Olá, garotxs verdes! ♥ Uma coisa antes de começarem a ler: Os casais estão definidos nas tags, MAS para a história rolar como quero, nem tudo vai começar assim. Boa leitura! Espero que gostem!
Quando Anne e Robin souberam que não poderiam ter um filho juntos, não houve frustração ou tristeza. Bastou que a senhora segurasse fortemente a mão de seu esposo para que se entendessem. Iriam adotar.
Essa conversa já tinha surgido quando começaram a pensar em aumentar a família. Harry, o filho de seu primeiro casamento, lhes permitiu viver a experiência da maternidade e paternidade que tanto sonharam, mas, assim como eles, sentia que havia espaço naquela casa para mais um.
O plano era terminar o processo de adoção antes que Harry completasse quatro anos de idade. Porém, descobriram o quão complicada e demorada era a justiça. Chegava a ser revoltante lidar com todas as dificuldades que lhes impunham. Viram, em suas jornadas, várias pessoas desistindo de adotar. Não o fariam. Iriam até o final. Se tinha uma coisa maior do que a frustração, era a determinação de amar o novo filho.
Anne mantinha em segredo, mas se sentia grávida desde que abrira o processo. E foi no dia 20 de novembro de 2001, que teve a benção de se sentir dando a luz novamente. O segundo bebê veio na hora certa, com toda sua fofura e quase três anos mais novo que Harry.
Naquela manhã, de anos atrás, Anne preencheu o último dia da contagem regressiva no calendário com Harry.
—Só mais um risco... -ela lembra de ter dito.
—Aqui, mamãe? -a voz fininha ainda ressoava em seus ouvido.
Era como se pudesse assistir aquela cena como um filme, bastava fechar os olhos e via a carinha sapeca de Harry, desenhando um coração ao invés de um traço, o marcador vermelho parecendo gigante em sua pequenina mão.
—Você 'tá chorando!
—É que o coração da mamãe 'tá tão feliz... Vamos buscá-lo?
—Eu vou ter um irmão!
Como gostava de reviver suas lembranças com os pequenos. Seu coração continuava tão feliz. Tão grato.
De vez enquanto, escondida, Anne sentava-se na cama de Michael. Apenas para segurar o panda de pelúcia que lhe deram de aniversário quando foram buscá-lo.
O orfanato era um dos bons, onde as crianças podiam pendurar seus desenhos onde quisessem e corriam felizes pelos corredores. As senhoras eram amorosas e faziam questão de deixar os futuros pais conhecerem o que quer que desejassem por ali.
Até mesmo Harry se divertiu quando foi lá, seus olhinhos verdes admiraram cada um dos desenhos, cada uma das crianças. Porém, nada o deixou mais empolgado do que o momento do Parabéns. Haviam tantas crianças ali, e mesmo assim foi ele quem chamou a atenção de Michael, quem ganhou um abraço apertado e contente, quem não saiu do seu lado.
E pensar que antes de chegarem ao orfanato ele teve medo do outro não querer ir para casa.
—Ele têm tantos amigos lá, por que vai querer ir pra casa com a gente, onde só tem eu?
—Porque você vai ser mais que um amigo, você vai ser o irmão dele!
20 de novembro de 2001, que dia mágico. A única lembrança ruim que Anne guardara era a de um garotinho mirrado na festinha.
O pequeno não brincou, não sorriu, não comeu. Só ficara num canto até o momento da despedida, quando correu até Michael e não o soltou por nada. Mais tarde soube que eram melhores amigos. Queria poder levá-lo, queria poder lhe dizer que tudo ficaria bem, mas sabia que a maior parte daquelas crianças cresceriam sem pais, sem família.
Lembrava-se de ter segurado o choro no carro. Tinha sido complicado convencer seu bebê a partir. Parecia tão errado tirá-lo de seu melhor amigo, que mesmo a consciência de um futuro melhor não sumia com a dor daquela separação. Até mesmo Harry choramingava no banco de trás. O menino sempre tivera muita empatia e sensibilidade, e não soube lidar com tanta tristeza e com o olhar raivoso do garotinho mirrado sobre ele.
Mesmo em meio a tudo isso, algo ainda confortava o coração da senhora. Ainda podia escutar seu pequenino sussurrando para o mais novo membro da família:
—Eu vou cuidar de você, não precisa chorar.
A noite em questão terminou com corações aquecidos e olhos marejados. Do batente da porta, Anne e Robin observaram Harry já agindo como um irmão mais velho.
Ele mostrava a Michael que seu panda de pelúcia era igual o dele, e lhe dizia que eles também são irmãos. Apontava o coração no calendário e contava como ele e seus pais faziam para aguentar esperá-lo. Os olhinhos verdes dos dois perdidos no coração feito de marcador vermelho.
Na mesma cama, como aconteceria ainda diversas vezes, os dois dormiram agarrados aos seus pandinhas. Michael chorou durante as duas primeiras semanas, mas logo se acostumou. Harry se tornou muito protetor, mais do que esperavam. Não demoraria para que fizessem boas amizades na vizinhança, brincando juntos para a felicidade do casal.
A infância dos dois foi como qualquer um poderia desejar: calma e amorosa. Porém, se Anne e Robin pudessem mudar algo no passado, não teriam os protegido tanto de tudo.
As dificuldades sempre vêm, mas talvez os meninos estivessem mais preparados para enfrentá-las se a atitude do casal tivesse sido outra.
Tiveram que amadurecer e entender que o passado não se muda. Coisas boas também aconteceram. Tinham que aceitar a vida que se foi e fazer o possível no agora, para um futuro melhor. Então decidiram que sempre que os vissem no chão os levantariam. Sempre que os vissem recomeçar, estariam logo atrás para pegá-los antes da queda, quando possível.
Uma promessa fizeram: Não os deixariam chegar naquele estado novamente. Não mais.
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Love Like a Bomb [muke]
FanfictionDois irmãos adotivos começam a descobrir seus caminhos, vontades e lutas. Juntos, Michael e Harry enfrentam a angústia e a excitação de viver numa Inglaterra musical, onde dois garotos podem salvá-los ou detoná-los no caminho ao sucesso. Aparentemen...