Capítulo 14

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  "Síndrome de Estocolmo é o nome normalmente dado a um estado psicológico particular em que uma pessoa, submetida a um tempo prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo amor ou amizade perante o seu agressor".
  Eu me tornei o prisioneiro que é apaixonado por seu captor, quando eu me olho no espelho não consigo mais me reconhecer. Eu fiz coisas que eu não queria fazer, me deixei levar pela loucura do Alisson, eu menti, traí as pessoas que eu amava, só não tinha ideia de que estava indo para um caminho sem volta e que as coisas ainda iriam piorar bastante.

  Depois que me despedi de André e Isabela fiquei sentado em um banco no pátio da escola e comecei a pensar na minha vida, nas coisas que eu tenho feito, foi inevitável não conseguir conter as lágrimas.
  – Ei, o que aconteceu? – Eduardo se aproxima de mim e me abraça.
  Chorei ainda mais ele ficou ali me abraçando até eu me acalmar.
  – Vai me dizer agora o que aconteceu? – Questionou.
  – É que eu tava aqui pensando em umas coisas e acabei ficando triste.
  – Só isso? – Ele me olhou esperando que eu dissesse o que realmente estava acontecendo.
  – É que eu acho que eu não mereço ter alguém como você ao meu lado.
  – Não fala besteira Ben, você é a pessoa mais incrível que eu conheço, eu te amo muito.
  Ele voltou a me abraçar e ficamos assim por muito tempo, logo começamos a conversar amenidades e rapidinho ele me arrancou alguns sorrisos.
  – Eu tava pensando da gente passar o dia juntos lá em casa – falei.
  – Não sei se é uma boa ideia, não quero encontrar o chato do seu padrasto.
  – Ainda tá cedo amor, ele nem deve estar em casa, vamos por favor – fiz uma cara de cachorro que caiu do caminhão.
  – Tudo bem rapazinho, o que você não me pede sorrindo que eu não faço chorando.
  Logo seguimos para minha casa, aparentemente estava vazia.
  – Espera aqui amor, eu vou ver se não tem mesmo ninguém em casa – falei.
  Olhei todos os cômodos e por último o quarto da minha mãe e do Alisson, estava tudo vazio, quando fui passando pelo corredor sinto uma mão me puxar.
  – Finalmente você chegou – Alisson me pressiona contra a parede e começa a beijar meu pescoço – eu tava morrendo de saudades.
  – Me solta, tá maluco?
  – Agora você não me escapa.
  Alisson cola seus lábios aos meus e tenta levantar minha camisa.
  – Que porra é essa? – Eduardo nos encara com ódio nos olhos – Larga ele agora!
  – O quê que esse moleque tá fazendo aqui? – Diz Alisson.
  – Eduardo... Eu posso explicar.
  – Não precisa explicar, eu sabia que essa implicância toda comigo não era só proteção de padrasto.
  – Você não sabe do que você tá falando garoto – Alisson tenta disfarçar.
  – Não tenta me fazer de idiota! – Eduardo se aproxima de Alisson e os dois ficam cara a cara.
  – Você não passa de um pirralho mimadinho, não é homem suficiente pro Benjamin – Diz Alisson.
  – E quem é? Você? – Eduardo rebate – como você pode ser tão cara de pau? Você é casado com a mãe e fica abusando do filho.
  – Eu não abuso de ninguém, ele tá comigo por que quer – Alisson dá um sorriso irônico.
  – Seu desgraçado! – Eduardo fecha o punho e acerta um soco no maxilar de Alisson que cai no chão.
  Alisson põe a mão no rosto e começa a sorrir, logo em seguida olha pra mim.
  – Fala pra ele Ben, fala que a gente tem um caso muito antes de vocês namorarem.
  Eu fiquei estático, não conseguia me mexer ou falar nada, eu tinha esperanças de que tudo isso fosse um pesadelo no qual eu iria acordar e tudo estaria como era antes, mas é real.
  Eduardo caminha até mim e olha nos meus olhos. Enquanto Alisson se levanta e caminha em direção ao seu quarto.
  – É verdade Benjamin?
  Comecei a chorar.
  – Edu, eu...
  – Quer saber, não precisa me dizer mais nada – ele me interrompe – seu olhar já diz tudo.
  – Edu deixa eu te explicar.
  – Não tem nada pra explicar, eu tô com nojo de você. Você não tem pena da sua mãe? Não sente remorso de me ver ficar igual a um idiota fazendo planos pro futuro enquanto você me traia debaixo do meu nariz?
  Não respondi nada, apenas fiquei de cabeça baixa chorando.
  – Agora você vai aprender a me respeitar moleque – Alisson aparece com uma arma e aponta para Eduardo.
  – Atira covarde! – Diz Eduardo.
  – Alisson larga isso pelo amor de Deus! – implorei.
  Alisson destrava a arma e põe o dedo no gatilho e eu fico na sua frente.
  – Você vai ter que atirar em mim primeiro.
  – Sai da frente Benjamin.
  – Abaixa essa arma – ele me olha – por favor.
  Alisson me encara e depois a Edu, logo em seguida ele abaixa a arma.
  Respiro aliviado.
  Olho para trás e Eduardo se afasta de mim e eu o sigo até a saída me pondo na frente da porta.
  – Eduardo vamos conversar, por favor.
  Os olhos dele estão vermelho e caem algumas lágrimas.
  – Não tem nada pra conversar não Benjamin – sua voz está trêmula – acabou.
  Eduardo me empurra para o lado e sai. Começo a chorar convulsivamente me escorando pela porta até parar no chão. É tudo culpa minha! Eu deixei as coisas chegarem a esse ponto, eu tinha uma pessoa maravilhosa ao meu lado e arruinei tudo.
  Não sei quanto tempo fiquei ali sentado, até que sinto Alisson me pegar no colo e me carregar até o quarto, ele me coloca na cama e deita comigo.
  – Eu sei que você gosta dele – diz Alisson olhando nos meus olhos – mas ele não era o cara certo pra você, eu vou cuidar de você, eu prometo.
  Alisson me puxa e me coloca deitado no seu peito, por algum motivo aquilo me fez bem, eu não tentei afasta-lo, apenas ficamos os dois deitados juntos.

Meu PadrastoOnde histórias criam vida. Descubra agora