O começo de tudo

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Fazia uma manhã fria e silenciosa, Xadia encontrava-se no ápice do seu inverno mais rigoroso. A cidade sempre foi vista como uma das mais bonitas do país, contudo, era muito difícil ter turistas por ali. No centro de Xadia havia um parque recheado de árvores e mais árvores, uma verdadeira imensidão verde e mais adiante, via-se o lago de peixes e patos. A casa de Adallind ficava não muito longe dali, por ser uma grande mansão, a jovem podia ver o parque através de sua sacada no quarto andar.

Ela observava sua gata, Majique, dormindo a sono solto perto da lareira em seu quarto, quando sua mãe irrompeu pela porta:

- Ora Adallind! Levante-se! Agora! JÁ!
- Já estou indo mamãe. - Disse Adallind desanimada.
- Não seja tão desanimada querida, hoje é o seu grande dia, afinal.
- Mas mãe, não quero me casar! Por quê eu tenho que fazer isso?
- Porque seu grandíssimo noivo é muito rico querida, ele possui muitos dotes.
- Mãe, sabe bem que não precisamos disso. - Disse Adallind, seus olhos cintilando para a mãe.
- Escute querida - Disse a mãe, um olhar triste e uma feição de pesar a tomou pela face - Eu tentei de todas as formas convencer sua avó de que isso não é necessário, mas sabe como ela pode ser persuasiva. Ela acredita que essa tradição deve continuar e que qualquer um que se oponha será taxado como rebelde e retirado da herança.
- Mãe, eu não me importo com o dinheiro e os dotes da vovó, ela vai morrer de qualquer jeito e não vai nos deixar nada mesmo. - Disse emburrada.
- Hahahaha, ora querida, não seja tão perversa. Vamos, se arrume. Prometo tentar dar um jeito na sua avó antes que o casamento realmente aconteça. Mas esteja preparada para morarmos embaixo da ponte. - E saiu rindo-se.

Adallind levantou de sua cama e sentou em frente ao seu espelho. Observou seus cabelos longos, muito castanhos, caindo em cascata pelo seu corpo. Seus olhos verde-vivos estavam cansados, havia olheiras embaixo deles. Aparentava estar doente, "é isto, vou morrer" pensou dramaticamente. "Tenho de dar um jeito nesta aparência", levantou-se e se direcionou à extremidade do quarto, onde havia uma porta que dava para o banheiro. Ao passar pelo bidê, olhou no relógio e viu "sério mãe? 06h30 da manhã e está me acordando para me arrumar?", Revirou os olhos e entrou no banheiro.

A casa de sua vó tinha o nome de casa dourada, seja pela riqueza ou pela cor dourada dos cabelos de sua avó. Adallind analisou o banheiro, era grande. Havia uma grande banheira na extremidade da esquerda, com vista da janela, um chuveiro de vidro estava a 5 metros da grande banheira e mais adiante, tinha outra porta, que dava ao vaso sanitário. "Vovó é muito exagerada" pensou. Encheu sua banheira com água quente e sais de banho, adentrou-se e começou a pensar sobre sua linhagem.

Os Golden, ironia o sobrenome, eram uma família fundadora de Xadia. Um dos mais ricos que continuavam ricos, sua avó, Elizabeth Rinaldi Golden, fazia parte da realeza de uma terra distante e se casou com o Duque Robert Rinaldi. Juntos tiveram 5 filhos. Tia Lucinda, Tia Amália, Elizabeth II, mãe de Adallind, Tio Joseph e Tio Daniel. Todos com sobrenome Golden. Todos ricos, ou mais ou menos isso. Os Golden sempre conseguiam o que queriam. Adallind nunca entendeu o porquê. Sua mãe dizia sempre que um dia teria idade para entender.

Depois do banho relaxante, Adallind desceu para tomar café e se deparou com sua mãe a esperando ao pé da escada, seu rosto suavizado e levemente corado.

- Querida, sua amiga Jane e seu amigo Diego estão aqui. Tomarão café da manhã conosco. O pai de Diego também está aqui.
- O quê? O senhor Taylor está aqui? Mãe, acho que ele veio por você, não por Diego.
- Ora não seja ridícula, ele é muito gentil, trouxe flores e alguns biscoitos. Apenas isso.
- Tudo bem, eu finjo que acredito. Vamos, estou faminta.

Jane e Diego eram os vizinhos e amigos de infância de Adallind. Os três formavam o trio de ouro da cidade. Jane era alta, esbelta, seus cabelos eram negros como a noite e seus olhos eram de um castanho claro com um brilho dourado único, era muito determinada, sensível e apaixonada, uma sentimentalista, já Diego era o padrão de garoto que toda garota poderia querer, seus cabelos eram castanho claros, seus olhos tinham uma cor muito clara próxima ao cinza que, assim como a irmã, tinha um brilho dourado muito singular. Diego era um jovem muito aberto, extrovertido, por vezes taxado de grosseiro por ser direto demais no que quer dizer e com um humor impecavelmente peculiar. Os três viviam fazendo serviços para à comunidade, plantando árvores, arrecadando fundos para instituições, tinham muitos contatos visto que a avó de Adallind foi a prefeita da cidade várias vezes e agora a mãe de Jane era a prefeita, o pai de Diego era o diretor da escola que frequentavam.

A Ordem da Magia: Contos de XadiaOnde histórias criam vida. Descubra agora