Primeiro dia de aula do último ano, muitas pessoas corriam eufóricas pela escola porque haviam sido trocados de sala. Por sorte a minha sala quase não foi modificada, somente alguns que saíram para a entrada de outros.
Eu me sentia um pouco cansado depois de subir 3 lances de escada e chegar na última sala, ou mais especificamente, a 305. Pensei seriamente em entrar na enfermaria que ficava em frente à sala, mas já sabia o que diriam "é culpa do seu sedentarismo, vá praticar algum esporte", então acabei deixando essa idéia de lado. Gustavo estava parado perto da porta mexendo no celular quando nota minha presença acaba me analisando durante um tempo e diz:
— As escadas?
— Sim
Começo a andar para dentro da sala que já tem algumas pessoas e sinto ele me seguir. Para a minha felicidade a última carteira da primeira fileira não estava ocupada, notei a bolsa de Gustavo na minha frente, foi assim nos últimos dois anos e não mudaria agora.
— Eu já falei, Augusto — Ele senta e se vira me olhando — Seu sedentarismo ainda vai te matar.
— Uhum.
— Desisto de te alertar — Ele bufa.
Eu entendo que ele só se preocupava comigo e fala aquilo para o meu bem, só que todo mundo me dizia isso e acabava se tornando repetitivo. Quem sabe esse ano eu tento fazer alguma atividade física, mas não garanto nada, é um pensamento para o futuro.
Observo a sala por inteiro, algumas pessoas dão sorrisos fracos em minha direção como forma de reconhecimento e faço o mesmo. Mas uma menina, que estava lendo a umas três carteiras de distância da minha, acaba prendendo minha atenção. Eu queria saber o nome do livro porque sou curioso de natureza e li uma frase que se destacou na folha toda preta.
"Será que um dia a gente cicatriza?"
Por algum motivo aquela simples frase ficou ecoando na minha mente e a curiosidade para saber quem era a garota que estava lendo só aumentou. Tinha uma sensação de que já a tinha visto, mas ela não virava o rosto para que eu a reconhecesse.
— Terra chamando Augusto — Meu melhor amigo passa a mão na frente dos meus olhos.
— Foi mal. O que você dizia?
— Que o ano letivo mal começou e não vejo a hora de acabar.
— Eu adoro seu entusiasmo pela escola.
— Eu sei.
Os alunos que estavam do lado de fora começaram a entrar porque a professora tinha chegado. Eu olhei para garota que tinha se virado para guardar o livro dentro da bolsa e a reconheci imediatamente porque já a observava ela desde o ano passado.
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Augusto e Carolina
RandomNão é apenas sobre amor, é uma história de amizade e companheirismo, de como duas pessoas podem se conectar e permanecerem juntas independente da distância ou do tempo. Carolina e Augusto mostram da forma mais bonita que amizade é amar o outro, apo...