Capítulo 03.

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Quando terminarem de ler vão no meu twitter votar na próxima enquanto! Enjoy.

- Val - a voz de Juliana soou um pouco rouca.
- O que?
- Você tem certeza dessa decisão? - perguntou ela se referindo a ir embora para outro país.
Ambas estávamos deitadas em minha cama com nossos corpos cobertos apenas por um lençol, enquanto fitavamos o teto, ambas pensativas.
- Eu não sei, na verdade...
Fiz uma pausa no meio da frase e me virei ficando de lado para olha-la enquanto voltava a fala.
- A certeza que tenho é de que quero ficar ao seu lado, não importa onde - disse.
Pude notar ainda uma pequena insegurança vinda da expressão em seu rosto.
- O que foi? - pergunto.
- Não sei... É que fico pensando no que nossas famílias irão achar disso - ela parecia pensativa ainda. - Então, se virou para mim também e continuou: - Me encanta a ideia de morar com você e construir algo juntas, mas ainda há porém aqui, não acha?
- Não - disse direta.
- Não?
- Não - repeti me sentando na cama e ela fez o mesmo - Já somos adultas e temos direito de cuidar de nossas vidas da forma que queremos, Juliana.
- Eu sei...
Ela deu um suspiro e depois me direcionou um sorriso. Suas mãos seguraram em meu rosto e então, ela encheu o meu rosto de beijos me fazendo rir.

Oi, é o Jacobo. Não posso falar agora, mas deixe seu recado após o sinal.
- Pai, é a Valentina. Estou um pouco preocupada com o senhor. Já deveria ter voltado. Preciso que volte o mais rápido que puder, tenho algo para contar. - faço uma pausa - Sinto sua falta...
A mensagem chega ao limite me interrompendo antes de dizer que o amo.
Me acostumei a presença do meu pai no corpo de outra pessoa. Era ele ali. Me sentia a pessoa mais sortuda do mundo por ter a chance de conviver com meu pai novamente. Eu precisava dele comigo.
Eu estava prestes a me mudar do país e não havia tido nenhuma notícia do meu pai, isso estava me apavorando um pouco.
Coloquei o celular dentro da bolsa e segui até o carro.

No caminho até a prisão, imagino as variáveis reações que Eva poderia ter quando eu a contasse que estava indo embora com Juliana.
Ela ainda não aceitava muito bem a minha relação com Juliana. As poucas vezes que tentei falar sobre isso com ela, ela disse que não queria falar sobre isso. E foi assim que deduzi que ela ainda não aceitava.
Meu celular clareia no carro.
Mensagem de Juliana.

