Capítulo 20

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[Último Capítulo]

  – Então você ama ele – mamãe diz para Alisson se referindo a mim.
  – Amor eu posso explicar vamos conversar com calma... – Alisson tenta se aproximar de mamãe, mas ela aponta a arma para a cabeça dele fazendo-o se calar.
  – Tenta me enganar agora seu filho da puta, tenta – mamãe encosta o cano da arma na cabeça dele deixando-o imóvel – mente pra mim de novo pra você vê como eu estouro seus miolos.
  – Mãe fica calma, por favor – pedi apavorado.
  – Não tem nada de calma, agora é a hora da verdade e eu quero saber de tudo.
  – A verdade é que eu não te amo mais, Cecília – Alisson diz para minha mãe – eu amo o Benjamin e é com ele que eu quero ficar.
  Mamãe se afasta de Alisson e olha para ele com os olhos arregalados e começa a chorar e eu começo a chorar junto. Eu não queria que as coisas tivessem chegado a este ponto.
  – Eu achava estranho o jeito que você tratava o meu filho, sempre com preocupação. – Diz mamãe já mais calma. – E eu burra pensando que era cuidado de padrasto, você reclamava se ele dormia fora, dava presentes pra ele.
  Alisson me encara e eu permaneço estático, sem coragem para falar ou fazer alguma coisa.
  – E você Benjamin – mamãe se volta para mim – não vai dizer nada?
  – Eu errei mãe, eu sei que eu sou culpado – falo olhando em seus olhos – mas eu tentei parar porque eu sabia que era errado, mas aí o Alisson brigou com você sem motivos porque eu não quis mais nada com ele. Daí você me disse que se ele te deixasse você morreria, então ele disse que se eu não ficasse com ele, vocês iam se separar.
  – Eu fiz isso por amor – Alisson intervém.
  – Você fez isso porque você é possessivo – retruquei – mas o mundo não gira em torno do seu umbigo, você me manipulou, fez eu terminar meu namoro com o Eduardo, fez minha mãe me odiar.
  – Eu fiz tudo isso por que eu te amo Benjamin – Alisson insiste.
  – Depois que eu descobri tudo, eu acreditei em você Alisson – diz mamãe chorando – mas algo me dizia que tinha alguma coisa errada, mas daí o Eduardo apareceu no hospital escondido e me contou tudo o que aconteceu. Daí o pai do Ben me disse que ele vinha buscar o resto das coisas dele aqui e você arranjou uma "reunião de última hora" e deu um jeito de sair do hospital.
  – Mãe me perdoa – me aproximo dela e me ajoelho aos seus pés – eu sei que o que eu fiz com você foi errado, mas me perdoa.
  – Traição é uma coisa que mulher nenhuma esquece – diz ela se abaixando e me olhando nos olhos – mas você é meu filho, eu sei que você errou, mas você também foi vítima desse crápula.
  Mamãe se afasta de mim e caminha até Alisson.
  – Você mentiu pra mim, me traiu e seduziu meu filho – mamãe levanta o revólver, aponta para Alisson e destrava  – agora eu vou te matar.
  Nesse momento um flash passou pela minha cabeça, do dia do casamento da minha mãe com o Alisson, de quando eu fiquei com o Caio, daí veio o Eduardo, do meu envolvimento com o Alisson e de tudo o que nós passamos, pensei no meu irmãozinho e não podia deixar minha mãe estragar a vida dela por um erro meu e do Alisson.
  Levanto e me ponho na frente de Alisson e fico cara a cara com o cano do revólver.
  – Mãe não faz isso – falo com a voz falha – não vou deixar você estragar sua vida.
  – Sai da frente Benjamin, ele merece, depois de tudo que ele fez com a gente.
  – Você não é assassina, não vale a pena.
  Mamãe fica em silêncio com o dedo em cima do gatilho, Alisson permanecia imóvel atrás de mim.
  – Você tem razão Benjamin, eu não posso ser presa por causa de um lixo como o Alisson. Eu vou fazer bem pior, vou em todos os jornais e em todas as mídias e vou contar pra todo mundo quem esse homem é de verdade.
  – Você não vai contar nada! – Alisson me empurra para o lado fazendo eu cair  em cima do criado-mudo, derrubando o abajur e avança para cima da minha mãe.
  Alisson e mamãe brigam pela posse da arma que cai no chão. Os dois se desequilibram e caem, logo em seguida ele sobe em cima dela e começa a apertar seu pescoço.
  – Você não vai contar nada! – Alisson aperta forte o pescoço da minha mãe.
  Mamãe se debate tentando respirar. Me levanto rapidamente e corro até a arma que está jogada no chão, seguro aquele objeto pesado e aponto para Alisson que está de costas em da minha mãe.
  Eu aperto o gatilho e um disparo seco ecoa pelo quarto e o silêncio se instaura no lugar. Alisson solta o pescoço da minha mãe e põe a mão na costa tentando alcançar o buraco na sua camisa branca onde um líquido vermelho começa a escorrer.
  Alisson sai de cima da minha mãe e caminha até mim com os olhos arregalados e expressão pálida.
  – Benjamin...
  Enquanto ele se aproxima de mim, algumas de nossas conversas começam a ecoar na minha cabeça em pequenos flashes de memória.

Meu PadrastoOnde histórias criam vida. Descubra agora