Capitulo 3

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Aprisionada em mim.

Tárcisio, para, por favor! Não faz isso, deixa eu ir embora, eu não mereço isso"

Muitas perguntas, né? Quem é Tárcisio? E o quê ele tava fazendo comigo?

Vou chegar lá! Primeio tenho que falar como tudo começou.


Confesso que tudo mudou depois dos meus 15 anos. Meus cabelos cresceram -  e meu Deus, cresceu cabelo até onde eu nunca imaginei que nasceria – conheci meu corpo, fui explorando toda parte dele, pra saber as curiosidades da adolecência, tudo que todo mundo falava e tudo mais. Foi incrível. Meus hormônios a flor da pele, a curiosidade de criança que em tudo fusa. Minha mãe falava pra mim ter cuidado, porquê, uma mulher como eu, com "corpão", não pode usar roupas muito curta, pra os homens nojentos, não ficar me comendo com os olhos – claro que eu não ligue – entrou em um ouvido e saiu no outro. Até porque, quem é que liga pras coisas que as mães falam, né?

Sim, era assim que eu pensava.

- Minha filha, cuidado com suas roupas. Qualquer coisa, ligue pra mim. 

-   Mãe, não vai acontecer nada. Eu sou feia. Ninguém olha pra uma menina negra e de cabelo pixaim. Se acalme, mulher! – exclamei.

Sair de casa, com a mais absoluta certeza que ninguém olhava pra mim. Afinal, sou feia.

Chegou meus 18 anos, e meu corpo, cada vez mais se modificando, e crescendo. Fui me relacionando com algumas pessoas. E conhecendo meu coração também – eu sempre muito curiosa. Fui percebendo ao longo dos anos, que não me sentia atraída por homens; no começo, confesso, que me achei um erro – pensei –  "Olha só, uma mulher, que não gosta de homens. Que estranho". Tentei, tive uns namoradicos no último ano da escola, onde eu tive a certeza que não era "normal". Minha primeira vez, com um menino, foi lá em casa, depois da escola, chamei o menininho pra ir assistir um filminho e comer pipoca, claro, que ele já sabia qual minha intenção. Confesso que eu nunca fui santa. Justamente, por ser curiosa. Olha, minha primeira vez, foi um saco. Coloquei expectativa demais em algo que não durou nem trinta minutos, me decepcionei, o menino lá, super empolgado, e eu com cara de tristeza, fingindo que tava gostando – aliás, acho que ficou bem evidente que aquilo que ele chamou de transa, não tava legal e/ou gostoso – obviamente, não foi a primeira e última vez.
- Uma curiosidade: os homens acham mesmo que isso é bom? Um negócio entrando dentro da sua neném, não dá prazer nenhum. Até teve uns dois menino, que quis ficar legalzinho, porém, os meninos gozavam muito rápido, e não deu.

Foi difícil. Conversei com minha mãe e ela super entendeu bem, só ficou com medo, como sempre. Achei que ela não entenderia. Até eu achava estranho, imagine minha mãe. Desconfio que ela só aceitou, porquê, sempre foi eu e ela. Sozinhas, desde de pequena. O meu pai, minha mãe mandou pra fora. Ele ameaçava nos duas e mamãe nunca foi de abaixar a guarda pra macho escroto, ela sempre foi forte. E muito forte, nunca imaginei que Dona Dulci seria essa mulherzona que ela é hoje.


Por volta dos meus vinte anos, começei meu primeiro namoro lésbico. Depois de tentativas falhas de um namoro hétero. Amei. Amei de verdade alguém. Finalmente, eu pensava que era um ET, sem sentimento nenhum por ninguém, mas, conheci uma pessoa maravilhosa. Hellena Xavier, - olha esse nome - quando vi aquela menina, cabelo cacheado, todo armado, sentada no bar, pedindo uma bebida. Me arrepiei todinha, meu subconsciente falou nitidamente comigo, - cuida mulher, essa é tua chance. Meu coração bateu demais, acelerado, até pensei que ia ter um infarto ali, fiquei admirando aquela beleza surreal por alguns minutos, não tive a coragem de ir lá, a príncipio. Foi tão incrível. Sabe quando a gente ver aquela pessoa, e sabemos que vai ser muito bom conhecer aquela pessoa, que encontra sua alma gêmea, e tudo fica em câmera lenta, tipo aqueles filmes clichê, sabe? Foi desse mesmo jeito. Fiquei em completo êxtase. – falei comigo mesmo, calma!, sair, fui no banheiro, retoquei a maquaigem, como de costume, disse que não iria me "afobar", - que quando eu me "afobo" nada dar certo - . Voltei, estampei um sorriso no rosto, e voltei pra mesa, onde se encontrava meus amigos que estudavam comigo.
- "Ôta" curiosidade: só se tinha passado dois anos desde que minha turma se formou, e ja tinha 3 pessoas casadas, e 1 pessoa ja tinha filho, eu fiquei chocada, enquando eu to tentando me descobrir, outros, ja estão abrindo as pernas, mas não é pra transar não, é pra ter filho mesmo. Eu hein.
Meus amiginhos já sabiam que estava acontecendo alguma coisa, só que eu não tinha dito a ninguém, que estava me conhecendo e além do mais, os dois meninos que eu peguei estavam ali, e um deles tinha tirado minha virgindade. - tudo que eu queria era um buraco pra enterrar minha cabeça ali -, e o pessoal querendo que eu falasse, depois de muita presão, falei. Vi que a cara do menino foi de expanto, mas não sei por quê, deixei bem claro que não tinha gostado daquilo que ele chamou de transa. A cara de todo mundo foi de expanto, já era de se esperar, né. Logo eu, menina curiosa e safadinha, ninguém achava que eu me descobriria lésbica. Até meu melhor amigo Lorenzo, soltar um berro, MUITO alto.

