Moonbyul.
Acho que o relógio parou. Ou pelo menos, a minha mente parou. "A Seulgi está apaixonada por ti." Foram palavras que me atingiram em cheio e o meu cérebro não está a conseguir processá-las. É mentira, como é obvio, só pode ser mentira! A Seulgi é demasiado inteligente para se apaixonar por alguém como eu. É demasiado bonita também. Mas a mulher à minha frente olha-me séria, como se me estivesse a contar os segredos do planeta Terra. Ou melhor, ela olha-me séria, mas com um pequeno sorriso de canto. Aposto que se lhe desse uma pequena broca para a mão, ela espetaria na minha pele e iria torcer até me ouvir a gritar de dor. Não consigo entender este seu fascínio em tentar magoar-me, em tentar gozar-me? Ela não entende que uma energia negativa, atraí mais energias negativas? Não entendo qual a dificuldade em ser boa para as pessoas e é isso que tento fazer, tento procurar uma resposta. A minha mente está branca e não vejo nada. Olho-a nos olhos. Não lhe dou o gozo de obter um esclarecimento. Em vez disso, faço como disse, tento eu procurar um. Os seus olhos são castanhos escuros e não possuem luz. Ou melhor, uma luz muito pequena. É como se há muito estivessem mortos, como se a alma dela estivesse para morrer. Parece-me cansada e isso nota-se através das suas olheiras expressivas. Como ela é branca, estas sobressaem-se e qualquer um consegue reparar nelas. O seu cabelo grande, pesado, cai-lhe lindamente. Neste momento encontrasse liso, esticado até a meio das costas, mas estando de frente para ela, só consigo observar em como lhe cai bem nos ombros. A minha mente, previamente vazia, está agora cheia de pensamentos sobre a Youngsun. É uma mulher extremamente bonita se tirarmos um pouco de tempo para a observar em condições. Sinto a minha cara a ferver, provavelmente estou vermelha, mas tento não transparecer nada. Não quero que ela saiba a minha opinião ou o fascínio que estou a ganhar pela sua beleza. Afinal, ela é uma arrogante do pior, não é verdade!? Ainda assim, continuo a prendê-la no meu olhar e sei que este se encontra a surtir efeito. Está com cara de apavorada e nota-se a sua incapacidade de reagir. Não consegue parar de me encarar, está impossibilitada de se mexer.
Abro as mãos e reparo na ardência das minhas palmas. Estão marcadas, marquei-me sem querer com as minhas próprias unhas. Nem se quer reparei que os meus punhos se fecharam. Estou inquieta e a frase proclamada pela repórter continua a ressoar dentro do meu crânio, como um eco.
Para obter algum descanso, desvio o olhar. Tento pensar, meditar, o que seja. Mas não consigo e não sei o que dói mais. Uma pessoa apaixonar-se por mim ou então, uma pessoa com tão pouca vontade de viver como a Youngsun. Vocês não conseguem ouvir daí? O interior dela grita por ajuda. Seja lá o que for que esta mulher sente, como esta mulher vive, o que esta mulher esconde. Digam-me que conseguem ouvir daí. Não acho que seja eu a imaginar coisas. Para ter a certeza que eu tenho razão, volto a prendê-la visualmente e ainda vou a tempo de reparar na sua forma subtil de me admirar. Claro que é admirar, afinal, nunca viu outra pessoa na vida como eu, assim, bela. As suas feições são tão transparentes e fáceis de ler. Está com pena de mim, está confusa pela forma como eu reagi. Provavelmente esperava algo mais claro, mais esclarecedor para a sua pequena provocação. Infelizmente para ela, saiu-lhe tudo ao lado e agora tenta ler-me, tenta entender, mas as suas sobrancelhas franzidas só me dizem que não entende nada. Sou assim, um poço de segredos indecifráveis.
Consigo sentir as minhas mãos a tremer levemente, os meus ombros a tremer levemente, a minha estabilidade a tremer levemente. Uma sensação aguda apodera-se de mim e não sei muito bem qual a sua finalidade. O que devo fazer?
Mais uma vez, a Youngsun mostra dor através das suas expressões. Quer libertar-se, mas não tem coragem de desviar o olhar. Parece uma cena qualquer onde o autor simplesmente quer que as almas se encarem, frente a frente. Olho por olho, dente por dente. Como por reflexo, a mulher treme, acompanhando-me. Faz-me confusão como agora ela parece tão frágil e não a Senhora-Toda-Poderosa que mostrou ser até então. Afinal de contas, ela também fica apavorada. Ao que parece, não é apenas a repórter prodígio, a senhora dos grandes ecrãs ou dona de toda a verdade. Ela esconde-se. Esconde-se tão bem que esta pequena amostra faz o meu corpo abalar-se. Como por instinto, pego-lhe na mão que se encontra pousada em cima da mesa. Abro-a, dedo por dedo expondo a sua palma, a área mais sensível. E com toda a coragem que existe em mim, beijo-a da forma mais carinhosa possível na esperança de a acalmar.
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Contraste. (Moonsun)
FanfictionKim Youngsun é a mais nova ascensão ao sucesso. O mundo ergue-se aos seus pés e ao seu trabalho árduo. Recusa-se passar os dias a descansar e jurou sempre ser verdadeira. Prometeu trazer confiança e transparência às pessoas. Kim Youngsun está na boc...