ESTER
O hospital tornou-se uma bagunça com a chegada de todas aquelas pessoas espalhadas pelo saguão.
A sala de espera nunca suportou tantas pessoas ao mesmo tempo, tenho certeza. E o que mais deixou as atendentes do hospital loucas e mau humoradas? Todos falavam ao mesmo tempo. Um verdadeiro caos instalou-se ali, e eu? Bom, desci correndo do carro deixando o Jorge para atrás estacionando e passei de fininho para a sala de pre parto.
Heloísa tinha o marido a seu lado, mas, por nada nesse mundo eu ficaria longe dela nesse momento. Estaria com ela até que chegasse a hora do meu sobrinho nascer.
Tá, eu sei, vocês devem estar se pergunto um monte de coisas sem entender exatamente nada, não é? Por exemplo, em que parte da história eu voltei com o Jorge para estar andando com ele para baixo e para cima, etc e tal. Bom, vou contar.
Enquanto Bernardo e Heloísa viviam o sonho de amor deles, muitas coisas aconteceram, e isso inclui o meu processo de reaproximação com o grego dois, vulgo Jorge. Que tal começarmos de onde paramos lá atrás, no finalzinho do livro 01? Vamos lá.
— Ei amor, acorda. Abra os olhos para mim, meu bem.
Com um sorriso fraco e sonolento ela se virou e o olhou com ternura. Aquele momento estava sendo muito especial para mim, mas muito mais para eles.
— Estou cansada, apenas isso. Como está o nosso filho?
— Recebendo todos os cuidados que ele tem direito, vou acompanhar isso de perto e deixar que durma um pouco. Foram horas bem difíceis, principalmente para você.
— Está bem, vá e fique de olho no nosso menino. Eu só preciso de um tempinho.
Heloísa estava visivelmente exausta depois do parto complicado que teve, para dar à luz ao pequeno Trassus.
— Eu fico com ela, pode ir Bernardo. Me avise quando o meu sobrinho estiver a caminho do quarto. Enquanto isso, a farei companhia.
— Obrigada Ester, foi muito bom ter você ao nosso lado.
— Eu sei. Você estava quase desmaiando, por isso fiquei na sala. Sabia que não daria conta, homens são assim mesmo.
— Ah Ester, só não vou brigar com você porque neste momento estou muito feliz. Mas depois a farei engolir essas palavras. Eu sou um homem, posso aguentar situações como essa sem desmaiar, ok?
Bernardo me encarou com aquele olhar de grego do mal na intenção de me assustar, mas, tudo o que conseguiu foi me fazer cair na gargalhada. Levei as mãos a boca e olhei para a Helô que já dormia profundamente.
— Vou fingir que acredito em você e encerrar por aqui, não quero perturbar o sono da minha amiga. — Passei uma de minhas mãos em seu cabelo com carinho. — Pelo menos agora sabemos que ela vai mesmo, acordar.
— Você também se lembrou.
— Sim, jamais vou esquecer toda aquela angustia pela espera, enquanto ela dormia sem sabermos se voltaria para nós.
— Mas ela voltou, e cabe a nós cuidarmos para que seja sempre assim.
— E nós vamos. — Respondi ainda olhando para Heloísa.
— Ester, você é um pé no saco, maluca por natureza, mas eu até que gosto de você.
— Uhhhh — Bufei virando os olhos.
— Sai daqui, Bernardo. Vai logo ver o nosso mini grego e para de me encher.
Bernardo sorriu divertido e saiu, nos deixando no silêncio quase total, quebrado apenas pelo barulho dos aparelhos ligados ao corpo da Heloísa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um devasso em minha vida
ChickLitEster aprendeu desde muito cedo a se virar sozinha. Sem família ou amigos próximos, estudou, trabalhou e conquistou sua independência sem poder contar com nenhuma ajuda . Nem mesmo um coração quebrado pela decepção amorosa que sofreu quando ainda e...