Capítulo 07

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× Nayla Ramirez ×

No momento em que seus lábios encostam nos meus eu fico paralisada, suas mãos firmes e macias se movem para minha cintura. Eu não consigo acreditar no que está acontecendo, até abrir a boca e retribuir ao beijo. Hero está me beijando!

Sua língua é possessiva ao mesmo tempo que é delicada e uma de suas mãos sobe até minha nuca. Uma brisa sopra contra nós e sinto um frio na barriga, uma corrente como ondas elétricas passando por todo meu corpo enquanto sua boca está na minha.

Tudo está perfeito, a lua logo acima de nossas cabeças no céu mais estrelado que já presenciei, o barulho das ondas ao fundo, a areia quentinha e macia debaixo dos nossos pés descalços e até mesmo o sopro do vento. Ele me dá um selinho ao final, e por um momento me sinto tonta, como se aquilo não tivesse mesmo acontecido. Tenho medo de abrir os olhos e tudo ter acabado. Acabei de experimentar sensações que achei nunca ser possível fora dos romances nos livros.

Hero encosta sua testa na minha. Ainda não tenho coragem para abrir meus olhos, então apenas agarro sua camisa como em uma tentativa para ele não sair dali. Ele tira a mão que estava em minha nuca e a coloca em minha cintura, assim como a outra do outro lado e afasta nossas testas.

— Não vai dizer nada? — Ele pergunta baixo e calmamente.

Eu por fim, abro meus olhos e o encaro. Não tenho ideia do que falar, ele arrancou todas as palavras de mim, assim como todos os pensamentos coerentes. Mordo meu lábio o encarando nos olhos. Suas pupilas estão tão dilatadas que se eu não soubesse que seus olhos são verdes, diria que eram pretos.

— Eu não sei o que dizer... — Sussurro depois de alguns segundos. Ele sorri de lado.

— Tudo bem, você não tem que dizer nada. Acho que te peguei de surpresa. — Ele dá uma risadinha e eu sorrio quase que automaticamente.

Coloco a cabeça para frente, encaixando no espaço entre seu ombro e seu pescoço. O cheiro dele é simplesmente incrível e eu poderia facilmente passar a noite inteira aqui, com o rosto entre seu pescoço. A bagunça que ele fez com meus pensamentos me dá medo, ninguém nunca provocou algo assim em mim.

Resmungo algo incoerente abafado por estar com o rosto no pescoço dele, logo tirando a cabeça dali e me afastando um pouco para olhá-lo.

Seus olhos brilham e suas covinhas saltam com o sorriso que ele dá.

— Posso ser honesto sobre uma coisa? — Ele me pergunta.

— Claro.

— Eu queria ter feito isso desde que te vi naquele evento. Você simplesmente mexeu comigo. — Suas palavras me dão calafrio e o jeito que ele fala, parece que não foi há apenas algumas horas que ele me viu.

— Eu... não tô reclamando, foi ótimo... — Eu dou uma risadinha sem graça. Se eu dissesse que esperava que Hero fosse me beijar estaria mentindo, uma coisa é brincar sobre isso entre amigas, outra é realmente acontecer.

Hero coloca as duas mãos em minhas bochechas, me forçando gentilmente a olhar para ele. Como se ele precisasse fazer isso. Eu olharia para ele mesmo indo contra tudo o que eu mais quisesse.

Eu achei que ele ia dizer algo, mas ele apenas junta nossos lábios novamente. Dessa vez apenas em um selinho, demorado e cheio de desejo e vontade. Eu me perco em seus lábios pela segunda vez antes de me afastar dele. Tem algo que não parece certo, não sei o que é mas me deixa incomodada.

— Acho melhor a gente voltar lá pra casa não é?

Ele parece ficar decepcionado por um momento, mas então se recupera e concorda com a cabeça. Fazemos nosso caminho em silêncio até a casa onde estamos. Ainda não sei o que pensar, meu ídolo me beijou e eu retribui. Minha cabeça gira rápido com o que acabou de acontecer. Eu particularmente não me acho bonita mas sei que chamo um pouco de atenção do sexo oposto. O mais louco é: nos conhecemos hoje mesmo! Bom, tecnicamente vai fazer duas semanas, já que falávamos pelo celular.

Seguimos até o andar de cima, no corredor. Ele para de andar por não saber onde vai ficar.

— Você pode ficar naquele quarto ali, Shane e Dylan já devem estar lá, mas tem uma cama pra você também. — Falo apontando para uma porta no fim do corredor.

Ele assente e passa a mão na nuca esperando por algo. Coloco uma mecha de meu cabelo atrás da minha orelha e fico em sua frente.

— Olha, eu gostei do beijo. Gostei muito, tipo pra caralho. Mas não quero um clima estranho, e preciso pensar um pouco sobre tudo o que aconteceu hoje, que tal conversarmos sobre isso amanhã? Sobre tudo. — Eu sugiro.

— Tá bom. — Ele sorri e nós nos abraçamos antes dele me desejar boa noite e se virar para ir até a porta onde eu havia indicado.

Girei em meus calcanhares e abri a porta do quarto onde dividiria com Vic, Nanda, Karina e Kau. Andei nas pontas dos pés para não acordar ninguém, mas assim que cheguei em minha cama, derrubei um livro no chão. Xinguei baixinho e me deitei na cama.

— Nah? — Ouço a voz de Karina que estava dormindo no colchão no chão, ao lado da minha cama.

— Desculpa, o livro caiu. — Explico sussurrando como ela para não acordar as outras.

— Eu ouvi a voz do Hero, ele estava com você? — Ela pergunta.

Eu demoro pra responder e ela se senta tão rápido quanto como a menina do filme do exorcista. Eu faço o sinal da cruz só por precaução.

— Você estava com ele né? aí puta que pariu, me conta tudo! — Ela tenta falar baixo mas mesmo assim, a animação é evidente em sua voz.

— Eu estou mesmo muito afim de ir dormir, posso falar amanhã? — Eu resmungo manhosa, ainda estava atônita pelo beijo.

— Claro que não! eu sou sua amiga e você sabe que sofro de ansiedade, se você não me contar eu posso morrer. — Ela dramatiza. A verdade é que Karina sofria de ansiedade quando era pequena, mas já não teve nenhuma crise há um bom tempo. Ainda assim, ela joga isso pra mim e eu sempre acabo cedendo.

Conto para ela do beijo, ela quase morre e quase berra pra acordar todos na casa, mas acaba se controlando bem. Digo para ela o quanto estou confusa com isso rolou, e ela ri de mim e pergunta sarcasticamente se eu já não estava esperando por aquilo. Eu explico que são duas coisas diferentes: Achar que vai acontecer e realmente acontecer. Ela me dá alguns conselhos que são basicamente pra deixar rolar, seguir o baile e coisas do tipo. Eu digo que vou falar com ele amanhã, quando estiver com a cabeça no lugar.

Depois de uma conversa que dura realmente bastante tempo, ela diz que pode dormir em paz e se vira, voltando a dormir. Eu pego no sono pensando no momento perfeito na praia. Porém todas as minhas inseguranças e traumas do passado vêm à tona junto como uma memória fresca. Claro que essa coisa toda com Hero não é séria, ou ficaria séria do nada, me vejo repassando os prós e contras de ter algo em três dias com Hero.. Respiro fundo e encaro o teto de madeira até meus olhos pesarem e eu cair no sono.

Until The End Of Time [Hero Fiennes Tiffin]Onde histórias criam vida. Descubra agora