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- Eu não aguento mais isso, vó. – O garoto estava sentado sob um sombreiro no meio do parque: a árvore na qual ele passou toda a infância indo com ela. Ele ajeitou os cabelos de tom acamurçado, curtos e desalinhados, e ergueu os olhos, heterocrômicos de verde e azul, para o céu. Deu um suspiro. – eu me sinto louco as vezes.
- louco por quê? – a voz conhecida soou ao seu lado, e o garoto deu um salto para o lado contrário. Ao ver a imagem a sua frente, arrastou-se mais três ou quatro passos atrás, apesar de ainda sentado no chão. Seu peito subia e descia assustado, e seus olhos arregalados não podiam acreditar no que via. – o que foi? Você não tinha me chamado?
Eric abriu os lábios, mas nada disse. À sua frente, reconheceu a garota das fotos que tinham na casa de sua avó: uma garota bonita, de olhos claros e cabelos ondulados castanhos claros.
- v-vó?! CÉUS! – Ele tentou se levantar, mas escorregou na grama e sentou outra vez – o quê? Como? Quando?! Mas...!
- eu morri faz anos, eu sei. – Kauany abriu um belo sorriso. – Melhor se acalmar, Eric. O que achou? Estou bem conservada, hm? – ela mostrou os braços e o olhou com profundo amor.
- Eu só posso estar pirando. Aquele suco estava vencido. Sei lá. Caraca!
- Acalme-se, e tudo se explica. Eu recebi permissão para descer.
- e vó Ana?
- Logo.
Ele se ajeitou na grama. Olhou em torno. Parecia ser o único a enxergá-la. E talvez fosse. Respirou fundo, murmurando consigo mesmo para acalmar-se.
Kau parecia lhe dar o tempo do mundo. Sentou-se, e o garoto se aproximou, deitando em seu colo. Ela passou a fazer cafuné no jovem, e ele suspirou.
- Você é real, vó?
Ela assentiu.
- Por que as pessoas morrem, vó?
- as vezes é preciso. As vezes elas cumpriram sua função na terra. Tem muitos motivos.
- e por que ela teve que ir antes de mim?
- me perguntei isso todo dia quando sua avó desencarnou. O mundo é meio louco.
- se eu posso te ver, assim como vejo outras coisas... Como você me prometeu quando eu era criança. Eu vou poder ver ela?
- Um dia, quem sabe. Tudo a seu tempo. Conforta este coração. Há muito o que fazer, meu pequeno. Não agora. Mas poderá.
- Mas ela está bem, vó? Estão cuidando bem da Clara?
Kau acenou com a cabeça. O garoto segurou as lágrimas, dando um suspiro profundo. Mordeu os lábios e sorriu sem graça, voltando a sentar.
- é estranho te chamar de vó vendo você com a mesma idade que eu.
Riram. Kau o puxou para um abraço.
- acostume-se.
- te verei mais vezes?
- quase sempre.
- explica.
Eles se afastaram, sentados.
Kau suspirou devagar, como se colocasse ordem nos pensamentos.
- bem. É chegada a hora. Eu e as meninas não acreditavamos que seria tão rápido... duas gerações após a nossa. Mas a profecia está em pé.
- Profecia? A da história que me contava quando eu era criança? Das quatro filhas dos arcanjos e...
- não era uma simples história, Eric.
- então...?
- sempre foi real.
- tudo o que eu enxergo, é...
- não é fruto da sua imaginação como te falaram. É real. Todo esse universo é real. Eric, meu neto... Você tem o mesmo dom que eu. É um virgo. Um profeto.
- um humano capaz de ver através do véu.
- sim.
Ele parou para pensar um pouco. Enfim perguntou:
- E o que eu preciso fazer? Quero dizer, se você está aqui, dizendo que é chegada a hora...
- encontre as quatro filhas e deixe que a profecia passe de seu coração a sua boca. Reuna-as...
- e as coisas serão como devem ser. – ele olhou para o chão. Então sua atenção voltou para Kau, que se levantava. – mas vó, como vou encontrá-las? Por onde eu começo? VÓ!
Ele levantou atrás de sua avó, mas Kauany já havia sumido atras da arvore. Eric suspirou olhando o céu.
- Se é esta minha missão... Eloá, me faz seu instrumento. – fechou os olhos, sentindo a brisa lhe acariciar a pele.

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Bem vindos a UNRISEN
A segunda temporada de RISE

A história vai correr de forma bem diferente, e eu espero que vocês gostem. Bom, voces pediram, e aí está!

Amo vocês

Beijos da vó

UNRISENOnde histórias criam vida. Descubra agora