Capítulo 1

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O botão aceso do elevador era uma das poucas fontes de luz funcionando naquele horário avançado

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O botão aceso do elevador era uma das poucas fontes de luz funcionando naquele horário avançado. E isso era um aviso para que eu parasse com a mania de ficar até tarde no escritório. Não que a culpa fosse inteiramente minha. Não era. Meu chefe era um babaca que gostava de me entregar trabalho extra minutos antes do expediente acabar e eu era uma idiota que não fazia nada para mudar o mau hábito dele.

Estremeci quando um barulho metálico soou no final do corredor, mas não tive coragem de olhar. Era em momentos assim que o assassino surpreendia as mocinhas nos filmes de terror. Cruzei os braços e me aproximei ainda mais da parede, esperando que o elevador chegasse para me jogar de cabeça dentro dele.

— Olá — o meu grito abafou o sussurro atrás de mim e pulei de frente para o agressor, levantando a bolsa no alto, pronta para dar na cara dele. — Ah, meu Deus! Desculpe, senhorita Martínez!

— Oliver! — Abaixei a bolsa e apoiei as mãos nos meus joelhos gelatinosos. Inspira, expira.

— Não queria assustá-la — ele murmurou e eu ergui meus olhos. O faxineiro da noite era um homem de quase sessenta anos que sempre fora cordial comigo, mas tinha a péssima mania de ser silencioso demais. — Não vi que estava distraída.

Eu ajeitei o corpo e joguei meus cabelos para trás, tentando recuperar minha compostura e dignidade. Abri um sorriso fraco para o homem e coloquei de volta a bolsa no ombro. Oliver deu um tapinha no meu braço e pegou a vassoura que estava dentro do carrinho de limpeza. Observei quando a água com sabão foi espalhada pelo piso enquanto o homem dava continuidade ao seu trabalho.

Não tive tempo de pedir desculpas pelo meu showzinho descontrolado porque o elevador apitou atrás de mim e as portas se abriram. Murmurei um boa noite para Oliver e entrei, apertando o botão do térreo e me encostando à parede espelhada. Esperava que enquanto percorresse o caminho de quinze andares meu coração voltasse a bater no ritmo normal.

— Espero que você não tenha mesmo visto um fantasma — disse o homem ao meu lado.

Eu o olhei pela primeira vez desde que entrara no elevador. A primeira coisa que chamaria a atenção de qualquer pessoa era a cadeira de rodas. E meu olhar demorado não parecia pertubá-lo, pelo contrário, fez com que abrisse um sorriso para mim.

— O quê? — perguntei, constrangida por ter passado tempo demais olhando para as pernas inertes dele. — Desculpe... O que disse?

Ele abriu um sorriso maior, exibindo dentes tão perfeitos que tive vergonha de mostrar os meus, nem tão impecáveis assim.

— Me perdoe se não entendeu minha piada. Quis dizer que você parecia ter visto um fantasma. Foi uma brincadeira. — O homem deu de ombros e apontou com o queixo para as portas metálicas. — Você estava um pouco pálida quando entrou aqui.

— Ah! — Baixei a cabeça para esconder minha risada e depois olhei para ele. — Sim, foi quase isso. Pensei que fosse um fantasma ou um assassino, mas era só o Oliver.

[ DEGUSTAÇÃO ] Perfeito pra mimOnde histórias criam vida. Descubra agora