1- De volta a Gurutuba

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Mudei e saí um pouco dos Romances de Época. Vou embarcar em Chicklits agora. Proibido terá boa um dose de amor proibido e fará parte da Trilogia Meu amor. Espero que que goste desses meus políticos apaixonados.

Por Ana Beatriz

Era início de março, e felizmente apesar de já termos passado um pouco do verão, Gurutuba, a minha cidade natal, ainda sofria os efeitos das chuvas, que no geral, eram raras e ajudavam demais a sua economia predominantemente rural.

Incomumente, o clima estava fresco. A terra vermelha molhada. Que saudade sentira daquela terra. Daquela cidade pequena que a área urbana bem plana podia ser percorrida toda a pé ou melhor ainda via bicicleta, mas com a área rural extensa, com vários distritos pequenos e cuja a distância da mais próxima cidade, também pequena, era de mais de 50 quilômetros.

Gurutuba parecia com muitas outras cidades do Norte de Minas, região pobre desprezada por muitos mineiros, que zoavam e diziam que fazia parte da Bahia. Isso era intensificado por sua proximidade do nordeste, pelo sotaque meio nordestino (apesar de ter também influência mineira, com expressões como uai e oxente convivendo juntas) e por sua vegetação, uma mistura de cerrado e caatinga

Por motivos alheios a minha vontade, fazia mais de três anos que eu não colocava os pés ali, mais de 10 anos que não morava lá de verdade. Passara muito tempo estudando fora. Mas eu não perdera o amor pela cidade, e pelo seu povo bom e sofrido que fizera parte da minha história, que me vira crescer e que formara o meu caráter. Eu pretendia ajuda-los, desenvolver aquela região e dar uma vida digna a todos que viviam em Gurutuba. Esperava poder realizar esses desejos, fora para isso que estudara tanto tempo.

Fazia alguns minutos que olhava de um lado para outro quando Diego puxou a minha mão, me chamando a atenção:

- Mãe, meu pezinho está doendo.

- Desculpa, Diego. Você quer colo?

Ele fez que sim com a cabeça e eu o carreguei:

- É aqui que vamos viver daqui para frente. Quando você estiver maiorzinho – ele ainda nem completara 3 anos de idade - poderá andar sozinho na rua, subir em árvores, brincar com seus amigos pela cidade, andar de cavalo.

Diego sorriu. No rostinho bochechudo apareceu as suas graciosas covinhas. Seus cabelos lisos e pretos, olhinhos escuros puxados, pele morena clara, faziam contraste com a minha pele bem alva, cabelos castanhos anelados e olhos castanhos claros. Apesar de eu como quase todo brasileiro ter sangue branco, negro e índio correndo em minhas veias, meu genótipo era mais branco, já Diego tinha um mais latino, muito índio e um quê de branco em sua aparência. Parecido comigo ele tinha apenas as bochechas e o narizinho fino arrebitado, porém como nariz e bochechas eram coisas que mudavam muito ao crescer, nem isso eu podia garantir que continuaria.

Ele nascera e fora criado em Belo Horizonte, vivendo num apartamento pequeno, quase sempre brincando vigiado em condomínios ou praças cimentadas, cerceado da liberdade, às vezes, eu pensava nele como um passarinho vivendo numa gaiola. Em Gurutuba seria diferente, ele moraria numa casa grande, com um quintal cheio de arvores, e teria mais contato com a rua e a natureza. Diego seria uma criança mais saudável, livre e feliz. Eu tinha certeza disso.

Seu Geraldo terminou de colocar as minhas malas na calçada, eu agradeci e falei que ele poderia ir. Após a partida dele, bati a campainha e esperei alguns momentos até o portão se abrir:

- Ana Beatriz, você já está de volta? – Késya, a moça que trabalhava na casa, parecia surpresa.

Eu coloquei Diego no chão e a abracei:

Meu amor PROIBIDO (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora