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D Y L A N

Aqui jaz Alicia Peterson, mãe e esposa muito amada!

Essa é a droga de uma mentira.

Sento no banco de madeira e encaro a lápide ao lado. E se não tivesse acontecido? Nós seriamos uma família feliz? Você estaria ao meu lado e talvez eu não fosse um ferrado na vida? Você sentiria orgulho de mim? Provavelmente não.

As vezes, eu me pergunto se é burrice ainda sentir saudades, se é errado ter tanta raiva e se fingir que nunca aconteceu um dia me fará sentir melhor.

– Feliz aniversário, mãe!

Coloco a rosa no banco e com as mãos afundadas no casaco faço o caminho de volta para a realidade sem sentido que eu mesmo criei. Deixando para trás o garoto triste que perdeu a mãe.

(...)

Ontem eu fui um idiota. O tipo de cara que merece levar uma surra até ter os dentes fora do lugar. Embora isso quase tenha acontecido. 

Sean pediu Cassie em namoro e a garota, finalmente, contou para a mãe e prima que estava com um cara que não combinava com suéteres e chás da tarde. Se fosse qualquer  outro dia eu estaria muito feliz por eles, mas ontem, eu não era boa companhia. Principalmente, para pessoas sorridentes.

Olho para o céu azul e livre de nuvens. Gosto de andar por ai nos dias quentes de verão, ajuda a pensar.

Estou no centro da cidade, pronto para atravessar a rua, quando olho para a lanchonete ao lado do antiquário e mesmo de longe consigo ver a garota da livraria que por coincidência, é a prima da Cassie. De repente pareceu uma boa ideia parar para comer alguma coisa.

Entro no lugar e vou em direção ao rosto conhecido. Ela está ocupada procurando algo dentro da bolsa, o que a impede de notar a minha presença.

– Aceita companhia? – minha abordagem a fez agarrar a bolsa e arregalar os olhos com uma cara pra lá de assustada.

– O que tá fazendo aqui? – ela estava com a testa franzida e os olhos afiados.

Eu esperava um "Oi!" ou "Como vai?", mas, acho que gentileza não é o forte dessa garota. O que não a torna menos interessante.

– Passeando. – ela me encara e então volta ao que estava fazendo, fingindo que eu não estava ali.

– Você não vai embora? – perguntou.

– Não. – ela revira os olhos e solta a bolsa.

Sem esperar o convite, que claramente não seria feito, puxo a cadeira de frente para a sua e me sento, relaxando as costas.

 – É falta de educação sentar a mesa dos outros, sem ser convidado. – ela claramente não era minha fã.

– Educação não é o meu forte.

Pego o cardápio das suas mãos e analiso as opções.

– O que você quer? - é engraçada a sua necessidades por respostas.

– Sabe se as batas daqui são boas? – olho para ela que parece prestes a explodir. – Se importa se dividirmos uma porção?

– Eu não estou para brincadeiras, Dylan. – então a nervosinha sabe o meu nome? É claro que sabe.

– Relaxa! Eu só quero conversar.

– Não temos nada para conversar. 

Deixa de ser difícil, mulher!

– Nós temos sim!

Antes que a sua cabecinha perversa possa formular mais um bilhão de perguntas, a atendente vem até nós. Já não era sem tempo. 

– Em que posso ajudar? – perguntou pronta para anotar o pedido.

– Vamos querer uma porção de batatas com bacon... Você gosta de cheddar? – não obtenho resposta. – Pode adicionar  cheddar, por favor.

– Mais alguma coisa?

– Não.

A ruiva anota o pedido e se distancia da mesa.

– Agora vai me dizer o que quer? - a donzela voltou ao assunto.

 –Eu não fui muito legal com a Cassie, ontem. – massageio a nuca.

– Ela me contou. E disse que você pediu desculpas. Só não sei o que eu tenho haver com isso.

– Sei que você não gosta de mim. – ela não parece envergonhada. – Mas, gosta da Cassie... desse seu jeito meio doido. - a morena me olha como se eu fosse um louco. – E Sean é como um irmão para mim então, vim te oferecer uma oferta de paz.

– Prossiga.

A minha bochecha direita repuxa e eu sei que estou sorrindo. 

– Quero que a gente se dê bem, pelo bem deles. Afinal, você não é de todo o mal e eu sou um charme. – levanto as sobrancelhas e pisco.

– Você tá flertando? 

– Você tá gostando?

Gwen revira os olhos e murmura um "babaca" antes de levantar.

– Espera! – seguro sua mão fazendo-a ficar no lugar. – Escuta. Eu quero mesmo que a gente se dê bem. De verdade!

Por favor, que eu tenha sido convincente.

Ela sorri. Um sorriso genuinamente sarcástico.

– Conheço a Cassie antes mesmo de saber como era o mundo.  – o jeito como mexe as sobrancelhas em quanto fala é questionador. – E pode perguntar a ela se quiser, mas eu sinto em te informar que eu não sou uma boa amiga.

– Não importa. 

É tudo o que eu digo, mas é suficiente para uma marca de duvida se destacar em sua testa.

As órbitas avelã me estudam com muito cuidado, como se esperasse um movimento em falso ou algo que a fizesse entender minhas intenções. Ela piscou algumas vezes e acho que se deu por vencida.

– Ok. – só isso? sem jogos? condições? fácil assim?

– "Ok" do tipo: Tudo bem. Ou "Ok" do tipo: Me deixa em paz?

– "Ok" do tipo: Posso te achar menos imbecil.

E sem esperar que eu responda ela pega sua bolsa e sai da lanchonete. Ainda consigo vê-la parada junto a porta amarrando o cabelo e cruzar os braços antes de andar pela calçada.

Ah, Gwen. Vai ser um prazer ser seu amigo.



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⏰ Última atualização: Apr 28, 2019 ⏰

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A Mente de Dylan PetersonOnde histórias criam vida. Descubra agora