"Você"

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   — Tem que estar muito desesperado pra emprego pra aceitar esse mico. — Luccino olhou seu novo uniforme de trabalho.

  — Luccino, nem é tão ruim assim.   — Mariana ajeitou o cabelo.

  — Nem é tão ruim ?  A gente parece que saiu de um anime com essas roupas. — Luccino mirou de novo o espelho, encarando o uniforme. Que era composto por uma camisa social branca, um colete azul claro e uma calça rosa-claro. O de Mariana era o mesmo, apenas uma saia no lugar da calça.

  — E daí ? Você adora animes. — Ela riu do amigo, se aproximando e acariciando a bochecha. — E você ficou um doce desse jeito...Agora v'embora que já vai abrir a cafeteria. — Ela saiu do quartinho usado pelos funcionários para se trocar, Luccino foi atrás.

  Assim que ouviram o sino tocar, suspiraram. Seria uma manhã agitada de segunda feira no meio de doces que eles não podiam comer.

  O dia todo foi agitado, cheiro de café infestava o ar. Mesas cheias a todo momento, crianças gritando e colocando a mão no vidro de doces, o que doeu no coração de Camilo, — um dos funcionários — que havia acabado de limpar. Eram muitos pedidos a anotar, muitas xícaras para servir e mesas pra limpar.

Era quase fim do expediente, Luccino estava cansado de tanto equilibrar aquela bandeja e Mariana só queria voltar para a companhia de seu amor, sua cama.

  — Luccino, só mais uma mesa e eu dispenso você, está bem ? — Dona Agatha, a dona da cafeteria e sua chefe, sorriu para o rapaz, que foi em direção aos dois rapazes que haviam acabado de se sentar.

  Um deles era alto e olhava ao redor, comentando com o amigo sobre a decoração da nova cafeteria, enquanto o outro parecia mais interessado no cardápio. Este era fácil de se achar numa multidão, o bigode antiquado — mas muito bem alinhado. — lhe dava certo destaque, Luccino quase riu.

  — Boa tarde, vocês já escolheram o que vão pedir ? — Luccino se aproximou com um sorriso gentil. O mais alto logo se virou para ele, mas o outro ainda olhava o cardápio, como se estivesse indeciso.

  — B-boa tarde, e-eu v-vou querer uma p-p-porção de pães de queijo... E café! B-bem forte. — O mais alto disse, Luccino anotou tudo com o mesmo sorriso, mesmo que por dentro estivesse curioso se aquela gagueira era nervosismo ou um problema de dicção.

   — Certo...— Ele se virou para o bigodudo. — E o senhor ? — O rapaz deixou o cardápio cair, suspirando como em derrota.

  —  A coisa mais doce que tiver nesse lugar. — Disse, os olhos semicerrados em tédio.

  — Que seria...? — Luccino tentou manter o bom humor, mas por dentro estava como aquele rapaz, que finalmente olhou pra ele. Então seus olhos foram do tédio a surpresa, e ele sorriu de modo simpático e galanteador.

  — Você, é claro.

"Doce como Você"Onde histórias criam vida. Descubra agora