Introdução

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Prólogo: 

Agosto. A cidade estava calma numa estranha noite fria, quase sem vestígios de outras pessoas. As lojas já haviam fechado. Os meus passos aceleravam a cada vez que deitava o olho ao relógio.

-Não vou chegar a tempo! -disse em voz baixa.

Nenhuma montra prendia o meu olhar, determinando o meu objetivo de apanhar o autocarro para casa. Cruzei a rua que ia dar a um pequeno atalho e a única sensação que me ocupou a mente por instantes foi que havia menos gente que o costume, gente que tinha na sua pele flácida e desnutrida, sujidade, a esticar a mão à espera de uma moeda, ou de um pedaço de pão que, para mim, seria insignificante. Continuei a caminhar a um passo mais lento, fazendo o costume - ignorar.

Não durou muito tempo quando fixei o meu olhar na escuridão que me rodeava, e parei. Uma vaga imagem me percorreu o pensamento. Vi-me na necessidade de recuar meros passos. Não seria normal ver alguém que aparentava a minha idade nesta rua. Coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha e pressionei os lábios. Prendi o meu olhar no rapaz, que olhava em frente, sentado. A cada tentativa de lhe dirigir uma palavra solidária, a minha voz parecia sumir, o que dificultou a minha intenção de o ajudar.

-Precisas de ajuda? -perguntei.

O rapaz levantou a cabeça, os seus olhos encontraram os meus. Este não era o tipo de situação que me agradava, no entanto, senti que seria de bom censo tentar ajudar, mesmo que fosse rejeitada. Fitou-me com firmeza. Pareceu-me que tinha uma espécie de desgosto nos olhos esverdeados que me encantavam e assustavam simultaneamente. Esboçou um pequeno sorriso e passou a sua mão pelos seus cabelos, fracos e secos, que, visivelmente, não ganhavam brilho nem na presença dos mais fortes raios de sol de uma tarde de Agosto.

Come Home "Volta para casa" - Harry StylesOnde histórias criam vida. Descubra agora