Capítulo Extra | Jiyong

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     - Acha que eles vão nos perdoar? - April pergunta pela milésima vez durante o caminho até a casa dos meus pais.

     Observo-a de esguelha, pois estou dirigindo e o trânsito hoje está caótico. Aliás, quando não está? Noto que ela está nervosa, mastigando o lábio inferior e mexendo na barra do tecido do seu vestido florido.

     - Bae - estico uma mão e percorro sua coxa parcialmente coberta pela roupa até achar a sua mão repousada ali -, eu já conversei com eles. Vai ficar tudo bem.

     - Mas eles queriam muito estar presentes - choraminga, argumentando.

     Automaticamente, contraio os lábios para evitar uma risada. Isso a deixaria irritada, com certeza. Mas eu não consigo deixar de pensar no quão fofa minha esposa fica quando insiste nas suas paranóias. Apesar de estarmos casados há mais de dois anos, ela ainda acha que meus pais estão ressentidos por não termos feito uma festa apropriada.

     - Se quiser podemos nos casar de novo. Acha melhor assim? - brinco, irônico.

     Não quero passar por outro casamento, é óbvio. Nem meus pais aceitariam a ideia, acredito. O meu primeiro já foi mágico e inesquecível o suficiente - era justamente isso que eles queriam presenciar: o tão aguardado casamento do filho. E apesar de amar meus pais, gosto de saber que aquele momento é apenas nosso. É único e certo a suas maneiras não tão convencionais.

     - Nós podemos? - ela segura minha mão entre as suas e se vira no banco de passageiro em minha direção. Viro o rosto por um milésimo segundo e vejo seus olhinhos brilhantes, clamando por uma resposta positiva. Se a decisão dependesse de mim, me dou conta de que, com certeza, já estaria derretido pelo seu olhar e cederia.

     April tem essa facilidade de conseguir as coisas de mim.

     - Posso sugerir, mas eles não vão aceitar, bae - explico. - Lamento.

     Ela suspira, inconformada, como uma criança que não pôde sair da loja com o brinquedo desejado; mas sei que não está decepcionada com a minha resposta, mas, sim, a verdade por trás dela. Meus pais, de fato, não aceitariam e no fundo ela sabe bem disso.

     - Eu entendo - murmura, cabisbaixa.

     Quando paramos num sinal vermelho, eu me viro em sua direção, seguro seu queixo com a ponta dos dedos e a obrigo a me encarar.

     - Ei, vai ficar tudo bem, ok? - garanto, passando o polegar por sua bochecha e me inclinando rapidamente para beijar seus lábios convidativos. - Eles não estão tão bravos desde que lhes dei a notícia, prometo. Além disso, já faz muito tempo.

     Demora um pouco, mas ela assente, ainda sustentando seu bico temeroso por alguns segundos.

     - Só temos que sobreviver a hoje, certo? - soa mais positiva, abrindo seu sorriso motivado que tanto amo. - Amanhã pela manhã já estaremos no caminho de volta para casa.

     - Sim, bae! Esse é o espírito - dou-lhe uma piscadela e volto a me ajeitar no banco. É o tempo exato de o sinal tornar a abrir e eu arrancar com o carro.

[...]

     Chegamos em estimada uma hora depois e, ao sairmos do carro, somos recebidos pelos meus pais andando até nós dois pelo caminho de pedras disposto sobre parte da grama.

     - Ah, vocês chegaram! - mamãe graceja, me abraçando e em seguida repetindo o gesto com a minha esposa.

     De imediato, ergo uma sobrancelha e lanço um olhar sugestivo para April, dizendo: Está vendo? Não há com que se preocupar. Embora ainda não esteja tão convencido desta atitude extremamente calorosa, só espero que ela continue assim.

Conselheiro Amoroso | G-DragonOnde histórias criam vida. Descubra agora