Capítulo 3

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Realmente, uma missão por semana cansa mais do que um viagem a barco de Sommer para cá. Mesmo que eu faça isso a muito tempo não me sinto confortável em ficar longe de casa e do lugar onde passo a maioria dos meus dias.

Sair com o pensamento de que talvez eu não volte, que talvez eu seja pego por alguma guarda dos reinos ou morto em uma missão de resgate faz meu coração pesar e que eu me sinta inútil como um soldado.

Enquanto refletia nessas coisas pego o elevador do castelo que subiria em direção ao meu quarto.

Nada melhor do que um bom banho e nossa velha cama para comemorar mais um resgate bem sucedido não é mesmo?

Ao entrar no quarto me deparo com ele igualzinho a quando sai: desarrumado, com roupas e livros pelo chão junto com folhas de estratégias e armas brancas. Nunca me lembro de uma das regras mais importantes daqui: “Sempre arrume sua bagunça, você não tem uma empregada!”. Jamais esquecerei essas palavras da senhorita Rose, mas também jamais irei me lembrar de arrumar.

Com as costas doloridas e claro, muito esforço consigo retirar a alça da bolsa de meus ombros colocando sobre o tapete ao lado da cama. Antes que me desse conta já estava esparramado sobre o colchão, sentindo todos os membros e juntas do corpo doerem de uma só vez.

Não conseguia entender porque sempre doía quando voltava de alguma missão, era quase sempre a mesma coisa: chegar, invadir os campus ou armazéns onde as moças ficavam, ajudá-las a fugirem para as naves e se chegassem alguns soldados do rei, lutar ou atirar na pior das hipóteses.

O esforço era sempre o mesmo e deixar qualquer um para trás estava fora de questão. Um membro da família era um membro da família e uma pessoa a ser salva é uma pessoa a ser salva. Esse é meu lema, e mesmo que minhas superiores duvidem dele e dizem que é impossível salvar a todos, eu digo que é possível, farei acontecer não importa se minha vida depender disso.

Foi o juramento que fiz a mim mesmo quando parti de Sommer a 5 anos atrás.

Cara, pensar que foi a cinco anos que abandonei a minha antiga vida, fui recrutado para uma organização e trazido a Var. Realmente parecia um sonho que ninguém que tivesse visto acreditaria.

Eu achei estranho o modo como fui facilmente recrutado, sempre me perguntei o porquê e nunca soube a resposta. Quando cheguei aqui, vi que haviam mais homens do que eu pensava e que eles estavam se preparando para fazer algum tipo de prova. Perguntei a Calla o que estava acontecendo, e recebi a resposta que eu já sabia:

— Vão completar um desafio, se passarem e se mostrarem realmente confiáveis, poderão entrar para a sociedade.

A partir desse momento comecei a duvidar do motivo de eu ser o único diferente que estava sendo “poupado” de mostrar o quanto podia ser digno de entrar na sociedade com meus próprios esforços.

Na época eu fingi deixar para lá, mas até hoje em dia essa pergunta ainda paira em minha cabeça. Calla nunca soube me responder, mesmo tentando perguntar para sua mãe, a Cleópatra.

Tiro esses pensamentos da cabeça e crio coragem para levantar da cama e caminhar até o banheiro para tomar um banho relaxante e quente. Queria tirar o estresse dos ombros e fazer os pensamentos, que me deixavam com agonia e ansiedade, escorrer pelo ralo assim como a água.

Retiro primeiro meus coturnos de couro, que eram fabricados pelas próprias pessoas da organização, em seguida as meias e depois a calça especial que usávamos em missões e treinos. Seu tecido era de malha poliviscose o que possibilita uma maior facilidade na execução dos movimentos, além dele ser leve e confortável podemos adaptá-lo para várias ocasiões como roupas para água, escalada, um tempo mais frio ou mais quente.

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⏰ Última atualização: Apr 24, 2019 ⏰

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