Prólogo - Carta

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1896, Newport

Meu querido amigo, ou cara senhora, que se interesse em ler o conteúdo deste banal documento, suponho que tenha algumas questões de cariz importante na sua mente. Para ter a coragem de continuar, deduzo que o seu interesse e curiosidade caminhem de mãos dadas em rumo do que se segue.

Eu estou vagamente são para lhe escrever? Não! Penso que não. Talvez eu esteja totalmente perdido e esta seja a minha tentativa de pelo menos explicar a quem um dia se interesse pela minha desastrosa vida, o porquê das minhas atitudes, e também o porquê da falta delas.

O papel que serve de suporte ao meu pulso e à ponta da minha caneta está a tornar-se tão banal que penso sinceramente em adormecer em cima dele.
Infelizmente, não terei mão em todas as histórias e rumores sobre mim. Não poderei afirmar o que as pessoas dirão e que histórias prevalecerão.

Temo honestamente que boa parte da verdade desapareça comigo. Talvez ninguém chegue a descobrir toda a verdade sobre o que aconteceu. Sobre o que acabei de fazer.

 A minha letra está visivelmente fria, firme. Eu acredito que existe uma parte de nós em tudo aquilo que tocamos e fazemos. Espero que você, meu caro amigo, tenha a capacidade de ler a minha carta, prestar atenção a cada linha e visualizar o meu rosto, a minha mão, a mesa, o papel em que lhe escrevo. A lareira com a madeira crepitando e a caneta rasgando o papel lentamente, neste pequeno desabafo.

 Espero que o seu interesse permaneça. A noite é escura e longa, e eu caminho pela Rua 13 com determinação.


J. V. Dracus

Drácula, O Romance do Conde (Linhagens: Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora