Capítulo 2

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Caminhando em meio a uma multidão de homens, às vezes percebia algum pelo canto do olho. Mas toda vez que tentava procurar novamente, ele sempre sumia sem nem deixar rastro.

Isso veio a acontecer uma cinco ou seis vezes enquanto caminhava na direção da praça, que já estava à nossa frente algum tempo.

Faço uma pequena ronda com os olhos, procurando pelos vultos encapuzados, mas eu só conseguia ver homens, barracas, casas e muitos prédios ao nosso redor, nada de vultos pretos encapuzados.

Deixo minha imaginação de lado e me concentro no festival que estava começando. O mesmo rapaz que havia anunciado que o leilão logo começaria estava no palco explicando quais as regras, mas eu não estava prestando atenção, meus olhos e cérebro estavam trabalhando em tentar encontrar mais algum vulto no meio de toda aquela multidão.

— Sejam bem-vindos a mais um Bella Moça, na capital Sommer! — E novamente é escutado a voz do apresentador. Volto minha atenção a ele, mesmo que quisesse sair correndo dali e ir atrás desses vultos estranhos. — Então, vamos começar. Moças, entrem.

A voz que ele usou para chamá-las, era simplesmente repugnante, carregada de malícia e sem nenhum pingo de respeito. Os homens eram horríveis.

E então, de trás do palco várias moças entram todas com uma capa preta que cobria o rosto e o corpo, não nos deixando ver nada além disso.

Um alívio passa por todo meu corpo, mas a inquietação também. Pelo que me lembrava, jamais em nenhum outro festival, as moças usavam outras roupas a não ser aquele tecido transparente.

— Bem, eu acho que tivemos um pequeno contra… — E antes que ele terminasse de falar uma flecha, rápida como o vento, fincou em seu pescoço o fazendo cair morto aos pés das moças que não demonstraram nenhuma reação.

— O que está acontecendo? — Gritaram alguns desesperados e sem saber o que fazer.

— Lá em cima! — Berrou um perto do palco apontando para o telhado dos prédios e das casas envolta da praça.

Assim como todos ali presente, vejo muitas e muitas sombras, pessoas encapuzadas segurando arcos, snipers, bestas e outros tipos de arma todas apontadas para nós.

Um medo começava a crescer dentro de mim, não sabia o que estava acontecendo e conseguia sentir que aquilo não acabaria nada bem.

E então, é escutado um movimento. Uma das encapuzadas se aproxima do microfone o pegando em mãos. A única coisa visível eram seus lábios avermelhados como uma linda maçã, lábios que agora estavam sendo desejados por todos ali.

— De hoje em diante, em Sommer não haverá mais nenhum Bella Moça! Lighed for Alle! — Dito isso, ela jogou o microfone no chão e começou a se afastar para o final do palco junto com as outras moças.

Sua voz, ela era hipnotizante. Linda e forte, como nunca tinha ouvido uma vez sequer na minha vida toda. Ela era uma líder, determinada e com coragem.

Apesar de eu estar com ela nessas ideias, os outros homens não estavam nada felizes. Seus semblantes mostravam raiva, indignação e nojo pela “espécie” delas.

— Nunca, jamais vamos nos curvar diante de mulheres! Vocês são apenas máquinas, bichos, animais para nós. Nunca chegarão aos pés de nós, homens.

Berros e gritos de alegria. O povo estava revoltado e um banho de sangue estava prestes a começar, mas elas já pareciam preparadas com isso. Não demonstraram nenhuma reação de medo ou insegurança diante das ameaças.

— Se querem da maneira difícil. — E assim a mulher sorriu, levantou um de seus braços para o céu e estalou seus dedos. — Dræb alle!

E num piscar de olhos, uma chuva de flechas e balas caiu sobre toda a praça.

Skaller: Revolução GenusOnde histórias criam vida. Descubra agora