EP03

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EPISÓDIO 03

there is a light that never goes out


Quando Sehun tinha nove anos, o professor do Pré-Primário perguntou o que ele queria ser quando crescesse. O sobrenome começava com L e ele por pouco não foi o último menino para o qual aquela pergunta foi direcionada.

A maioria deles queria ser da polícia, membro da Guarda Real ou médico. Sehun disse que queria ser astronauta. Ninguém dos colegas falou qualquer coisa sobre aquilo, e o professor apenas sorriu e comentou que era um bom sonho para correr atrás.

O Sehun de nove anos ainda não tinha dito aquilo para muitas pessoas, mas naquela tarde ele decidiu contar aos pais, esperando que eles trouxessem histórias sobre o homem na Lua, como os professores tinham feito no colégio. Ele quis contar, mas a mãe não estava em casa, o pai tinha coisas mais interessantes para fazer e o irmão mais velho disse que astronautas precisavam ser inteligentes, coisa que Sehun não era.

O sonho de pisar na Lua foi embora naquele mesmo dia. E à noite, enquanto brincava de desenhar sombras no teto com os dedos e uma lanterna, Sehun se lembrou de seu vizinho. Ele tinha passado de bicicleta pela rua uns dias antes, lançando um olhar curioso para dentro da garagem aberta da casa dos Lawford — bem quando o caçula da família tentava montar um foguete com caixas de papelão.

Sehun se lembra que Baekhyun sorriu para ele.

Aquela foi a primeira vez.

E ele sorriu de novo ao voltar para casa pelo mesmo caminho, passando na frente da casa no fim da tarde, onde a porta da garagem ainda estava erguida e Sehun ainda brincava com as caixas de papelão, canetinhas e com as cortinas do quarto.

Atualmente, os sorrisos de Baekhyun eram tão raros que Sehun jamais poderia olhar para ele e dizer que era o mesmo garoto de expressões tranquilas que o tratava de maneira gentil quando eram crianças; o mesmo menino que sorria para suas brincadeiras idiotas.

Com doze anos, Sehun quis ser ator.

Ele via alguns meninos mais velhos fazendo parte do Clube de Teatro nas feiras artísticas, porque as atividades eram obrigatórias e alguém precisava assumir aquele papel. Independente de os garotos escolhidos para interpretar gostarem do teatro ou não, era sempre mágico para o filho mais novo dos Lawford.

Durante a semana da feira, a turma de Sehun ia para o auditório no fim das aulas e sempre tinha alguma cena sendo interpretada por algum garoto. Baekhyun sempre estava lá também, sentado nas cadeiras mais à frente — ele sempre sentava do lado do professor e sempre na ponta das fileiras.

Naquela época, Sehun não sabia disso, mas os garotos não gostavam de ficar perto do Baekhyun de jeito nenhum. Não era só no auditório que ele sentava longe dos meninos da turma, na sala de aula e no laboratório os garotos se amontavam sempre a duas cadeiras de distância dele.

Baekhyun fazia os trabalhos sozinho, não tinha parceiros de estudos e se virava como podia para fechar os pontos no fim do semestre, porque ele nunca podia contar com a nota das atividades em grupo.

Sehun não sabia de nada disso.

Mas ele se lembra de Baekhyun ficar até mais tarde no colégio, organizando a bagunça que o Clube de Teatro deixava para trás, porque ele sempre precisava arranjar um jeito de passar mais tempo do que deveria na escola. Um dia, Sehun lhe perguntou se o clube aceitava meninos mais novo, e Baekhyun ficou parado por um minuto inteiro, olhando para Sehun como se estivesse esperando alguma coisa.

james deanOnde histórias criam vida. Descubra agora