* O Fim é Limpo. [ The End Is Neat ]

12 De Maio De 20XX - Parte II

Desci as escadas da casa de meu pai, e fui até o banheiro. Indiferença estampava cada centímetro de minha face. Chegando lá, soltei um suspiro pesado, encarando-me no espelho e notando que através da rachadura que fiz com um soco eu sou ainda mais... Visualmente desagradável. Ignorando isso, como se fosse possível, fiz minhas necessidades, tomei o banho mais rápido do planeta, e saí em passos lentos e até mesmo entediantes através dos corredores, chegando na cozinha. O cheiro do café da manhã dela me causava repúdio, não por estar ruim, longe disso, mas nunca senti vontade de comer como as outras pessoas, no máximo me contentava com comer pequenas coisas, como uma bolacha ou outra.
Sem mais enrolação desnecessária, peguei meu skate, minha mochila e fui até o pior lugar do mundo, onde a ditadura é socialmente aceita: A escola.

-- Fala aí, esquisito, quem é vivo sempre aparece. -- Flash, o valentão da escola, recebeu-me chutando o skate logo abaixo de mim.

Resolvi ignorar ele, enquanto todos ao redor riam de mim por isso. Acho que eu vou mudar meu sobrenome para "Ignorar", pois fazia isso tanto que se tornou algo comum. Entrei na sala de aula, meu canto ainda estava intacto, ninguém se sentava ali porque a visão do quadro era péssima, e quase nenhuma luz chegava ali por causa do tamanho exagerado da sala e a péssima posição das luzes.

-- Raffaello, vejo que resolveu dar as caras! Olha, vampiro de Crepúsculo. -- Jorgeo, o único ser humano além de Julien que confiava o mínimo para conversar, me chamou a atenção.

-- Pois é, e hoje nem está chovendo, surpreendente, não é mesmo? -- respondi o garoto de 1,60m parado ao meu lado, tentando sorrir, ele apenas balançou a cabeça, reconhecendo o qual forçado aquilo foi.

-- Achei que tinha mudado de cidade... Você não responde minhas mensagens a dias, nem entra mais nas suas redes sociais. -- inesperadamente me encarou, ele exigia uma resposta, mas a única coisa que lhe dei no momento foi meu silêncio. Tentaria falar melhor com ele no recreio, mas com tantas pessoas ao redor seria idiotice.

-- Flash ainda está te enchendo o saco...? -- comentei ao finalmente ver o gesso no braço de Jorge, levando em consideração que video-game não quebra braços, talvez God Of War, aquilo só poderia ter sido causado por uma pessoa, o monstro da escola, o terror dos sete corredores, Flash Georgetown.