Estou na loja com minha mãe
Ela vai cuidar enquanto estou fora
Tudo certo

Chego na prisão e após toda uma burocracia, estou na sala de visitas esperando que tragam Eva.
Não demora muito para ela aparecer na porta acompanhada de uma agente que tira as algemas de seus pulsos. Ela me olha com um sorriso, que sei que logo iria se dissipar, e se senta a minha frente. Estamos separadas por um vidro a prova de balas e o único jeito de nós comunicarmos é através de telefones que ali estão.
- Como você tá, Vale? - pergunta ela com a voz carregada.
- Eu tô bem, e você?
Ela respira fundo e fecha os olhos, como se segurasse o choro. E então percebo que fiz uma pergunta idiota.
- Bem - diz com esforço.
- Mateo veio aqui essa semana? - pergunto na tentativa de enrolar um pouco mais antes de jogar a bomba.
- Ainda não. Provavelmente ele vem amanhã e trará minha filha.
Ficamos em silêncio por alguns instantes, até ela voltar a falar.
- Sinto sua falta, sinto falta de todos, Val.
Seus olhos estavam cheios, prestes a chorar, e isso partia meu coração.
- Também sentimos muito a sua falta - falei com a voz carregada também.
- O papai apareceu?
- Não. Ele ainda está em Paris e sem dar nenhuma notícia.
- Isso é estranho.
Balancei a cabeça concordando e sentindo um nó na garganta surgir.
- E se aconteceu alguma coisa com ele, Eva?
- Ei, calma, Valentina. Ele está bem. Só deve estar ocupado demais com aquela mulherzinha. Ela fez questão de voltar a vida para nos infernizar mais.
- Eva! - a repreendi.
- O que?
- Para com isso.
Ela suspirou revirando os olhos.
- Vamos mudar de assunto. Como está a faculdade? Esta pronta para o TCC?
Aquela pergunta me paralisou.
Como eu iria explicar para ela que iria trancar a faculdade justo quando estava prestes a me formar e tomar um espaço na empresa da família? E mais, faria isso para viver em outro país com outra mulher.
- Valentina? - ela me encarava esperando uma resposta.
- Desculpa...
Outro silêncio constrangedor.
- Valentina!
- Eva, eu tô indo embora - disse de uma vez por todas.
- O que?
Respirei fundo outra vez.
- Juliana recebeu uma proposta de emprego muito importante, no EUA. Então, eu decidi ir com ela.
- Você está louca, Valentina?! - sua voz estava exaltada.
- Não estou louca, Eva - minha voz dos firme assim como minhas palavras - Depois que sair daqui vou até a universidade para encerrar tudo. Não é mais o que eu quero. Eu vou continuar a carreira de modelo, junto com Juliana em New York.
- Valentina, você não vai fazer isso! - quase gritou, chamando a atenção das agentes ali paradas - Você não pode fazer isso com sua carreira, com a empresa, com o papai!
- O que isso tem a ver com ele?
- Eu estou presa aqui, Val. Guille foi embora com Renata e não quer nada com a empresa. Você é a única da família que pode assumir. Pelo amor de Deus!
Ela continuava a mesma Eva. Sempre querendo controlar a vida de todo mundo, mas a minha não mais.
- E quem te disse que EU quero isso?
- Para de ser irresponsável, Valentina!
- Não é irresponsabilidade! É a minha vida, Eva! Eu decido o que fazer com ela.
Ela abriu a boca para falar algo, mas foi interrompida pela agente lhe avisando que estava na hora de voltar para sua cela. E assim o fez.
Nossa conversa terminou ali.
Não estava surpresa por aquela reação, mas estava magoada. Mesmo depois de tudo o que aconteceu, ela ainda era a mesma Eva.

A caixa postal do meu pai devia estar cheia de mensagens minhas, afinal, ele era a única pessoa, além de Juliana, que eu poderia conversar sobre este tipo de coisa, ele sabia exatamente o que me falar e como lidar.
Não podia mais adiar a viagem para New York com Juliana, ela tinha que estar lá logo e eu não deveria atrapalhar isso por estar esperando meu pai aparecer.
Estava na hora de ir.
Tudo estava pronto. Tranquei a faculdade, deixei a casa nas mãos de Chivis, Mateo continuava cuidando da empresa e eu... Bom, estava indo viver minha vida com a mulher que deu significado a ela.
Havíamos combinado de nos encontrar após resolvermos o que tinha para ser feito antes de irmos embora a noite.
Acabou que levou o dia todo para isso acontecer e só pude ir até a sua casa quando chegou a hora de irmos para o aeroporto.
Pedi que Alírio fosse buscá-la comigo. As malas estavam no carro com espaço para colocar as dela. E eu estava em sua porta esperando que me atendesse.
Não demorou muito para que abrisse a porta e me recebesse com um lindo sorriso no rosto.
- Está pronta? - perguntei depois de beijar os seus lábios em um gesto de carinho.
- Estou - disse ela sorrindo - Vou pegar a bagagem.
- Ok.
Fiquei na sala esperando ela voltar. Meus pensamentos estavam a todo vapor.
- Não acreditei quando Juliana me contou - a voz de Lupita soou da porta me assustando um pouco.
- O que?
- Fiquei surpresa por você largar tudo aqui por ela - deu de ombros.
- Por nós - corrigi dando um sorriso - Fiz isso por nós duas.
Ela assentiu e se aproximou mais de onde eu estava parada.
- É só que... - ela suspirou - Você já fez tanto pela minha filha, por nós duas. Eu sei que você a ama, mas não sei se é certo abrir mão de tudo o que você tem aqui.
- Lupe. Aqui eu sou filha do milionário morto que foi golpeado pela própria filha que está presa, além de tudo isso, as pessoas só se importa em julgar quem eu amo e eu tô cansada disso.
Ela ficou em silêncio me encarando.
Logo depois ela me puxa para um abraço me surpreendendo, como sempre.
Acho que nunca iria me acostumar com isso. Com Lupe aceitando tudo isso e me tratando como parte da família. Ela só estava preocupada com nós duas e eu entendia isso.
Ela desfez o abraço e me olhou lançando um sorriso que eu retribui.
- Vamos? - Juliana falou enquanto tentava puxar as malas sozinha. Não eram muitas, ela só estava sendo desajeitada de uma forma fofa.
- Deixa que eu te ajudo - disse pegando duas das três malas que carregava.

