Capítulo 11

16 1 0
                                    

Ponto de vista de Margot Jonhson

– O q-quê-ê? – perguntei gaguejando, quase não consegui formular a pergunta.

Será que ela percebeu? E se percebeu, como? Ela não parecia perguntar, parecia afirmar, o que me dava mais medo ainda. 

A mulher aparentava ter por volta de uns vinte e cinco a trinta anos. Sua pele era muito branca, com certeza ela não ia muito à praia, e o seu cabelo, longo e ondulado, era ruivo. Ela possuía algumas sardas pelas bochechas, mesmo que aparentemente ela tenha tentado escondê-las com maquiagem. O seu batom cor de vinho marcava bem seus finos lábios que sorriam para mim. Ela era um pouco mais alta do que eu, talvez tivesse por volta de 1,70 de altura. Mesmo com o sorriso acolhedor, seu vestido florido e a aparência nada assustadora, meu coração estava acelerado com ela ali na minha frente. Eu queria sair correndo e fugir daquela mulher.

– Você viu o menino, e o seu amigo o ajudou a seguir o caminho dele. – ela respondeu sorrindo.

– Desculpe, eu não sei do você está falando. – eu disse já me virando para sair, mas ela segurou o meu braço.

– Calma, garota, eu sou como você. – ela disse enquanto soltava o meu braço. – Eu sei que você viu porque eu também vi.

Fiquei calada e a encarando, aquela mulher só podia ser louca. Ela desviou o olhar de mim e passou a procurar algo na bolsa que carregava.

– Sua aura me diz que está assustada... Eu te entendo, também fiquei quando meus dons começaram a aflorar mais... Eu os negava, mas não adiantou, então resolvi entendê-los e aceita-los... Tudo fica mais fácil quando nós aceitamos o que somos, e isso vale para tudo – ela falava sem olhar para mim, ainda mexendo na própria bolsa.

– Moça, eu realmente não sei do que você está falando. 

– Escute o que ela tem para falar, Margot. – disse Evan atrás de mim.

– Escute o seu amigo já que não quer me ouvir... Achei! – ela me entregou um cartão e eu recebi. – Sou Florence Goulding, eu trabalho ajudando essas almas que precisam de ajuda. Assim como é o meu destino, também deve ser o seu, e eu posso te ajudar. Não basta ter o dom, você tem que entendê-lo e saber usá-lo. Caso você não o domine, eles o dominarão aproveitando-se dos seus momentos de fraqueza. Nem todas as almas perdidas são almas boas, lembre-se disso. Nem tudo é o que parece.

Fiquei parada olhando para o cartão, eu não sabia o que fazer ou falar.

– Margot, isso é ótimo! Alguém como você e que poderá te ajudar nesse mundo. – Evan disse animado.

Olhei para ele e ele sorria. Voltei meus olhos para a mulher ruiva e ela sorria e aparentemente olhava na direção do Evan.

– Olha, eu tenho que ir, já estou atrasada. Desculpe-me, eu não sou o que você pensa. – eu disse estendendo o cartão na direção da mulher novamente.

– Ao menos, fique com o cartão. Quando você precisar, pode me ligar.

Eu não disse nada, não queria prolongar mais aquele encontro estranho, então apenas guardei o cartão e saí. Passei o caminho todo tentando ignorar o Evan que falava coisas do tipo:

"Você foi muito rude com a mulher. "

"Aceite a ajuda dela"

"Você vai ligar para ela quando chegar em casa, certo?"

Ah, se eu pudesse esmurrar a cara dele... Evan sabia como me irritar. Por que ele não podia deixar a minha vida em paz por alguns segundos? 

Passei em frente à casa dos meus novos vizinhos e senti um ar frio passar por mim. Por instinto, olhei para a casa deles e vi novamente a menina que vi no outro dia. Ela me olhava triste, ela parecia pedir ajuda.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Mar 31, 2019 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

MóbileOnde histórias criam vida. Descubra agora