A neve já começava a derreter-se e Jack sabia que o inverno havia acabado. Passaria no máximo mais um dia naquela cidade antes de tomar uma corrente de ar e migrar para outra região.
Isso o desanimava. Para ele, o tempo mal havia dado os primeiros passos e já teria que se retirar. Negar tristeza era o mesmo que mentir para si, porém o que Jack poderia fazer a respeito? Sua vida era o frio e as tempestades congeladas, por isso, não podia simplesmente abandonar seu serviço para ficar em outros territórios. Além de proibido, os outros espíritos ficariam revoltados consigo.
Caminhando pelas ruas movimentadas, agradeceu que nenhuma criança o havia notado. Afinal, ser pego entre uma multidão que não o via seria crítico para a alma infantil de qualquer criança. Quando notou que andava entre os humanos mais velhos, tratou logo de sair dali, sobrevoando o local. O que teria acontecido para que ficasse entre eles? Definitivamente estava com a cabeça deslocada por tantos sentimentos e pensamentos vãos.
Foi naquele momento que desejou encontrá-la novamente.
Rapidamente, alcançou uma boa altitude e guiou-se para a moradia da jovem estranha que conhecera em meio de sua estação. O motivo para vê-la se deve pela vontade de desabafar todas as suas preocupações. Era engraçado o modo como conseguia expressar-se diante daquela humana e não conseguia fazer o mesmo com os outros Guardiões.
De onde tirava tanto ânimo para reencontrá-la era um verdadeiro mistério, assim como sua esperança de que ela o veria novamente. Jack precisava de mais um conselho.
Pousando em frente a casa, Jack procurou ver se a garota se encontrava por perto. Não havendo uma alma se quer, fora espiar pela janela, na esperança que a veria em algum dos cômodos. Para seu espanto, Jack se deparava com uma família a rir e se divertir. Confuso, afastou-se para encarara moradia de forma crítica, confirmando ser a mesma em que se despedira de Aeris.
– O que está havendo aqui? - perguntou-se a encarar a casa com grande desconfiança.
– Quem diria? - a voz um pouco nostálgica para Jack o fez virar-se e dar de cara com Aeris. - Quando acreditei que nunca mais nos veríamos, o "senhor inverno" aparece?
– O que aconteceu? Não havia aquela família quando vim pela primeira vez.
– Eles estavam viajando... Ela é a real dona da casa e gentilmente me acolheram até agora. - rindo da expressão curiosa de Jack, a garota continuou e ajeitou a sacola de compras em mãos. - Esqueceu que não sou cidadã norte-americana?
Demorou pouco tempo até que Jack lembrara-se de seu primeiro encontro com a jovem.
– Vejo que você tem repulsa por roupas pesadas... - referindo-se aos pés descalços e as roupas finas de Jack, a jovem avançou para a casa e este a seguiu instintivamente.
– Já disse que isso não é necessário.
– Eu sei, "filho de foca". Só fico pensando se não sente frio desse modo.
– De forma alguma. - Jack sorriu maliciosamente, o que fez a jovem rir novamente.
– Certo... Quer entrar? - Jack notou a proximidade perigosa da casa e se afastou de novo, porém não muito.
– Prefiro ficar aqui fora e te esperar...
– Esperar? - Aeris não tirou os olhos da face de Jack e logo suspirou derrotada. - Ok...
Sumindo pela porta, Jack voltou a respirar normalmente. Por um triz, conseguira evitar de ser visto pelo garoto da casa junto aos pais. Ficou tão concentrado em sua "conselheira" que deixou-se levar por um caminho muito perigoso. Para Jack, talvez a presença da jovem fosse um perigo constante à luz do dia.
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As Marcas dos Conselhos
FanfictionTrês contos sobre o desenvolvimento de Jack Frost e a jovem Aeris "'A neve é bela, não? Mas é ainda mais na companhia de bons amigos, ou simplesmente na presença de alguém'. Jack Frost podia ter facilmente ignorado o comentário da estranha garota...