu recuar. Não iria cair na língua afiada do Do.

—Quando te estoquei forte, acho que mexeu com seu cérebro e te fez esquecer que não se pode invadir um covil sem a PORRA DE UMA ARMA! — se descontrolou na última sentença, fazendo Kyungsoo arregalar os olhos ao se dar conta do que afligia o Kim. O Do achou que fossem brigar pela maneira que agiu no carro, já que os dois que deixaram para trás eram amigos de Jongin e Kyungsoo apenas alguém que o estava ajudando com um caso, todavia, agora entendia o que incomodava tanto o policial. Um sentimento estranho se apossou em seu peito, porque nunca esperou que no mar de tanta gente o querendo morto, alguém iria se preocupar se ainda permanecia vivo.

—E você queria que eu pedisse pra um policial emprestar a arma dele pra um civil? — Kyungsoo questionou, dessa vez não usando nenhum tom soberbo, apenas um tom normal de conversa, fazendo Jongin o olhar incrédulo. O Kim realmente não sabia lidar com a mudança de facetas que aquele agente tinha.

—O que você quer dizer com isso? Civil? Você é um agente federal, porra! — retrucou. Tinha chegado à conclusão que Kyungsoo só poderia estar zombando de sua inteligência, como fazia frequentemente.

—Eu era um agente federal. — Kyungsoo o corrigiu, dando ênfase ao verbo ser no passado, e caminhou até o sofá, sentando—se no mesmo e sentindo todo o cansaço cobrar o descanso. — Eu não apresentei relatório nenhum aos meus superiores e discuti com eles, alegando que o tempo era curto demais pra dar um posicionamento, além de afirmar que eles estavam burlando as regras e pedindo uma posição em menos tempo do que três semanas. Quando um agente é designado a...

—Meu avô já explicou. — Jongin se apressou a esclarecer, pois queria ir direto ao ponto.

—Melhor assim, menos coisa pra explicar. De qualquer forma, eu discuti com eles e por estarmos em um período em que todos desconfiam de todos, eles estavam desconfiando de mim. — riu sem humor. — Como se o coronel Gayo não fosse o maior traíra que poderíamos conhecer e meu chefe não fosse o que pretende acabar comigo. — desabafou sarcástico.

—Coronel Gayo? O coronel do exército? — Jongin questionou surpreso.

—Ele mesmo. — Kyungsoo confirmou. — Acontece que em um outro trabalho que tive, precisei ir até o exército e investigar as coisas por lá. Enquanto eu investigava, descobri algumas coisas um tanto curiosas e uma delas tinha relação com o coronel. Eu estava chegando bem perto do que quer que ele estivesse envolvido, mas como consegui descobrir o que fui designado, precisei me retirar. Entretanto, é claro que não deixei de investigar por fora e claro também que o coronel tomou conhecimento do que eu fazia. Nós já nos encontramos muitas vezes, inclusive, na primeira vez que nos conhecemos, ele exigiu que eu mostrasse submissão a ele. Claro que não fiz, onde já se viu? — mostrou—se indignado. — Não sou os soldados dele pra mandar em mim e tenho um cargo tão alto quanto o dele, não iria me dispor a tal. Ele me odiou e me odeia, assim como o chefe da minha jurisdição. Eu percebi que muitas pessoas ficavam insatisfeitas a cada caso que eu resolvia e com as minhas promoções e medalhas de honra. — contou e fechou os olhos, se recostando no sofá. Sentia—se exausto. — Comecei a achar estranho que implicassem com meus casos resolvidos, então passei a perceber que muitos dos meus colegas não eram importunados como eu e que suas investigações não eram tão grandiosas como as minhas. Descobri que isso se devia a minha fama como o pupilo do Capitão Kim e pelo Governador do Estado reconhecer minhas habilidades. Ao que parece, o Capitão Kim e seu braço direito de Suncheon, são grandes amigos do atual Governador e por isso nunca pouparam elogios às minhas habilidades. O Governador está lutando pra limpar a escória que está no poder, por isso precisa de pessoas de confiança para trabalharem ao seu lado. O Capitão Kim e seu braço direito são uma dessas pessoas e eu me tornei uma delas sem saber, fui um agregado apenas. Na minha primeira missão de extrema importância, onde eu estava sozinho, me saí muito bem prendendo um senador e foi assim que ganhei o interesse do Governador. Eu não sabia, apenas agi fazendo meu trabalho, entende? Desde aquela época, sempre sou designado a desmascarar grandões por ordens do Governador, sem que eu soubesse, como foi com o senador, o caso no exército e entre outros. Sem perceber, eu fui ajudando a limpar a escória e me tornei um alvo, porque estava começando a chegar longe demais. Minha língua afiada, meu jeito frio e minha sagacidade começaram a incomodar além do necessário. — relatou e Jongin só conseguia ficar ainda mais surpreso com tudo, afinal, não esperava tamanha magnitude. Mas Jongin sentia um certo orgulho, acompanhado de preocupação e admiração, por Kyungsoo ser alguém tão cheio de caráter.

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