O começo

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Perto das colinas é onde eu vivo, é bem distante do centro da cidade, e mesmo no verão, faz frio. Estou acostumada a este lugar, mas não quero passar o resto da minha vida nele, Hazard está longe de fazer alguém feliz, todas as pessoas dessa cidade parecem distantes e tristes, nos 14 anos da minha vida aqui, eu percebo isso nitidamente.Falta a luz do sol, falta alegria,falta amor. Mas não quer dizer que não existam pessoas legais e de bem.
Está no início de 1992 e eu sinto que esse ano vai ser épico, pelo menos é o que eu espero que seja. Mas enfim, comprei uma bicicleta semana passada, pra facilitar a minha vida, como a minha casa é longe de tudo, agora vai ficar mais fácil de ir nos lugares. Antes eu tinha que caminhar 45 minutos pra ir ao mercado, e pra ir a escola eu levava 1hora e meia mais ou menos, o que acabava comigo, sempre chegava suando e as pessoas me olhavam com cara de nojo, mas agora isso vai mudar,com a bike eu pretendo diminuir esse tempo pela metade.
Aqui em casa somos só eu e minha mãe, meu pai faleceu quando eu tinha nove anos, minha mãe na época me disse que ele estava doente e a doença o matou. Porém nunca soube que doença era essa e nunca me dei ao trabalho de perguntar, pois sei que esse assunto abala demais a minha mãe. Quando ele faleceu o casamento dos dois já não estava legal, entre sete dias na semana, quatro eles brigavam, eu me lembro vagamente de uma vez que eles estavam discutindo, e a minha mãe chorava e gritava andando pra lá e pra cá na sala dizendo que meu pai estava traindo ela, com a secretaria da delegacia - meu pai era um policial renomado - naquele momento eu não entendi muito bem, apesar de ser uma criança, eu sabia o que era traição, mas eu pensava que às pessoas traiam por que achavam seus parceiros feios, e a minha mãe não era nem um pouco feia. Na época, mesmo ela sendo casada, muitos homens olhavam ela com outros olhos. Minha mãe era loira, alta, magra, mas não muito, parecia uma modelo, seus olhos eram de um verde escuro, mas de muito brilho, e as suas sobrancelhas não eram finas, mas grossas e delineadas, seu olhar era muito marcante,e apesar de Hazard ser uma cidade de cores frias e sem graça, a minha mãe sempre vestia-se de cores quentes, vermelho, amarelo,laranja,rosa,branco, azul claro, é varias outras,nessa época ela chamava muito atenção e mesmo assim foi traída.
Hoje em dia ela está totalmente diferente, após a morte do meu pai, ela ficou igual a cidade, triste, seu semblante é de uma mulher sofrida, seu corpo ainda é magro,mas parece fraco. Ela mal sai de casa, não é mais a Estela dê antigamente. Por isso, sou eu quem faz quase tudo, quem vai ao mercado, padaria, lojas etc, e graças a Deus eu consegui uma bicicleta.

HAZARDOnde histórias criam vida. Descubra agora