Já do lado de fora, com ajuda de Alírio conseguimos colocar as malas no carro, mas antes de irmos para o aeroporto, nos despedimos de Lupita que parecia estar triste e emocionada ao mesmo tempo.
E ela estava.
Seus olhos estavam cheios, indicando que estava prestes a chorar.
- Mãe - Juliana a abraçou forte e a sua voz também estava carregada.
Não fiquei de fora disso, meus olhos também estavam marejados por essa despedida e pela partida estar se tornando real.
- Mãe, eu prometo que logo irei vir te buscar com Panchito, ok?
Ela assentiu por não conseguir falar. Estava chorando, assim como Juliana.
Assistir a essa cena fez eu ter saudades mais uma vez do meu pai.
Eu não poderia ir sem me despedir dele, mas ao mesmo tempo não tinha como fazer isso já que ele havia sumido.
- Juls, eu vou fazer uma ligação. Te espero no carro - digo.
Abracei Lupita mais uma vez e entrei no carro discando o número do meu pai.
Como esperado, outra vez cai na caixa postal, mas dessa vez não desligo.
- Pai, eu sei que já deixei inúmeras mensagens, mas esse é o mais importante para mim - suspiro - Eu estou indo embora do México. Juliana tem uma grande oportunidade no EUA e acho que para mim também. Queria me despedir de você de forma melhor, mas não posso esperar. Por favor, mande notícias quando voltar, eu...
O tempo para o recado acaba e eu fecho os olhos para segurar algumas lágrimas que ainda sim escapam.
De repente a porta se abre e Juliana me olha preocupada.
- Você está bem? - pergunta ela entrando no carro.
Enxuguei as lágrimas e assenti de forma positiva. Ela continuou me encarando como se esperasse uma resposta verdadeira.
- Eu só estou com saudades do meu pai.
Sua não estava em meu ombro numa tentativa de conforto.
- Não tenho notícias dele há semanas e isso me preocupa. Ele já deveria ter dado notícias, Juls - digo a fitando - Tenho medo de perder ele de novo, eu não suportaria...
- Ei - suas mãos estavam em meu rosto enquanto seus olhos estavam presos aos meus - Não diga isso, ok? Ele vai aparecer e você vai ver que está tudo bem.
- É que nem tive a chance de me despedir antes de ir embora, queria esse momento com ele, sabe?
Seu polegar massageava minha bochecha enquanto continuava me olhando fixamente.
- Eu acho que deveria ficar aqui.
- Juliana, não.
Desviei meu rosto de suas mãos, mas ela o puxou de volta para que continuasse a olhando.
- Escuta, Val - disse ela - Você não precisa ir agora. Pode ficar aqui e esperar que seu pai volte, então você conversa com ele e pode ir mais tranquila.
- Eu já estou decidida a ir com você agora, Juliana!
- Ok, ok - ela soltou um suspiro seguido de um leve sorriso - Tudo bem. Melhor irmos então, antes que percamos o voo.

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⏰ Última atualização: Apr 01, 2019 ⏰

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