Capítulo 7 - Chamas

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Há um pequeno tumulto na porta do orfanato agora. Alguns curiosos param e observam horrorizados o incêndio que atinge a construção enquanto outros gritam para que se busque água, embora o fogo já esteja forte demais para ser contido dessa maneira.

Os olhos do caçador percorrem por todos os lugares, ele olha para cada uma das crianças que se amontoam em frente ao local que minutos atrás ainda consideravam um lar. Ele procura aflito por sua irmã, mas ela não está lá. Empurrando alguns curiosos ele se aproxima um pouco mais e consegue encontrar a freira ajoelhada orando em um canto, então ele corre em sua direção.

— Onde está a Lay?!! — ele indaga nervoso se ajoelhando perante a mulher e sacudindo-a pelos ombros.

— Ela... ela não conseguiu sair... — responde a freira com o rosto completamente tomado pelas lágrimas.

— O que... ?

Can se levanta e volta para encarar a construção em chamas, a angústia dilacerando seu peito.

— Lay!!! Lay!!!!! — ele grita desesperado e nem percebe quando alguns caçadores também chegam ao local.

As pernas estão tremendo e os pés se movimentam rápidos em zig-zag, a respiração é ofegante e os batimentos cardíacos completamente descompassados. Ele leva uma das mãos a cabeça, sentindo-se perdido, mas quando a imagem do rosto de sua irmã vem a sua mente ele não tem mais tempo de pensar.

— Lay!!! Eu vou tirar você daí! — Can corre em direção ao portão do orfanato, mas antes que consiga entrar ele é sumariamente agarrado e impedido de continuar por dois de seus companheiros caçadores — Me larga!! A minha irmã!! Lay!!!

— Não faz isso, Can! — Techno diz com firmeza. Ele precisa usar muita força para conter o caçador que se sacode e tenta de todas as formas se soltar. Se Good não estivesse ajudando a segurá-lo pelo outro braço, certamente não conseguiriam conte-lo.

— Vocês não entendem?!! É a minha irmã!! — Can continua gritando transtornado e lutando para se desvencilhar dos homens.

— Acalma-se!! Você não pode fazer mais nada!! — Techno insisti.

Ouvindo aquelas palavras a expressão no rosto do caçador muda e ele para de se debater. Seus olhos vão lentamente se enchendo de lágrimas. Os companheiros o soltam devagar e lhe dão um pouco de espaço quando acreditam que ele não vai mais tentar nenhuma loucura.

O corpo de Can fraqueja e os joelhos se dobram sobre suas pernas levando-o para o chão. Ele despenca feito um farrapo humano, sem conseguir mais olhar para o cenário à sua frente. A sacola que ele carregava está caída ao seu lado agora, as frutas e doces espalhados pelo chão.

— Eu... eu não posso fazer nada... — ele murmura baixando os olhos. As lágrimas fluindo livremente por seu rosto — Lay...

O seu olhar está fixo no bichinho de pelúcia caído logo adiante. Ele se sente derrotado, o sentimento de impotência rasgando-o por dentro.

Can não ouve os passos, mas se surpreende quando um par de sapatos entra em seu campo de visão. Ele ergue a cabeça para encarar o sujeito que acaba de chegar.

— Tin...?

O vampiro lhe devolve um olhar inexpressivo. A expressão em seu rosto é completamente ilegível.

— Fique aqui. Eu já volto — a voz de Tin soa plácida, e com as mãos nos bolsos, ele caminha em direção ao portão.

— Tin? O que você vai... Não! — Can estica sua mão e tenta se levantar, mas suas pernas falham, e antes que ele possa processar qualquer outro movimento o vampiro já entrou na casa em chamas.

Love in Darkness [Em Pausa]Onde histórias criam vida. Descubra agora