3.

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Já no carro, percorremos toda cidade à caminho da boate.

Pudemos adentrar o local sem demora alguma, apesar da fila imensa na porta do estabelecimento.

E por isso, deveríamos agradecer à Coutinho...

Apesar de novo na cidade, bastou-se uma piscadela do jogador para a hostess da casa noturna e tivemos nossa entrada liberada.

Simplesmente ridículo.

Mas enfim, não sou eu quem vou julgá-lo.

Rafaella prontamente saiu à procura das amigas com as quais tinha combinado de se encontrar, e os garotos, é claro, os garotos sumiram de vista...

Ótimo.

Ainê Maria sobrando em um ambiente o qual odiava estar.

Foi aí então que me direcionei ao bar, ato contínuo à puxar uma banqueta e sentar-me.

–Oi. Cumprimento simpática –Dry Martini, por favor. 

Beberico o drink em mãos rapidamente sentindo o queimar do álcool descendo pela minha garganta.

Em silêncio, encarei a taça a minha frente enquanto brincava com as pequenas azeitonas tediosamente.

–O que há de tão interessante nessa taça para que tenha tamanha atenção de sua parte?

Eu odiava o quão familiar o som daquela voz soava em meus ouvidos.

–O que não há em você. Respondi seca, sem ao menos desviar minha atenção das azeitonas à minha frente.

–Sabe Ainê, na fantasia da minha cabeça você continuava doce e gentil como quando da última vez em que nos falamos.

–As coisas mudaram bastante desde que você se mudou para Liverpool sem mais explicações. Repliquei à ele rispidamente.

Sem cerimônias virei então o drink à minha frente e levantei-me graciosamente, visando evitar um prolongamento daquele péssimo diálogo.

Entrego-lhe a taça vazia em suas mãos subitamente, partindo em direção ao banheiro a seguir.

E quando voltei, os anjos pareciam ter escutado minhas preces e agido em meu favor...

Philippe já não se encontrava mais ali.

Pedi mais uma bebida e dei continuidade à minha noite.

Philippe

Eu observava Ainê a cada passo.

A cada gole de bebida que eu a via ingerir.

E a julgar pela quantidade de dry martinis, Ainê possivelmente não tinha mais autocontrole ou um pingo de sobriedade restante.

E ela continuava ali... sem parar.

Com um olhar vazio, perdida em meio a tanto álcool.

Seu presente do companheiro das noitadas seria uma ressaca daquelas na manhã seguinte, mas eu não podia impedi-la.

Aquele não era meu papel, não mais.

Desconhecidos se aproximavam dela o tempo todo, sentavam-se à seu lado e tentavam a todo custo dar início à uma conversa, mas era nítido que Ainê não dava a mínima para nenhum deles.

Até que em uma tentativa falha em seduzi-la, um homem parecia gesticular acaloradamente com a mesma, quem parecia estar fora de sí.

Eu sabia que aquele já não era mais meu papel... mas precisava tomar uma atitude sobre aquilo.

Ligeiramente me aproximei do bar em que se encontravam e dei início à encenação que salvaria sua vida, como de costume.

–Amor!? Aí está você!

Let me go | Philippe CoutinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora