Linn Chaeyoung andava, mais uma vez, sem rumo pelas agitadas ruas de Seul. Era de agrado da doce garota que, especialmente naquela noite, a capital estivesse animada. Com o barulho, os pensamentos de Chaeyoung se tornavam menos insuportáveis dentro de sua cabeça.
Por um breve instante, Chaeyoung sentiu um arrepio percorrer todo seu corpo, a fazendo apertar suas vestes pesadas contra si.
Deve ser o frio. Foi a única explicação que Linn encontrou.
A garota de cabelos claros — da cor do mel que tanto amava — resolveu mudar sua direção e andar por um caminho que conhecia como a palma de sua mão. O caminho que sempre fazia com Dung, quando estava frio, para comprar os chocolates quentes que só eram feitos naquele café, que ficava um pouco distante.
Podia se dizer que Linn era um tanto masoquista, afinal, ir ao lugar que costumava ficar com seu ex "namorado" é um ato doloroso, e ela sabia disso. Na verdade, Linn queria sentir a dor. Chaeyoung queria sentir tudo que Dung sentiu quando ela o deixou, alegando ser o melhor para os dois. A jovem queria passar pelo lugar mal iluminado que costumava passar com ele e resgatar as memórias mais felizes para assim, transformá-las em lágrimas. Então, Linn Chaeyoung queria somente chorar por ter largado Dung, sabendo que o amava mais que tudo.
A cada passo que a garota dava, sua mente a relembrava do tanto que foi estúpida sendo tão dura e, ao mesmo tempo, tão preocupada com ele. Ela se crucificava e se perguntava a cada lágrima que escorria de seus olhos se ela foi realmente tão sensata terminando com seu quase namorado. Sim, seu quase namorado. Chaeyoung queria mais que tudo que eles tivessem realmente tido esse status de relacionamento, mas tudo que conseguiram foram eu te amos esquecidos e promessas quebradas.
Linn se lembrou de cada palavra dura que sua melhor amiga lhe atirara quando terminou seu quase relacionamento com Dung. Chae se sentiu um monstro incompreendido, encurralado na própria armadilha de seus sentimentos. A amiga de Linn era a melhor amiga de Dung também, e quando chegou aos ouvidos dela que Chaeyoung tinha quebrado seu coração sem remorsos, a primeira coisa que fez foi julgar sua amiga sem pensar duas vezes. Ah, Linn, que bela amiga! A garota dos cabelos cor de mel não se preocupou em se explicar para sua amiga, nem ela estava entendendo.
Agora, Linn estava consumida pelo cansaço de seu pulmão, que já não conseguia fazer seu papel muito bem. A menina parou, e se lembrou da imagem de Dung chorando. Ela não entendia, tudo sempre voltava para a imagem dele chorando, como se seu próprio cérebro a traísse e fizesse com que ela se sentisse um ser abominável, que quebrava os outros para seu eu se manter intacto. Ah, Linn, se eles soubessem que você põe as pessoas acima de você e faz de tudo para mantê-las bem, enquanto você é a única a se quebrar.
Chaeyoung, voltando a andar, estava próxima ao seu destino, porém não sabia mais se podia chamar assim. Ela não tinha tanta certeza se queria estar ali mesmo, ainda mais quando sentiu o arrepio de antes percorrer todo seu corpo novamente, e um barulho como um sino ecoar por um segundo em sua cabeça quando esbarrou, levemente, em um garoto inexpressivo. O olhar de Linn encontrou o do homem por breves segundos e, logo depois, ele voltou a fazer seu caminho, confuso.
Chaeyoung adentrou o estabelecimento, com o estranhamento do episódio anterior a acompanhando.
— Boa noite. — Linn cumprimentou o senhor que estava no balcão e secou seus olhos. — Eu gostaria de...
— Dois chocolates quentes, certo? — o homem se adiantou interrompendo a garota. — Onde está o rapaz? — ele sorriu ao perguntar.
Linn sabia que ele não tinha feito de propósito, mas aquela pergunta a atingiu de uma forma inevitável.
— Só um. — Chaeyoung sorriu forçadamente, tentando encerrar aquela conversa e pegar logo seu chocolate.
— Ah, desculpe. — o homem tossiu em uma tentativa de amenizar seu constrangimento. — Faz muito tempo que não a vejo por aqui. Apareça mais vezes, a senhorita é minha mais fiel cliente.
Linn sorriu mais uma vez, observando o homem preparar seu pedido.
— Aqui está. — o senhor disse, entregando a bebida quente.
— Obrigada. — Chae disse e deixou o pagamento nas mãos do homem mais velho.
Linn sentou na mesa que melhor conseguia observar o céu e suas incontáveis estrelas, que estavam especialmente marcantes naquela noite. Ela buscou, em sua mente racional, uma explicação para o céu estar tão lotado de pontinhos brilhantes justo naquele dia, era como se algo extraordinário tivesse acontecido, e os astros estivessem comemorando. Para Linn, o dia não havia sido lá essas coisas, ele estava melancólico e frio, não tinha nada para se comemorar.
De novo, as lembranças com Dung apareceram como uma pancada, que atinge Chaeyoung de tempos em tempos.
Linn se sentia impotente e egoísta. Como fora abandonar Dung, tendo conhecimento de que ele a amava profundamente e faria de tudo para vê-la feliz? Ou como era incapaz de pensar em Dung com outra pessoa, se fora ela que largara ele? Ele tinha o total direito de ser feliz, mas ela esperava que não ao ponto de esquecê-la.
Chaeyoung não compreendia, agora mergulhada no pacato e doce sabor do chocolate quente, por que ela havia terminado o que nem havia começado? É o melhor para os dois, ela disse, tendo consciência de que seu melhor era com ele.
E então, Dung e Chaeyoung quase deram certo. Como quase todas as histórias de amor de nossa era que acabam tragicamente, não era para ser.
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Let him go
Fiksi Penggemar[ SÉRIE LET IT GROW #2 ] Te machuquei. Te precisei. Me arrependi. Onde Linn ainda sentia falta de Dung, mas sabia que juntos eram como uma bomba relógio. { one shot }