Proximidade

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            Andamos por apenas dez minutos até a casa de Mitsuki. Parecia espaçosa e as paredes eram brancas por fora, um pequeno jardim na frente da residência exalava cheiro de grama e terra.

Ele abriu a porta e o convite foi feito. Aceitei de prontidão e entrei sem cerimônias. O espaço interno era simples, mas confortável. Paredes claras, um sofá com estofado de couro frente a uma televisão de tela plana, uma mesinha de madeira entre os dois móveis. Na parede oposta um tipo de bancada fazia divisa com a cozinha. Okay, talvez não fosse tão simples, mas ainda assim parecia confortável.

De qualquer modo, atravessei o tapete colorido que cobria o chão e me aconcheguei no sofá, observando suas próximas ações. O albino fechou a porta e jogou a chave na mesinha à minha frente. Girou a cabeça, analisando a própria moradia e, em seguida, me encarou outra vez com um sorriso branco.

— Quer comer alguma coisa? Beber? — questionou.

Abri um sorriso debochado e involuntário. Ele chagava a pensar no que dizia ou falava por impulso?

— Acabamos de jantar — comentei rindo. — Mas aceito um copo de água ou suco se tiver.

Mitsukialargou o sorriso e se foi para a cozinha, passando por uma mesa de vidro no meio do cômodo, e abrindo a geladeira branca. De dentro dela tirou um pequeno objeto que imaginei ser uma garrafa de água. Ao retornar, pude perceber que o conteúdo não se tratava de água. O que enchia aquele copo era um líquido alaranjado.

— Espero que goste de laranja.

— Está ótimo — estendi as mãos para receber o copo que o garoto me entregava. Senti a diferença de temperatura ao tocar o vidro. — Obrigado!

Bebi apenas metade do conteúdo, oferecendo a outra metade a ele. O albino aceitou, tomou o copo de minhas mãos e bebeu o resto.O suco escorreu para sua boca e desceu pela garganta.

O som do vidro tocando a madeira era suave. Mitsuki não se deu o trabalho de voltar à cozinha, em vez disso simplesmente pousou o copo na mesa, ao lado da chave da porta.

Nenhum dos dois sabia o que fazer, ambos travados, apenas um olhando para o outro. Era difícil imaginar Mitsuki sem saber o que fazer em qualquer situação, em geral ele era tão ridicularmente sociável e esguio que irritava. Ele bem que poderia ser assim agora. "Estranho" era a palavra que mais se aproximava do sentimento ali.

— Podemos ir dormir? — perguntei, sendo o primeiro a falar alguma coisa. — Quase nem dormi hoje antes de levantar para a Academia e estou exausto.

Uma pontada de decepção passou pelo rosto dele, só durou um microssegundo antes de voltar ao sorriso forçado anterior. Se ele queria que curtíssemos a noite ou outra coisa poderíamos fazer isso amanhã quando acordássemos. Eu apenas teria de avisar minha mãe. Meu pai, nem precisava dizer, sequer iria se importar se eu dormisse em casa ou não.

Por fim ele concordou e me guiou até um quarto. O interruptor se encontrava ao lado da porta e, assim que o lugar foi banhado em luz, pude ver o grande roupeiro branco com portas de correr espelhadas frente a uma enorme cama de casal, uma escrivaninha simples com os livros da Academia sobre ela fora posicionada ao lado de uma janela.

— É aqui que vou dormir?

Mitsuki assentiu.

— Vamos ter que dividir a cama — informou. — Tudo bem por você? Ela é grande, então há espaço para nós dois.

HeartbeatWhere stories live. Discover now