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G W E N

Não sou uma pessoa intrometida. Não meto o nariz onde não sou chamada, também, não sou fingida o suficiente para dizer que a carinha de "Donzela Resgatada" que Cassie apareceu no café da manhã, não está me incomodando. E acho que o que torna o paradeiro dessa loira desvairada tão interessante é o fato de tia Margot parecer não se importar com a filha chegando em casa muito depois do horário combinado, além de eu receber um "Não te interessa!" quando resolvi tocar no assunto. Posso até não saber o que aconteceu agora, mas tenho certeza de que descubro até o final do dia!

É, talvez eu seja intrometida.

Organizo alguns livros nas estantes em quanto a senhorita "não estou de porre" continua sentada com a cara digna de uma foto. Cassie está escondendo algo, os sinais não negam. Ela apoia a cabeça na mão fechada e contorna a xícara com os dedos, parece pensativa. Deve está se sentindo culpada.

O seu celular vibra sobre o balcão e o sorriso que aparece em seus lábios quando pega o aparelho foi igual ao que dei quando Jony me chamou para sair, pela primeira vez.

Observo suas reação antes de perguntar:

- Quem é?

Ela pisca algumas vezes antes de responder:

- Britt. - curta e grossa. Ela está mentindo.

Tenho vontade de manda-la ir se foder e exigir que me diga a verdade. Ao invés disso, balanço a cabeça fingindo acreditar.

(...)

Engraçado como o tempo parece se arrastar quando se está observando os passos de alguém. Estou olhando tudo o que Cassie faz. Até sua forma de beber água me é suspeita.

O sino preso a porta ecoou me fazendo olhar para frente, reparando a presença dos dois rapazes que acabaram de entrar na loja e para efeito dos fatos, eles são muito bonitos, mas a beleza em questão, não é o que chama a minha atenção e sim o meio sorriso que aparece nos lábios do loiro ao olhar para Cassie e o quanto o rosto dela ficou vermelho ao perceber que eu tinha notado.

- Oi. - ele a cumprimentou.

- Oi. - Cassie cospe a palavra como se fosse brasa. Agora ela está apreensiva?

Ela pega a mão do rapaz e o arrasta para fora da livraria. Ainda consigo vê-los, mas é perda de tempo tentar entender o que estão dizendo, não sou boa com leitura labial.

- A gente se conhece? - me assusto com a pergunta repentina.

Olho para o lado e vejo o moreno que chegou junto com o cara que Cassie está tentando esconder.

- Não.

Ele se apóia no balcão e continua me encarando. É estranho. Ele me olha como se pudesse ler a minha mente ou roubar a minha alma.

- Tem certeza? - faço que que sim com a cabeça. - Nunca dormimos juntos? - é sério?

- Com certeza, não.

Ele concorda, mas parece pensativo.

- É. Eu me lembraria. - deveria me assustar com a naturalidade das suas palavras?

Analiso suas costas em quanto ele anda pelas estantes olhando os livros. Pensando bem, acho que ele é sim, familiar.

- De onde conhece a Cassie?

- Amigos em comum. - responde sem tirar os olhos do livro.

Amigos em comum. Ele é um cara bonito, tem esse ar de seriedade, metido a galã. Só tem uma pessoa que poderia apresentá-lo para Cassie.

- Conhece Britt Adams? - pergunto, mesmo sabendo que a resposta é sim.

- Também temos amigos em comum.

- Então, foi a festa dela ontem?

Ele sorri e esconde as mãos nos bolsos da jaqueta antes de andar na minha direção.

- Você é bem abelhuda, né? - pergunta sem tirar o sorriso dos lábios.

- Prefiro perspicaz.

Ele murmura algo que não consigo entender e então responde:

- Sim. Fui a festa dela ontem. E se quer saber, não é o meu tipo de diversão.

Ele continua me encarando e eu tento ignorar. Os seus olhos são frios e a sua voz impassível deixa-o com um ar calculista, ele seria um ótimo psicopata.

- Também é amiga dela? Dá Britt?

Seria rude da minha parte dizer que prefiro morrer engasgada com a minha própria perna, do que ser amiga da Britt. E pelo o que entendi ele é amigo do segredo que Cassie falhou ao tentar esconder. Então, pensando em um bem maior, engulo o veneno que amargava em minha boca e sorrio antes de responder:

- Sou. Sou sim. - sinto minha garganta definhar.

Acho que a acidez na minha voz não foi detrectada. O que é ótimo já que não sou muito boa em esconder a minha total repulsa pela melhor amiga de cassie.

Olho para a vitrine e só ai percebo que Cassie não está mais lá. Antes que minha mente começasse a formar várias teorias a respeito do seu novo sumiço, ela e seu possível namorado entram na loja de mãos dadas e sorrisos cúmplices.

- Peterson. - chamou pelo amigo que se desencosta do balcão e sorri. - Temos que ir. - o loiro sussurra algo no ouvido de Cassie que sorri derretida.

Tinha esquecido como inícios de namoro são melosos.

- Qual o seu nome? - o senhor "olhos de áquia" perguntou.

Pensei em não responder mas, Cassie começou a prestar atenção no que acontecia e eu pude sentir os seus olhos implorando para que eu não fosse grossa.

- Gwen.

E mais uma vez o seu meio sorriso aparece.

- Foi um prazer, Gwen.

Não sou de me gabar mas, tenho certeza de que esse cara estava flertando.

E a resposta para a minha teoria veio com a leve piscadinha que ele deu antes de ir embora.

- Quem é ele? - pergunto para Cassie que continua olhando para o nada.

- Dylan. Dylan Peterson.

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A Mente de Dylan PetersonOnde histórias criam vida. Descubra agora