Kim Youngsun.

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Vou-vos explicar meus amores que se queremos um futuro promissor, temos de trabalhar por ele.

Primeiramente, olá. O meu nome é Kim Youngsun, tenho 26 anos e finalmente assinei contrato com uma das maiores empresas da Coreia. Isso mesmo, sou repórter de investigação. E por vos ter falado de um futuro promissor, bem, como sabem, aqui na coreia as coisas não são fáceis e se queremos algo realmente temos de lutar por isso. Essa é a razão de me chamarem prodígio, a repórter prodígio. Saí nas notícias aquando da assinatura do meu contrato por ter sido a reportar mais jovem a entrar na KBS. Para tal feito saí cedo da casa dos meus pais, entrei na universidade com a maior nota já atingida, acabei o curso com uma média demasiado alta para ser esquecida e fui logo contratada para uma noticiária local. Se me permitem, odeio pessoas que não levam as coisas a sério, odeio pessoas que se limitam a viver e deixar o tempo passar, odeio pessoas que não se empenham em fazer algo da vida a não ser gasta-la, odeio pessoas que vivem constantemente como se a vida fosse uma festa esquecendo que existe trabalho a ser feito. Odeio pessoas que gastam os seus dias de descanso, a descansar. Para chegar onde cheguei, tive de me enrolar em inúmeras investigações, procurar as migalhas que são esquecidas no meio de tantas conversas, lidar com pessoas que me apontam uma arma à cabeça como se fosse alguma espécie de brincadeira. Para chegar onde cheguei, tive de descobrir a maior rede de droga entre os grandes CEO'S e liderar com a reprovação de muitas que os protegiam. Contudo, essa descoberta levou-me a este tão esperado contrato. O auge da minha carreira, a repórter prodígio. Sim, sou eu.

- Hey! Solar, estás a falar sozinha? - Solar é o nickname que Wheein arranjou para mim dando desculpa que o meu nome é demasiado grande para ser pronunciado. Ficam já avisados que só as pessoas que me são realmente próximas me podem chamar assim.

- Oh, Wheein! Não, acho que estou só a trabalhar no meu discurso para logo à noite. Que tal está?

- Demasiado sombrio, eu diria. Que tal adicionar algo alegre nesse teu discurso tão macabro? As pessoas vão achar que só vives para o trabalho.

- E não é verdade? - Ambas rimos. É verdade, eu posso admitir, eu sou uma obcecada pelo trabalho. Mas já que aqui estamos, apresento-vos a minha melhor amiga, Jung Wheein! Ela é modelo desde criança, trabalhava para várias marcas de roupa e hoje encontra-se nas maiores capas de revista. Como a conheci? Pela universidade. Como exercícios práticos, muitas vezes, dirigiam-nos para a universidade de artes plásticas, moda e design para praticarmos entrevistando os alunos de lá como se eles já estivessem num patamar muito superior ao nosso. Para conseguir um trabalho digno e para entender o meu verdadeiro potencial, vasculhei todos os alunos daquela universidade procurando o aluno mais apropriado para me avaliar e como podem ver, essa é a minha atual amiga. Visto que esta cresceu sendo entrevistada e vivia no olhar das camaras ela saberia avaliar-me em condições e dar-me dicas sobre o que poderia melhorar. Felizmente, a Wheein também é dedicada ao trabalho, mas ao contrário de mim também é bastante, mas mesmo bastante festivaleira e se ouvir falar em festa, será a primeira na fila. A Wheein é o que chamo de balanço da minha vida, quem me mantém sã, quem me mantém de pés na terra, mas é também quem me apoia, quem me empurra em direção ao sucesso, quem me ampara quando vejo meu mundo desmoronar. É o amor da minha vida, a minha e única verdadeira amiga, a minha confidente. Só ela sabe todos os meus segredos. No meu último ano da universidade ela convidou-me a irmos morar juntas num condomínio mesmo no centro de Seul o que eu aceitei de bom grado visto que tornava as despesas muito mais fáceis assim como o acesso ao trabalho.

Lá fora o dia estava claro, sorridente como a dar-me as boas vindas, e para aproveitar tal feito, já que estamos em pleno outono e um sol assim não é tão frequente, dirigi-me à janela do meu quarto acabando por me sentar no seu parapeito. A luz solar aquecia-me a cara e eu conseguia sentir uma energia a apoderar-se de mim. Neste momento tudo faz sentido e sentir o sol a aquecer-me a alma faz-me sorrir. A luz Solar a aquecer a Solar, se é que me entendem. Olho para a rua lá em baixo, parece longe, demasiado longe e numa súbita aparição de emoções sinto-me sozinha. Atingi o sucesso, tenho entrevistas e conferências a dar, fui convidada para dar workshops ligados ao meu trabalho, sou uma das maiores fontes de informação e sou a mais procurada pelas forças policiais ao ponto de termos investigações conjuntas, sou uma pessoa em quem as pessoas confiam, mas no fundo, sou apenas isso. Não me interpretem mal, atenção! Eu adoro todo este alvoroço em torno de mim, eu adoro ser a primeira a atingir este tipo de objetivos, eu adoro estar no topo mas não adoro estar longe. Nos meus momentos mais frágeis, como agora, sinto-me sozinha e acabo a pensar nas pessoas que me rodeiam e em como elas se conseguem divertir, desligar do trabalho, procurar novidades e tirar proveito delas, criar memorias se é que me entendem.

Contraste. (Moonsun)Onde histórias criam vida. Descubra agora