Capítulo 5

36 9 27
                                    


"Você pode ainda não ter encontrado um "grande amor" em sua vida, mas saiba que ele existe! Não deixe a "poeira da solidão" ofuscar o brilho dos seus sentimentos! "( Clarice Lispector )

"Você pode ainda não ter encontrado um "grande amor" em sua vida, mas saiba que ele existe! Não deixe a "poeira da solidão" ofuscar o brilho dos seus sentimentos! "( Clarice Lispector )

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


Quando Amanda acordou, ela tinha certeza de que com aquelas pontadas sua cabeça  estava prestes a estourar. Isso estava  pior do que a festa da véspera de Ano Novo, quando ela ficou tão bêbada com tequila que se levantou e fez uma serenata para seu então namorado Diogo, cantando "My Heart Will Go On",só para romper com ele uma hora depois, quando  o encontrou beijando Alexia Mendonça à meia-noite com língua suficiente para contradizer seus protestos de que era um beijo amigável.

Agora que ela pensava sobre isso, chegara a conclusão que os namorados traidores tinham sido uma constante em sua vida amorosa. Ela sabia que o assunto merecia uma inspeção mais minuciosa, mas não havia como ela  psicanalisar isso até ter tomado um comprimido para aliviar a dor de cabeça.

Levou um segundo para se orientar. Ela estava deitada de bruços, a bochecha pressionada contra algo macio e úmido. Quando ela finalmente abriu os olhos, ficou surpresa ao se encontrar em seu antigo quarto. Sua visão estava embaçada até se concentrar na prancha pendurada na parede. Ela colocou ali no verão em que terminara o ensino médio, junto com sua melhor amiga: Helena.

Olhou o mural na parede. As duas estavam sempre juntas em muitas fotos: em jogos de futebol, viagens de classe. Mas também havia fotos individuais delas. A familiar pontada de saudade a inundou. Para fugir das asas da mãe que queria transformá-la numa dondoca. Ela resolveu fazer faculdade em São Paulo, onde morava seus avós maternos.

Naquela época, sua fuga bem planejada havia sido um ato de rebeldia, ela percebia agora que a mudança lhe custara algo precioso: seu relacionamento próximo com o pai e a amizade com Helena. Mas aqui estava ela, com a autoanálise de novo, quando ainda não tinha resposta para a questão urgente de como ela havia chegado do avião para seu antigo quarto.

Tudo veio correndo de volta para ela. Embarcando no avião. Bebendo os drinques. Roubando a bebida do bonitão ao seu lado. Tagarelando com ele sobre a comissária de bordo e seu noivado extinto. Ela apertou os olhos com horror. Ele devia achar que ela era uma louca. Ela sentou-se na cama.

-Ótimo, pelo menos posso me consolar com o fato de que nunca mais verei o homem. -Pensou. -Pouco me importa se ele achar que ela era louca? Além disso, há coisas maiores para me preocupar.

Ela balançou a cabeça, tentando limpá-la, das lembranças, mas em vez disso, sentiu uma pontada de dor. Ela precisava se concentrar para que  pudesse descobrir como ela acabou em sua cama. A última coisa de que se lembrava era está aconchegada sob o cobertor em seu assento no avião. Mas se ela estava em seu quarto, sua mãe deve tê-la encontrado de alguma forma. Sua mãe ia matá-la. Era uma sorte que ela não tivesse aproveitado o estado dela para fazer isso.

Juntos por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora