EXILADA | A Esperança Nunca Morre (Volume I)

▪Capítulo 20 - Intruso

    Sorri enquanto olhava para Alexa, que estava passando a mão sobre a asa do corvo. Porém, meu sorriso se desfez quando olhei para fora da janela e vi um homem, com a postura reta, olhando para nós dois com um sorriso maléfico no rosto… Aquele homem era Spencer.

Naquele momento, me senti desativado de todas as minhas ações, senti como se algo estivesse controlando o meu corpo, dentro de mim. Em alguns segundos, eu estava do lado de fora da minha casa, corri em direção aos fundos para encontrar Spencer… Mas eu havia chegado tarde demais, e Spencer não estava mais ali.

Respirei fundo e abaixei a cabeça para recuperar o fôlego que eu havia perdido. Sentia que o Spencer estava me provocando, e com certeza ele iria me chantagear.

    — Qual é o futuro de um homem desobediente; diante de tudo e de todos? — Ouvi uma pergunta, acompanhada de uma voz grossa vindo atrás de mim. Meus olhos se encheram de ódio naquele momento. Virei-me o mais rápido possível e fechei o meu punho enquanto o olhava.

     — Ah… John, incrível como você consegue fazer tudo errado. — Spencer falou dando um riso sarcástico.

     — Sabe que o que fez foi burrice! — Disse ele, colocando as mãos no bolso da jaqueta.

    — Mas o que você tem a ver com isso? — Perguntei, tentando afronta-lo.

     — Você está doente, John. Me preocupo com você. — Disse Spencer. Revirei os olhos, todas aquelas palavras me fizeram sentir náuseas.

     — Se chama isso de doença, então nós dois estamos doentes… — Baixei o tom da minha voz, estava quase sussurrando.

     — De fato… Mas confesso que você é bem esperto, infringiu as regras apenas para apanhar uma garota inocente e fazê-la de sua meretriz. — Tentei segurar-me para não esmagar a cabeça dele ao ouvir suas palavras sujas.

     — Não sou tão desprezível quanto você. — Olhei para ele de cima abaixo, falando com uma expressão de nojo.

      — Eu o entendo… Sei o quanto é difícil, depois que eles proibiram sexo com as mulheres, o mundo ficou bem mais estressante — Os olhos de Spencer estavam vermelhos, e ele movia as mãos enquanto falavam, fazendo uma pequena coreografia com um corpo. Ele parecia estar ansioso.

     — Spencer, eu não penso como você, porque o mundo sempre foi estressante, e não foi por causa das mulheres, foi por causa de homens tolos como você. — Falo com uma voz firme, olhando diretamente em seus olhos.

     — Você é um de nós… Não pode negar, John, o seu bracelete te entrega toda vez que você está perto dela. Por que não aproveita? Podemos dividi-la… — Ao ouvir aquilo, mais uma vez, senti meu corpo ser controlado por algo, fechei meu punho com todas as forças e acertei um soco em seu rosto, mas especificamente em seu nariz e seu lábio superior, fazendo o mesmo cair no chão, com a boca ensanguentada.

     — Se falar dela mais uma vez, será o fim da sua vida. — Falo com uma voz totalitária. Spencer passou o dedo indicador no lábio inferior, limpando o sangue que escorria e pingava em sua camiseta branca, ele me olhou com sangue nos olhos e levantou-se do chão, deu passos rápidos em minha direção e me acertou com um chute na barriga.

Senti uma dor imensa dominar o meu corpo, mas em pouco tempo consigo recuperar as minhas forças e novamente pulo em cima de Spencer, socando seu rosto, várias vezes. Seu rosto estava coberto de sangue, eu continuava dando socos, e a cada soco, era mais intenso que o anterior. Quando estava quase desfigurando todo o rosto de Spencer, senti alguém me puxar para cima, tirando-me de cima de Spencer.

      — John! O que está fazendo? — Disse o Dr. Kim, com um olhar extremamente assustado. Olhei para minha mão ensaguentada e em seguida, olhei para o chão, vendo Spencer jogado sobre o mesmo. Estava com a mão no rosto tentando levantar-se com dificuldades.

     — Preciso que os dois venham comigo. — Dr. Kim começou a andar após falar isso. Spencer levantou-se e me olhou como se fosse me atacar. Mas escolhemos seguir o Dr. Kim e deixar nossa luta para mais tarde. Dr. Kim nos levou para a enfermaria de pequenos ferimentos. Eu não queria curar Spencer, por mim ele já estaria morto.

Spencer sentou-se em uma poltrona, enquanto Dr. Kim pegou lenços úmidos para limpar o nariz de Spencer. Sentei-me um pouco longe dele, mas continuei com meus olhos vidrados nele.

     — Estou ciente que vocês já saibam das regras… — Disse o Dr. Kim, olhando para nós dois.

      — O John está maluco, começou a me bater sem motivos — Disse Spencer, segurando o lenço no nariz para estancar o sangue que escorria.

      — Isto é gravíssimo. Se o General Russel visse algo assim, vocês seriam expulsos ou tratados como doentes! É isso que vocês querem? — Indagou Dr. Kim.

      — John deve saber quais são as regras. E você… Dr. Kim, deveria estar bem ciente disso também. — Disse Spencer, tirando o lenço do nariz e olhando no fundo dos olhos do Dr. Kim com um olhar de desconfiança.

      — Trabalho para o General Russel. Sei quais são as regras, não preciso que um mero garoto de dezesseis anos me lembre delas.

      — Disse o Dr. Kim, ele parecia estar chateado. Spencer revirou os olhos e levantou-se da poltrona. — Mas o que ele iria fazer se descobrisse que um dos seus cientistas lhe traiu? — Disse Spencer, tirando o lenço que estava no nariz.

       — Você não tem provas para tais acusações — Falou Dr. Kim, respirando fundo, ele não demonstrava preocupações.

       — Isso é o que você pensa. — Disse Spencer, com um olhar desafiador. Fiquei observando os dois, sem falar absolutamente nada.

Dr. Kim permaneceu em postura, como se não tivesse nenhuma preocupação sobre aquilo, sabe-se que General Russel nunca acreditaria nas palavras de Spencer, e ele seria tratado como doente.

Spencer olhou para mim, com ódio nos olhos. Ele deu um sorriso cínico antes de iniciar suas palavras.

      — Você se arrependerá — Disse ele, voltando com o sorriso cínico, logo depois, se dirigiu até a porta, e saiu.

(...)