Os raios solares encostam sonolentos nos vidros pouco empoeirados das janelas da sala, a claridade toma parcialmente o lugar por conta da bandeira hasteada lá fora, que permite, vez ou outra, com a ajuda do vento, que esses raios entrem por completo. As persianas não estão abaixadas, o que me dá ampla visão de quase toda a entrada do colégio, onde a grama muito verde dói os olhos.
Você está dormindo, Yena. Mas isso é algo que todos - inclusive professores - já estão acostumados. Sua cabeça está apoiada em seus braços no caderno em sua mesa, e com certeza seu rosto ficará marcado por um tempo quando você levantar. Sei disso porque já estou acostumada com essa rotina.
E também sei que seu sono é culpa minha. Trocamos mensagens até tarde e, ao contrário de você, o sono nunca me toma por completo. Sempre tenho dificuldades para dormir e mesmo noites em claro não me fazem ter sono durante o dia, e você me acompanha até que eu pegue no sono (ou finja pegar no sono para que você possa dormir sem sentir que está "me abandonando"). Mas sou morcego, Yena, e você não deveria me acompanhar assim ou isso pode te prejudicar já que você é um bichinho sonolento que nem despertador acorda.
Reparo seus detalhes.
Estou sendo discreta?
Muito provavelmente não.
Deveria?
Com certeza.
Mas o tempo em que me preocupava com discrição se passou e admirar seus detalhes tem quase que se tornado a minha profissão. Às vezes, deito minha cabeça para que eu te enxergue do ângulo certo e possa reparar melhor em sua face serena num sono gostoso. Tenho vontade de desenhar seu rosto com meus dedos, percorrer seus lábios cheios e rosados, seus olhos pequenos, arrumar sua franja enquanto desço os dedos por todo seu cabelo e pouse meus lábios em sua bochecha, tão próxima de sua boca que seria impossível que não se encostassem. E sempre deixo isso para mais tarde.
Parece que foi ontem que eu te vi entrar pela porta da sala pela primeira vez, seu sorriso bonito enfeitava seu rosto enquanto escutava algo que sua amiga falava. Foi o seu primeiro detalhe que reparei. Suas mãos macias de dedos com pontas arredondadas, como as de uma criança, sempre gesticulando animadamente, não importava qual assunto fosse. Esse foi o segundo detalhe que reparei. Sua voz rouca que faz meu corpo se arrepiar foi o terceiro. O jeito carinhoso com que se dirigiu a mim, começando uma amizade que agora tem o início de um romance, foi o quinto detalhe. E eles são tantos, Yena...
Foi quando me perdi em seus detalhes que te encontrei.
Uma professora entra, Yujin te acorda e você abre seus olhos sonolentos num susto como se não soubesse onde está nem quem é. Você arruma seu uniforme e eu engulo uma risadinha enquanto você finge não ter dormido por quase um tempo de aula inteiro. A professora introduz o novo conteúdo que aprenderemos hoje e eu tento prestar atenção, mas minha visão se atrai novamente para você, cujos olhos estão em mim. Um pequeno sorriso surge em seus lábios e eu retribuo com um próprio. Uma das muitas vantagens em sentar ao seu lado é poder receber esse sorriso todos os dias de manhã.
Há uma marquinha em sua bochecha direita, justamente onde estava o caderno, deixando um tom rosa escuro quase avermelhado por ali. Para as pessoas, é apenas a marquinha que o caderno deixou em seu rosto; para mim, é mais um detalhe que me faz te amar.
- Bom dia. - você sussurra para mim, sua voz ainda mais rouca que de costume.
- Bom dia. - eu respondo.
E definitivamente, não tem como o dia não ser bom.
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Details | • yenyul •
Fiksi PenggemarYuri fala sobre os detalhes apaixonantes de Yena.