Wish

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Os ventos gélidos carregavam Jack do mesmo modo que sempre faziam, mas algo parecia diferente naquele dia. Jack expressava ansiedade, tristeza e um pouco de revolta. Os ventos expressavam muito bem isso, com sua força e velocidade. Jack encarava o pequeno bilhete que recebera há alguns meses de Aeris e sentia muita vontade de vê-la, porém tinha medo.... Medo? Jack ainda não sabia explicar nem para si próprio. Jack estava absorto com isso, confuso e ainda assim, morrendo de culpa por hesitar em vê-la. O que poderia estar acontecendo para sentir-se tão inseguro? Perdido em suas dúvidas e questões irrespondíveis naquele momento, Jack demorou a perceber que o pequeno pedaço de papel escapara de suas mãos. Ao notar a falta, Jack desesperou-se como nunca havia ficado antes. Voou pelos ares, na esperança de encontra-lo. A ventania era violenta naquele ponto, já que a raiva de Jack era grande. Por isso, pouco Jack conseguia controla-lo e menos conseguia ver. Era questão de tempo até perder o bilhete para sempre e Jack, em uma explosão de sentimentos intensos, cessou a tempestade, que se formara ao seu próprio estado emocional. Mais que aflito, Jack buscou novamente o papel e após incontáveis horas, encontrou-se em um abismo mais gélido que seu próprio poder. Jack tinha o coração imerso na dor e respiração curta e rala. A tristeza o consumia e mais do que nunca estava assombrado com todos aqueles acontecimentos. Por que se deixara levar por um pedaço de papel comum? Por que Jack se sentia tão vazio?

Não seria ali que teria respostas. Jack sabia que a única que poderia responder-lhe era a própria garota.

Enfrentando seus medos e dúvidas, Jack ordenou aos ventos que o levassem para o norte, na sede dos Guardiões, imediatamente. Se alguém podia ajudar Jack a encontra-la, esse seria Norte. Os ventos lhe obedeceram e logo Jack se encontrava em frente à casa do amigo. Jack fora logo entrando, ignorando gnomos e trolls a fabricarem os brinquedos de Natal. Norte parecia não estar em casa e Jack mordeu o lábio inferior, tenso. Jack pensou em todos os lugares que o velho amigo poderia estar e não percebeu que Norte estava sim ali, mas concentrado em analisar globos de cristal em uma área pouco visível. Quando o dono da casa notara Jack em seu salão, deixou o que fazia e foi recebe-lo. Jack assustou-se, porém aliviado por Norte estar ali.

- Jack Frost! - o anfitrião abriu os braços e abraçou Jack de modo esmagador. - É bom vê-lo, rapaz. O que traz à sede e minha casa?

- Preciso de ajuda, Norte. - Jack respondeu de imediato, pegando o amigo de surpresa.

- Claro. Do que precisa?

- Um endereço.

- "Endereço"? - o mais velho não entendia a situação.

- Eu conheci uma garota há meses atrás e nos tornamos amigos.

- Ah! Isso é muito bom. - Norte sorriu em um tom mais calmo e leve. Desde que Jamie deixara de ver Jack, o mesmo havia se afastado novamente de todos que o conheciam e parecia infeliz. Norte ficou preocupado com Jack, mas aquela notícia mudava tudo. - Qual o nome da criança?

- Bem... - Jack sorriu travessamente. - Ela não é uma criança.

- Um adulto? - o anfitrião ficou surpreso.

- É... Eu a conheci nos Estados Unidos e ela me ajudou muito com meus problemas internos. Ela não era nativa do local, então, quando fora embora há dois meses, ela me entregara seu endereço. Eu o tinha até agora a pouco, mas o perdi e preciso dele para encontra-la.

- Oh, Jack. - Norte suspirou desanimado. - Não conheço muitos adultos que não perderam a capacidade de nos verem. E seus nomes estão distantes de serem lembrados tão facilmente... Talvez eu não me lembre apenas pelo nome também.

- Por favor, Norte. Estou contando com você. - Jack mantinha a esperança e transmitiu isso muito bem.

- Vou tentar, Jack. Agora, conte-me o que sabe.

As Marcas dos ConselhosOnde histórias criam vida. Descubra agora