- Dândara, todo mundo já sabia que tu é lésbica! Tu veio saber agora? Meu "gaydar" apitou a muito tempo. Você está atrasada.
Aliás, Lorenzo é gay. Diz ele que sempre soube disso. E que disse ainda que não tinha como não ser viado, porque tudo que ele mais tem nojo, é de pepeca. Por isso, ele é meu melhor amigo.

Bom, voltando pro assunto. Depois de Enzo me denúnciar pra todo mundo do bar, foi procurar por aquela rainha que estava aguardando em seu trono a sua majestosa bebida, porém ela não estava mais lá. Fiquei procurando, quase desesperada. Queria saber quem era ela, e seu nome e pegar o whatsapp e bater um papo, pra ver qual era a dela. Procurei. Meus olhares não eram disfarçado. E tudo que eu queria naquele momento era achar. E prometi, pra mim mesmo que se eu achasse aquela mulher linda, eu falaria com ela, só sairia dali, se fosse atracada no cangote dela.

Depois de muita procura, e de muitas bebidas, minha bexiga já cheia de alcool, fui urinar. Fiquei na porta, esperando, aquele alguém sair do banheiro, não aguentava mais esperar, bati na porta, pedi pra ir mais de presa. E advinha quem sai do banheiro, sim, aquela mulher, exatamente ela. Esqueci de tudo, até do meu xixi que estava dentro da minha bexiga, querendo sair, e minha uretra ja ardendo, mas, não queria saber de nada, até porquê, ela tava na minha frente, a menina que a uns vinte minutos estava lá, distante de me, estava ali, parada. Aquele rosto perfeito, sem nenhuma espinha e sem nenhuma imperfeição. LINDA. Simplesmente linda. Eu admirando aquela beleza sem igual.

- garota, dá licença! – esqueci completamente que ela precisava passar.
- opa, desculpa meu anjo. – ai que burra, pensei.
Ela soltou uma risadinha, e caramba, nunca vi uma risadinha tão linda como a dela, puts!

Depois que passou aquilo tudo lá, sair do banheiro, e fui lá, tomei coragem e fui até o encontro dela, puxar um papo. E do nada, Enzo grita!
-" VAI LÁ SAPATÃO! – Eu realmente só queria me enterrar nesse momento.
Fui me aproximando, como quem não queria nada, que simplesmente está se achegando pra pedir uma bebida e só. Ela estava lá, no mesmo banco. Na mesma postura, e linda, simplemente linda.

- uma caipinhinha, por favor!

Fiquei morta, foi ela que puxou assunto!

- Ei, foi você né, a menina lá do banheiro? – fiquei envergonhada, confesso.

- sim, foi eu, me desculpa tá... e que... – tentei disfarçar, ela me interrompeu, achei que fosse por eu ser bastante tagarela e tudo mais. Logo eu que nunca fui um exemplo de calma.

- só queria te dizer que seu perfume é bastante cheiroso.

Parei, raciocinei.

- obrigado, é Linda.

- ah, obrigado!

- não, não é você, é o perfume, mas, espera, você também – me enrolei todinha, ela novamente me interrompe. - Risos. – estou brincando contigo, eu sei que é o Linda. Calma, eu não mordo, tá!

- claro – risos – eu sabia que cê tava "tirando onda". Olha, eu te achei muito bonita, muito bonita mesmo, como é seu nome?

- Hellena Xavier, mas pode me chamar de professora Xavier – ela falou tão seria que eu pensei que realmente ela era professora, mas logo após ela se apresentar, ela começou a rir, e única coisa que eu fiz, foi rir também. ]

Depois de muito papo. E risos. Peguei o número de celular dela. A gente trocou algumas mensagens. Chamei ela pra um cinema, formos, chamei pra um churrasco, formos, levei ela em casa, ela conheceu minha mãe e minhas gatas.

Mais uma curiosidade: tenho três gatas, mel, clara e preta.

Depois de uns dias saindo, ela me levou na casa dela. Onde morava com o pai. Tárcisio.

Grave bem esse nome. Foi meu pior pesadelo.


Continua...

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⏰ Última atualização: Apr 10, 2019 ⏰

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