Thirteen

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The Demetria's point of view.

Eu estava cansada só queria que toda essa tortura acabasse logo. Tento parar de pensar em tudo o que está acontecendo e me concentrar para que tudo aquilo acabe, mas não consigo. Não consigo me concentrar porque, de repente, há muito barulho. Meus monitores começam apitar sem parar e duas enfermeiras correm em minha direção.

- Pressão arterial e pulsação caindo - grita uma delas.

- Ela está com taquicardia - grita a outra. - O que aconteceu?

- Código azul, código azul na traumatologia - declara o residente.

Logo um médico aparece junto às enfermeiras, esfregando os olhos cansados de sono e com olheiras profundas. Ele puxa as cobertas e levanta a minha camisola de hospital. O médico coloca a mão na minha barriga que está inchada e dura. Ele arregala os olhos e depois os fecha.

- O abdômen está rígido. Precisamos fazer um ultrassom - diz ele com a voz nervosa.

A enfermeira Ramirez saí correndo até os fundos da sala e volta com algo que parece um notebook e um cabo longo ligado nele. Ela passa um gel gelado na minha barriga e o médico, o cabo.

- Droga. Está com fluido demais - diz ele. A paciente passou por alguma cirurgia hoje à tarde?

- Sim, tirada do baço - responde a enfermeira Ramirez.

- Pode ser algum vaso sanguíneo que não foi cauterizado - acrescentou o médico. - Ou algum pequeno vazamento causado por perfuração no intestino. Foi acidente de carro, certo?

- Sim, a paciente foi transferida hoje pela manhã.

O médico folheia meu prontuário.

- Foi o doutor Sourensen quem fez a cirurgia. Ele ainda está de plantão. Levem-na para o centro cirúrgico. Vamos ter que abri-la para verificar de onde vem o líquido, antes que o quadro piore ainda mais. - Ele suspira. - Deus do céu. - ouço o médico sussurrar. - Traumatismo craniano, pulmão em colapso. Essa mulher está pior do que se um trem tivesse passado por cima dela.

A enfermeira Ramirez lança um olhar de repulsa para o médico como se ele tivesse acabado de me xingar.

- Srta. Ramirez! - repreende a enfermeira rabugenta sentada à mesa. - Você já tem os seus pacientes para cuidar. Vamos entubar essa garota e transferi-la para o centro cirúrgico. Vai ser melhor para ela assim do que ficar fazendo hora aqui!

As enfermeiras se apressam para retirar os monitores e os carateres e colocar outro tubo na minha garganta. Dois atendentes chegam rapidamente com uma maca e me transferem da cama para ela. Continuo nua da cintura para baixo enquanto me tiram dali, mas, antes que eu chegue à porta dos fundos, a enfermeira Ramirez grita: "Esperem!" e então, gentilmente, ela ajeita minha camisola, cobrindo as minhas pernas.

Ela tamborila o dedo três vezes em minha testa, como se fosse algum tipo de código Morse. E então, sou levada pelo labirinto de corredores até o centro cirúrgico, para mais uma sessão de cortes.

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Estou de volta aonde tudo começou. De volta à UTI. Meu corpo está, melhor dizendo. passei a cirurgia tentando não pensar em nada, cansada de mais para tentar mais esforços. Gostaria de poder dormir. Gostaria que tivesse algum tipo de anestesia para mim, ou pelo menos, algo que fizesse o meu mundo se calar. Quero ser como o meu corpo, calado e sem vida, posto nas mãos de outra pessoa. Não tenho energia para essa decisão. Não quero mais isso.

Fiquei fora da UTI por algumas horas e mais algum na sala de recuperação. Não sei ao certo o que aconteceu comigo, e, pela primeira vez do dia, não me importo nem um pouco. Não deveria me importar. Não deveria ter tentado tanto. Percebo que morrer é fácil. Viver que é difícil.

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