2

12.6K 470 62
                                    

Débora 🌻

Só avisando que esse capítulo tem gatilho.

Como moradora do alemão, eu daria uma bela patricinha do Leblon pelo simples fato de amar esse lugar e ao mesmo tempo não suportar as coisas que acontecem aqui.

Moro aqui desde que me entendo por gente, sinto que minha vida é toda fragmentada. Ou seja, memórias e acontecimentos que não se encaixam.

Me criei sozinha, juntos das minhas duas melhores amigas, Yasmin e Nivia. Conheço elas desde da pré-escola, e até hoje seguimos com nossa amizades.

Meus pais trabalham de segunda a segunda, é assim desde que eu tinha dez anos de idade. Vivia dormindo na casa das meninas e comendo lanches de rua a semana toda.

Foi assim até eu entender que tinha que ser eu por mim mesma. Eu já tinha quase catorze anos, então comecei a aprender fazer as coisas como: arrumar casa, lavar roupa e cozinhar para mim.

Sem dúvidas a melhor coisa que eu poderia ter feito!!

Agora com quase dezoito anos, continuo lutando, lutas diferentes, lutas para garotas da minha idade como: ensino médio, voltar viva depois de uma festa e paixões platônicas.

Complexo do alemão e considerada uma das favelas mas perigosas do Rio de Janeiro. Aqui é bastante movimentado, tem quase cem mil moradores.

Crianças, adolescentes, idosos e mulheres, ninguém tá salvo das maldades da polícia, que quando sobe o morro não quer saber de nada.

Pra eles todos que moram aqui é bandido.

Meus pais vem para casa, no mínimo uma vez no mês e eu praticamente recebo uma mesada gorda para somente estudar e cuidar da casa.

Eu não reclamo dessa parte da mesada, pois é mas do que eu ganharia trabalhando em meio período. Então vou aproveitar e pagar pela terapia para os traumas que meus próprios pais causaram.

—Débora, ele tá te olhando. — Nívia bateu palmas empolgada me tirando do meu transe. — Não olha agora piranha. — falou e eu revirei os olhos ao ver que se tratava de homem.

—Para de show Nívia, não estou pra brincadeira hoje. — encarei ela, que encarava a Yasmin.

—Olha agora então para você ver. — Yasmin balbuciou e eu olhei para trás. — Meu Deus, toma água amiga.

Do outro lado da lanchonete, ele me encarava, mas logo decifrei que poderia ser por conta dos amigos dele, que também estava secando as meninas, então dei os ombros e vida que segue.

É sério que se eu tivesse uma oportunidade, eu amaria dar uns beijinhos nele, meu amor platônica todo esse garoto, desde que eu tinha quinze anos de idade. Tenho certeza que se ele gostasse de garotas novas, já tinha perdido minha virgindade.

—Débora. — Yasmin gritou e eu encarei ela. — volta para a terra garota, ele já foi até embora e tu aí.

—Para, só tava pensando em uns negócios aqui, não tem nada haver com ele. — arrastei meu prato já vazio e encarei vendo as duas rindo.  — acho que podemos ir embora, em?  — pedi e logo Yasmin foi pagar a conta.

Princesa da Favela.Onde histórias criam vida. Descubra agora