eclipse

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você era lua.
tão majestosa e serena no céu,
esperando que notassem sua grandiosidade.
não que você precisasse dessa aceitação de verdade.
você, por si própria, era mais confiante do que toda a galáxia junta,
misturada entre estrelas e buracos negros,
e nunca se deixava levar pelos próprios receios.

eu era sol.
que não conseguia lidar com o meu próprio calor,
e queimava, queimava, queimava.
horas a fio.
brilhando e tentando chamar atenção para que eu finalmente fosse notada.
e machucava todos ao meu redor.
inclusive você,
que toda vez que aparecia, fazia meu coração dar um nó.

mas éramos dia e noite, luz e escuridão
e mesmo sendo a fonte de energia,

eu não conseguia esconder a verdade em meu coração;
que se fosse necessário queimar-me inteira para te amar,
eu aceitaria a dolorosa pena sem nem pensar.
e por sermos polos tão opostos, tão distintos no imenso céu,
nunca poderíamos existir no mesmo espaço e tempo.
nem mesmo que meu brilho usasse um véu.

e ao ver você se apaixonando pelas estrelas
que mesmo não tendo tanta luz quanto eu, estavam lá para te amar.
as próprias pelo menos no mesmo espaço que o seu podiam ficar.
eu quis amar as nuvens,

mas vi que elas também serviam ao seu luar.
então eu cortei minhas esperanças

e me contentei ao vê-la por instantes na troca da noite e do dia,
e raramente durante os momentos de eclipse lunar.
quando finalmente eu poderia assisti-la, mesmo que de longe.
e que seu brilho tão forte, finalmente pudesse, ao meu, alimentar.

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