Feyre e Rhysand

Capítulo 23

Descrição: Ponto de vista do Rhys, após aceitação do vínculo.

Foi questão de apenas metade de um milésimo para que eu pegasse a colher e começasse a comer. Eu nunca olharia para sopa da mesma maneira branda e indiferente novamente.

Feyre estava aceitando a parceria. Ela estava me escolhendo.

Mas ela não havia dito nada e isto levou cada gota de poder que eu possuía com meus 500 anos de idade para manter minha mão calma enquanto eu levantava cada colherada até minha boca e a observava do outro lado da mesa.

“Você não irá falar nada?” perguntei assim que terminei de comer.

“Eu estava para te contar minha decisão no segundo em que te vi na soleira da porta,” Feyre disse e eu me perguntei se o seu coração estava batendo tão rápido quanto o meu.

“E agora?” disse, começando a me contorcer.

Feyre veio em minha direção. Eu contei cada passo. Eu ouvi cada respiração, observei cada movimento suave de seus longos e delgados braços conforme ela chegou até mim e sentou-se em minha cadeira, agarrada a mim. Segurei seus quadris tentando ferozmente não tremer de medo de que ela iria me rejeitar apesar de tudo, e que Tamlin iria vencer no final novamente e que esta era apenas outra maneira de brincar comigo.

Os olhos de Feyre estavam fixaram-se nos meus e deram-me uma olhada profunda e conhecedora, e eu esperei que ela não fosse... Que ela não pudesse... Não depois de tudo o que eu havia dito a ela, tudo o que eu havia lutado para mantê-la viva e feliz. Eu a faria tão feliz se ela apenas me permitisse.

“E agora eu quero que você saiba, Rhysand, que eu te amo,” ela disse. “Eu quero que você saiba...” Ela passou para limpar as lágrimas que estavam escorrendo em meu rosto, lágrimas que eu nem tinha percebido que tinha soltado. “Eu quero que você saiba,” ela continuou com uma voz baixa e gentil que acalmou minha dor, “que eu estou quebrada e me curando, mas que cada pedaço do meu coração pertence a você. E eu estou honrada – honrada – de ser sua parceira.”

Eu nunca soube que meu coração poderia quebrar e que eu estaria, na verdade, feliz por sentir isto acontecer até que realmente aconteceu naquele momento.

Ela me escolheu. Minha parceira me escolheu. Eu a encontrei e lutei por ela e revelei meu ser para ela e ela não fugiu para longe por medo como o resto do mundo havia feito ao menor indício de minha presença.

Minha parceira. Minha parceira. Minha parceira.

Feyre era minha e mesmo que eu soubesse isso por tanto tempo, eu já não sabia como me manter longe de quebrar. Eu caí sobre ela, meu corpo completamente estilhaçando-se enquanto ela me segurava e corria seus delicados dedos por meu cabelo em uma promessa de nunca me soltar novamente.

“Eu te amo,” Feyre repetiu. “E eu suportaria cada segundo novamente para que eu pudesse te encontrar. E se a guerra vier, nós a enfrentaremos. Juntos. Eu não deixarei que me levem para longe de você. E eu também não deixarei que te levem para longe de mim.”

Levantei minha cabeça de seu ombro. Eu tinha que ver seu belo rosto e entender como ela quis dizer cada palavra, irrevogável e absolutamente. Mas eu havia chorado com tanta força que era difícil me concentrar no que estava diante de mim.

Feyre se inclinou para frente com facilidade e cuidado e meu corpo parou completamente. Ela beijou uma lágrima por vez, cada beijo o sussurro de uma promessa me chamando.

Minha parceira. Minha parceira. Minha parceira.

Quando ela terminou, ela olhou para mim e falou com certeza. “Você é meu,” ela respirou em mim, através de mim e meu corpo respondeu com um pesado tremor antes que eu a beijasse.
Derramei-me completamente naquele beijo, movendo meus lábios com uma clareza gentil que a explicou o quão preciosa ela era, o quão grato eu estava por ela ter me aceitado, e que eu seria privilegiado por apenas ter uma chance com ela, minha igual em cada sentido.