Verão 90

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- JULIAAAA, acorda preguiçosa, só sabe dormir, já é 8 horas, LEVANTA!
Hoje é domingo, um dia que eu poderia dormir até mais tarde, se não fosse pela minha mãe, veja os fatos , eu estou de férias e é verão, só me faltava ser sozinha. O verão em Hazard , comparado as outras cidades e países, é bem fraco, a maior máxima que já teve foi 23 graus e nesse dia todas as pessoas da cidade foram se aglomerar nos lagos e na única praia que existe aqui, a praia Horizontina. Eu me lembro que isso foi há uns dois anos, e eu implorei muito pra minha mãe me deixar sair nesse dia com a minha amiga Victória, depois de muita insistência ela deixou. Eu e a vic aproveitamos muito na praia.Gostaria que tivesse um dia desse verão que fosse 23 graus a temperatura.
Levantei da cama, e andei me arrastando até a cozinha, onde minha mãe já havia preparado meu café e colocado sobre a mesa, eu nem olhei pra ela, fui direto comer, e fiquei esperando ela me mandar fazer algo, não demorou muito e ela me mandou lavar a louça e ir na padaria comprar um cigarro. Minha mãe nunca foi fumante, esse foi um dos maus hábitos que ela adquiriu após a morte do meu pai. Diferente das outras pessoas, eu nunca me incomodei com a fumaça do cigarro, mas não quer dizer que eu simpatize com ela.
Peguei minha nova bike e escolhi o caminho mais bonito pra ir comprar o cigarro da minha mãe, um bosque que fica no meio das colinas, o trajeto é mais longo do que o da rua Osasco, que é o que eu costumo pegar sempre. Enquanto eu passava pela estradinha estreita do bosque, fiquei observando ao redor, sua vegetação, os animais pequenos, como os esquilos nas árvores, e os diferentes tipos de pedras no caminho, tudo era muito lindo, porém a luz não favorecia, havia muitas árvores e o sol não alcançava quase nada, por esse motivo o caminho se tornava meio escuro, sombrio, talvez assustador, mas não me importei.
Chegando na padaria, cerca de 20 minutos depois, resolvi passar na casa do Steve, um grande amigo, ele mora na mesma rua da padaria então não teria problema. Encostei minha bike no portão, que aliás é muito linda, pois é vermelha, com uma cestinha preta,e chamei o Steve.
-STEEVE,(palmas),STEEVE
Ele abriu a porta e estava sem camisa, eu nunca tinha visto ele sem camisa, então fiquei meio sem jeito, no pouco que olhei, percebi que ele era até que bem fortinho, e a cor dos braços com a do peitoral eram a mesma, branco, mas não aquele branco que cega os olhos, e sim um branco bonito, que da vontade de olhar. Steve e eu somos amigos desde os dez anos de idade, nossa amizade iniciou quando ele precisou de ajuda em um trabalho e veio falar comigo - eu sempre fui muito inteligente-,era um trabalho de matemática e o coitado não sabia nada, mas eu ensinei ele, com muita paciência. Ele nunca foi o mais lindo da escola, mas tinha seus atrativos, branco, dos cabelos negros e dos olhos verdes, com uma pintinha no canto esquerdo da boca, seu único problema era ser muito baixinho, ele tem 1;60 de altura.
- Oi, faz dias que você não fala comigo, tava sumida? ( ele deu um sorriso de canto) brincadeira, tua mãe não ta deixando você sair né?
- Ela nem sabe que eu to aqui, na verdade eu to indo comprar cigarro pra ela, mas como a sua casa é perto, resolvi da uma passadinha (pisquei o olho direto), o que eu quero mesmo é te mostrar minha nova bike ( apontei para ela) , iai o que achou?
- deixe me ver...( ele deu uma volta envolta dela) eu gostei, é a sua cara, vermelho, combina contigo.
-(Dei um sorriso sem mostrar os dentes) que bom que você gostou, qualquer dia eu deixo você dar uma voltinha nela!
- Menos, ela é a sua cara, não a minha ( deu uma risada gostosa, eu ri junto)
- Ta bom, então eu vou indo, se não a minha mãe vai estranhar a demora.
Peguei minha bicicleta dei um tchau e sai pedalando,parei na padaria do seu João, que é bem pequena, mas é uma graça, toda branquinha e azul. Cumprimentei o seu João, ele perguntou como estava a Dona Estela, minha mãe, disse que ela estava bem, comprei o cigarro dela e fui embora pelo caminho do bosque.
De volta para a casa, pelo bosque, senti uma sensação estranha, era como se eu estivesse sendo observada, parei minha bike no meio do caminho, coloquei o pé no chão e olhei envolta, não havia se quer um flesh de luz, apenas sombra, parecia também que as árvores estavam maiores, e o barulho das folhas e gravetos sendo arrastados pelo vento gélido, aumentou. Olhei para baixo, respirei fundo e pensei comigo "não é nada, você não viu ninguém, e isso é coisa da sua cabeça" , quando ergui minha cabeça, levei um susto! Havia um homem atrás de uma árvore me olhando! Naquele momento meu coração disparou de tal forma que não conseguia escutar mais nada a não ser meus batimentos cardíacos, não pensei duas vezes e sai em disparada com a bike,não vi como era aquele homem, nada, não olhei para o lado em momento algum, apenas segui em frente, tremendo e com medo.

HAZARDOnde histórias criam vida. Descubra agora