G W E N
Foi rápido como uma chuva de verão. Num momento eu estava discutindo com Cassie enquanto usava minha calça de pijama, e agora estou dentro de um tubinho, pensando na quantidade de calos que aquela sandália iria me causar. Tanto que nem percebo quando tia Margot para em frente a casa de Britt me obrigando a saltar do carro e seguir Cassie pelo jardim que logo estaria em decadência.
- Por favor, Gwen. Seja gentil. Sem piadas irônicas, ou revirar os olhos e não desdenhe quando falar com as pessoas! - Cassie adverte antes de tocar a campainha.
- Preciso lembrar que não tenho cinco anos? - cruzo os braços.
- Preciso pedir para não ser mal educada?
Volto a fechar a cara. Seria infantil da minha parte se eu lhe mostrasse a língua?
Reviro os olhos pelo o que parece ser a última vez .Já estava pronta para insultar Cassie novamente quando, a porta se abriu, revelando um cara ruivo de feições bem familiares.
- Você não é a Britt. - indago entrando na casa junto com Cassie. - Você faz o bigode. - aponto para a região do buço fazendo o desconhecido sorrir e a loira ao meu lado bufar.
- Você continua arisca não é, lalaland? - perguntou cruzando os braços e mostrando suas covinhas.
Encaro o estranho a minha frente. De onde esse cara me conhece? E o mais importante: Que raios de apelido é esse?
- Go Go boy? - estalo fazendo-o gargalhar.
- O primeiro e único! - abre os braços.
- Ainda não sou de abraçar. - aviso, e como resposta ele se aperta mais ao meu redor.
- Oi Cassie.
- Oi Charlie. - Cassie se volta para mim ignorando a presença do rapaz. - Vou procurar a Britt. - informa ao se afastar. - Lembre do que combinamos!
- Por que eu sinto que ela não gosta de mim? - Charlie pergunta o óbvio.
E esse é um dos raros momentos onde mentir é a melhor saída.
- Não é por que te ignora que ela não gosta de você. - na verdade, é sim. - Ela só... Não te conhece.
Ele arqueia a sobrancelha.
- Fomos vizinhos por quinze anos! - responde me deixando com cara de tacho.
De fato.
Conheci o Charlie quando ele ainda era um garotinho magricela, de dentes separados e sardas no nariz, por quem minha prima nutria uma avalanche de sentimentos.
O ruivo a minha frente era uma peste quando criança. Eu adorava ajudá-lo a arquitetar seus planos para roubar doces. Os quais sempre tentava dividir com Cassie. No entanto, moralista do jeito que ela é, nunca aceitaria o fato do seu "grande amor" ser um delinquente juvenil.
- Quer saber? Vamos beber. - agarro sua mão.
- Ainda quer ficar com o fígado igual ao de um viciado em heroína?
- Tô trabalhando nisso. - puxo Charlie até a cozinha.
(...)
- Ainda tá namorando o Jony? - Charlie pergunta arrastando os pés na grama.
Balanço a cabeça afirmando e olho para o céu tentando contar as estrelas.
- E a Amanda? - pergunto fazendo-o revirar os olhos. - Veronica? - tento outra vez. - As duas? - Charlie sorri e bebe sua cerveja.
Encaro a vodka em meu copo como se de repente ela fosse um portal para um um universo paralelo completamente divergente da minha realidade.
Acho que bebi demais. Danie-se. Não é o suficiente.
- Sua cerveja acabou? - pergunto para Charlie que está ocupado olhando as pessoas entrarem na casa.
- Tá na hora do parabéns. - avisa me entregando o seu copo e levanta da calçada.
Reviro os olhos e tomo impulso para levantar também.
Preciso me esconder. Não bebi o suficiente para ser agradável com Britt e estou lúcida demais para dividirmos o mesmo ambiente sem que eu queira mata-lá.
Por esse motivo desvio do caminho.
- Onde você vai? - Charlie pergunta parando no corredor.
- Vou... Ali. - aponto para o banheiro.
- Tudo bem. Eu te espero. - Charlie encosta na parede e cruza os braços me encarando.
- Não. - acho que falei um pouco alto. - Não precisa. - Balanço a cabeça numa expressão exagerada.
Não importa o que eu diga, Charlie continua me encarando. Ele está acabado com a ideia de "me esconder até sumir"
- Pode ir. - o empurro.- Guarda o meu pedaço de bolo.
- E se a Cassie perguntar por você? - Charlie seria a última pessoa com quem Cassie falaria. Mesmo que fosse para pedir informação.
- Diga que estou no bote salva-vidas. - lhe dou as costas e caminho pelo corredor.
Vou sorrateira pelo corredor, rezando para não encontrar algum indivíduo de boca grande que me dedure como péssima convidada.
Sons me fazem duvidar de que eu esteja sozinha e se quero mesmo entrar no banheiro. Me iludo com a hipótese dos sons virem de algum quarto.
Abro a porta com todo o cuidado e me sinto burra ao perceber que meus movimentos ninjas foram detectados.
- Ah! Desculpa! - fecho a porta com força.
Ainda com a mão na boca, corro pelo corredor calculando quanto tempo é necessário para por uma roupa.
Esbarro em algumas pessoas até chegar em Charlie que está entretido acompanhando as palmas.
- O seu plano não deu certo? - pergunta quando me nota parada ao seu lado.
- O bote estava ocupado. - sou mais uma cantando "parabéns"
Muito, muito ocupado.
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A Mente de Dylan Peterson
RomanceEu poderia dizer que essa é mais uma história entre um bad boy com marcas do passado e uma garota "perfeita", pronta para ajudá-lo. Acontece que não é assim. Dylan Peterson, pode até entrar no estereótipo de bad boy, mulherengo e problemático. Mas...