Ella

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Carpe Diem

Carpe diem é uma expressão em latim que significa "aproveite o dia". Ela quer dizer que devemos aproveitar ao máximo possível o agora, apreciar o presente.

Acho que segui essa expressão ao pé da letra demais, aproveitei tanto o presente, que agora meu futuro estava fodido. Digo literalmente fodido, porque não há palavra melhor para expressar a minha desgraça.

Desde que saí da casa dos meus pais para cursar a faculdade, acabei torrando todo o dinheiro em baladas e festas com amigos. Coisas boas da vida e, sem dinheiro para o aluguel do apartamento, eu estou aqui, na rua.

Sim, na rua.

Puta merda. Como eu fui virar uma sem teto?

Está certo que eu poderia voltar para casa dos meus pais, mas jamais faria isso. Jamais voltaria a morar em Owatonna, uma cidade que ninguém conhecia. Nova York era agora o meu lar e eu jamais o abandonaria.

Mas, droga. Aonde eu vou? Eu também não poderia pedir abrigo para minha amiga Lacy Perry, pois brigamos na noite anterior. Eu simplesmente disse a verdade, o namorado a estava traindo e só ela não via, burra demais. Os chifres dela estão entrando em seu cérebro de tão pesados que estão.

Mais cedo ou mais tarde, ela voltaria atrás e me perdoaria, todavia, até então, tinha me bloqueado nas redes sociais. Não havia como solicitar ajuda.

Eu tinha também outra amiga, Casi Baker, no entanto, ela era casada, e eu não podia me enfiar em seu apartamento minúsculo. Isso atrapalharia a vida do recente casal, eles ainda estavam em lua de mel.

Merda.

Não havia outra saída, teria que aceitar a proposta do meu último amigo solidário, Spencer Ortiz.

Eu tinha outros amigos, entretanto, eram amigos de balada. Nenhum deles me aceitaria como inquilina, uma inquilina não pagante.

O barulho do ônibus estacionando no ponto me tirou dos meus devaneios, peguei minhas duas malas e entrei na fila. Eu sabia que estava prestes a cometer uma loucura. A loucura de invadir a casa de um estranho.

Veja bem, eu não sou uma ladra. Apenas precisava de um lugar para dormir. E, bom, havia um lugar perfeito para mim, acabei descobrindo-o através do meu amigo Spencer. Ele limpava a piscina de várias casas de ricos e me avisou que havia uma mansão com uma casa ao lado. Uma casa de hóspedes que jamais foi utilizada.

O garoto esperto dividia um apartamento com mais quatro amigos. Não havia sequer um espaço para mim. E, convenhamos, cinco homens em um cubículo devia ser um inferno. Bom, depende do ponto de vista.

— Eu te ajudo. — Um homem gentilmente pega uma das minhas malas e sobe com ela no ônibus. Ele me devolve a mala assim que me sento e vai para o fundo. Finalmente um homem cavalheiro que não estava dando em cima de mim. Amém!

"Você vem mesmo pra cá?" — recebi uma mensagem de Spencer.

"Vou" — respondo.

"Seja rápida."

Sim, eu iria cometer essa loucura. Estava desesperada e vamos lá... Carpe diem. Estou vivendo o hoje.

Fico atenta para descer no lugar certo. Passo alguns minutos dentro do ônibus e logo vejo a placa indicando que eu já estava no bairro. Pego minhas malas e as arrasto até perto da porta. A porta se abre e eu desço com certa dificuldade, ando somente alguns passos até avistar Spencer.

Ela é Problema Meu (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now