Capítulo 2

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Era você, a garota que tanto prendeu minha atenção no ano anterior, e agora estudava na minha sala. Eu não sou um louco apaixonado e nem um stalker, acontece que Carolina, esse é o nome dela, era um mistério. O que eu pude notar sobre ela, é que não dá para defini-la, alguns dias parecia zangada e seria, no outro já aparentava alegre e calma. Mas não era nada comum do tipo "ontem não foi um bom dia, porém hoje é" porque essas mudanças muitas vezes aconteciam no mesmo dia. Ainda tinha o fato dela parecer falante e amiga de todo mundo, e ao mesmo tempo ser trancada no próprio mundo com o seu inseparável fone de ouvido e algum livro que estivesse lendo.

Não se passou nem 4 dias para Gustavo fazer amizade com Carolina, o que não era uma surpresa porque se tinha uma pessoa que sabia cativar alguém era ele. Aquele jeito espontâneo e o sorriso que era capaz de melhorar o dia de qualquer um, faziam com que o meu amigo conquistasse uma legião de admiradores.

Com a proximidade de Gustavo e Carolina, a garota de cabelos cacheados naturalmente começou a sentar perto da gente, o que não tardou para que começássemos a conversar.

— Índios? — Olho-a confuso e ela aponta para o meu caderno.

Na parte branca da capa do caderno tinha uma frase de uma das minhas músicas preferidas que copiei enquanto algum professor fazia a sua apresentação, nem me lembrava mais que a tinha copiado.

"E acreditar que o mundo é perfeito e que todas as pessoas são felizes"

— É fã de legião urbana?

— Apaixonada, essa é minha música preferida deles para falar a verdade.

— Eu gosto bastante dela também, mas o teatro dos vampiros é melhor.

— Não é nada.

— Vamos desempatar e passar a vez para outra pessoa — Toco no ombro do meu amigo e ele se vira.

Quando faço menção de falar, Carolina se antecipa e passa na minha frente fazendo a pergunta a Gustavo.

— Eu gosto muito de índios, mas o Augusto me fez amar o teatro dos vampiros, desculpa.

— Assim não vale. Você... — Ela aponta o dedo, acusatória, em minha direção — Já sabia a resposta dele, por isso fez com que ele decidisse.

Dou de ombros e um sorriso escapa pelos meus lábios, o que não passa despercebido por ela que empurra meus ombros.

— Sempre precisei de um pouco de atenção — Gustavo começa cantando e aponta para mim.

— Acho que não sei quem sou, só sei do que não gosto.

Um silêncio se instala e nós dois olhamos para ela com expectativa de continuar a música. Carolina revira os olhos e continua.

— E destes dias tão estranhos, fica a poeira se escondendo pelos cantos.

— Este é o nosso mundo, o que é demais nunca é o bastante. E a primeira vez sempre é a última chance. Ninguém vê onde chegamos. Os assassinos estão livres, nós não estamos — Cantamos juntos e nossas vozes saem um pouco altas.

A professora nos olha com cara de que iria chamar nossa atenção, mas o sinal toca indicando que o intervalo tinha começado.

— Vai nos dar a graça da sua presença nesse intervalo ou vai ficar com os seus amigos da 302? — Gustavo pergunta em tom de desafio para Carolina.

Antes dela conseguir responder, uma das suas amigas aparece na porta sala a chamando. Ela olha de mim para Gustavo, balança a cabeça,coloca o caderno dentro da mochila e se levanta.

— Eu encontro com vocês na hora da saída — Carolina fala para a menina de cabelo preto que agora estava com mais duas meninas ao lado.

Quando elas falam que tudo bem e saem da sala, Gustavo passa os braços pelo ombro dela e se vira para mim.

— Não é que ela fez a escolha mais coerente?

Ela dá uma cotovelada na barriga dele, que fingi sentir dor e eu começo a rir porque depois os dois começam a brigar quando ele tenta abraça-la e ela se esquiva. Carolina corre para o meu lado e segura em um dos meus braços me fazendo de escudo contra Gustavo.

Augusto e Carolina Onde histórias criam vida. Descubra agora